Poeta e editor Lawrence Ferlinghetti, último ícone da geração beat, morre aos 101

Americano foi um dos responsáveis por projetar Allen Ginsberg e a cultura beatnik no imaginário popular

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São Paulo

O poeta e editor Lawrence Ferlinghetti, fundamental para catapultar a geração beatnik como ícone cultural, morreu aos 101 anos nesta segunda-feira (22), em sua casa em San Francisco.

Ele sofria de uma doença no pulmão, segundo seu filho Lorenzo.

Além de poeta reconhecido, ele ficou famoso nos anos 1950 ao publicar "Uivo", obra de Allen Ginsberg que se rebelava contra o establishment político e artístico da época com uma literatura acusada de obscena.

lawrence ferlinghetti entre pinturas
O poeta e editor Lawrence Ferlinghetti, morto nesta segunda-feira - Brian Flaherty - 2.mar.2016/The New York Times

Ferlinghetti chegou a ser preso pela publicação da obra, num rumoroso processo judicial que reverberou pelo país e virou referência no debate sobre liberdade de expressão. A publicação do livro e a polêmica que se seguiu foram passos decisivos para incrustar a geração beat no imaginário popular.

A editora surgiu da livraria de Ferlinghetti, a City Lights, hoje endereço cativo em San Francisco e anfitriã naquela década de nomes como Ginsberg e Jack Kerouac, que ascendiam na ponta de uma nova geração literária nos Estados Unidos.

O movimento beat, uma das bases da contracultura americana, partiu de obras como "Uivo", "On the Road", obra-prima de Kerouac, e "Almoço Nu", de William S. Burroughs, para divulgar um estilo de vida de comunidades nômades, de criatividade efervescente e sem apego a bens materiais. Nesse sentido, muitos veem os beatniks como precursores dos hippies.

Mas a produção literária do próprio livreiro não foi nada desprezível, com uma carreira longa e premiada como poeta, além de trabalhos como pintor, dramaturgo e tradutor.

Sua principal obra poética, "Um Parque de Diversões da Cabeça", de 1958, foi traduzida para nove línguas e vendeu milhões de cópias. Também foram publicados no Brasil livros como "Vida sem Fim" e "Amor nos Tempos de Fúria".

Segundo entrevista que deu a um documentário, porém, Ferlinghetti não se considerava um poeta beat, preferindo colher suas inspirações em T. S. Eliot.

A editora 34 tinha no prelo, para este começo de ano, o livro "Poesia como Arte Insurgente", uma de suas obras mais recentes, de 2007.

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