Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Governo Bolsonaro exonera chefe da Funarte, coronel Lamartine Barbosa Holanda

Quinto a ocupar o cargo no órgão federal de fomento à cultura sai em meio a crise com militares

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O presidente da Funarte, a Fundação Nacional das Artes, Lamartine Barbosa Holanda, foi exonerado do cargo nesta quarta (31), como publicado em edição extra do Diário Oficial da União. Quem assina a portaria é o secretário-executivo da Casa Civil, Sérgio José Pereira.

Coronel da reserva do Exército, Holanda havia assumido o cargo em setembro do ano passado. Ele foi o quinto presidente da Funarte no governo Bolsonaro. Seu substituto ainda não foi nomeado.

A demissão se dá em meio à uma crise do governo com os militares, a maior desde 1977. Pela primeira vez na história, os três comandantes das Forças Armadas pediram demissão conjunta por discordar do presidente da República nesta terça (30).

O coronel da reserva do Exército Lamartine Barbosa Holanda, exonerado da presidência da Funarte (Fundação Nacional das Artes) - Divulgação Funarte

A Funarte tem como missão promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a difusão das artes no país, sendo responsável pelas políticas públicas federais de estímulo à atividade artística brasileira.

Depois da exoneração, o secretário de Cultura, Mario Frias, anunciou nesta quinta (1º) a "necessidade de reestruturação da Funarte" numa rede social. Segundo ele, a pasta iniciou trabalhos "para que todos tenham acesso às políticas culturais de forma clara, rápida e objetiva."

Na nota, Frias fala também em "mudanças necessárias para em busca da popularização da cultura", sem dar detalhes. A exoneração de Holanda não é mencionada.

Em entrevista por telefone, Holanda afirmou ter apresentado um relatório que aponta inconsistências na pasta da Cultura, mas que neste documento não há denúncias ou retaliações.

Segundo Holanda, ele precisou dizer não a superiores hierárquicos, "por conta de equipamentos culturais importantísismos que não podem ser colocados em parceira público-privada". Ele não quis dizer a quais chefes ou equipamentos se referia.

Holanda, contudo, se colocou contra a privatização de equipamentos culturais públicos sem a participação da Funarte, pois desta forma faltariam oportunidades para os produtores culturais pequenos acessarem a máquina pública, segundo ele.

Por fim, reafirmou o papel da Funarte, dizendo que o órgão merece ser preservado e que é o carro-chefe da cultura do Brasil, junto com a Ancine, a Agência Nacional do Cinema, e disse que fez o melhor possível pela área cultural durante a pandemia.

Além de um curso de roteiro na Escola de Cinema de São Paulo, Holanda não tinha experiência na área cultural ao assumir o cargo. Ele havia trabalhado com logística, é especialista em planejamento de ação estratégica e já presidiu a Câmara de Comércio Brasil-Albânia no Rio de Janeiro.

Antes do coronel, a presidência do órgão foi ocupada por Luciano Querido, Dante Mantovani —duas vezes— e Miguel Proença.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.