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Ouça dez músicas para conhecer Charlie Watts, baterista morto aos 80

Músico foi peça-chave de grandes composições dos Rolling Stones, com quem tocava desde 1963

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São Paulo

A originalidade do rock criado pelos Rolling Stones tem participação essencial de Charlie Watts, que morreu nesta terça-feira (24) aos 80 anos, por um problema de saúde não revelado.

Keith Richards inventou as grandes frases de guitarra, os chamados riffs, que grudam no ouvido. Aqueles celebrados acordes de “Satisfaction”ou “Jumpin’ Jack Flash”. Mas Watts foi a chave para acelerar o blues.

Se o ritmo negro americano foi influência de gerações do rock inglês, os Stones fizeram a melhor apropriação possível. Não deturparam o blues, apenas o tornaram mais rápido, inclemente, e as passagens de Watts nos tambores fizeram isso de forma genial.

Eis dez faixas dos Stones que mostram o melhor de Charlie Watts.

'Time Is on My Side'

Lançada como single em setembro de 1964, essa canção mostra exatamente o que Charlie Watts gostava de fazer antes de se enveredar pelo rock com os Stones. É um soul arrastado, com letra dramática. Jagger vai subindo o tom durante o cantar, e é justamente a bateria firme e seca de Watts que mantém a canção numa embalagem elegante.

'The Last Time'

Outro single, de fevereiro de 1965, é talvez o exemplo mais claro da aceleração do blues tradicional creditada aos Stones. Uma das primeiras canções assinadas pela dupla Jagger e Richards, era considerada pelo baterista a música mais difícil de tocar nos shows do período.

'(I Can't Get No) Satisfaction'

Ainda em 1965, a música que consagrou Jagger e Richards como compositores levados a sério no rock teve uma ajuda inegável de Charlie Watts. Entre o riff poderoso da guitarra e a letra contundente contra a sociedade de consumo, o baterista conseguiu uma batida marcial imponente, sem embolar o som.

'Under My Thumb'

Em 1966, dez anos antes da explosão dos Sex Pistols, os Stones praticamente deram um spoiler do que seria o punk rock. Nesta canção machista, de letra cafajeste, Watts deixou a sutileza de lado e surrou os tambores como se suas baquetas fossem martelos. Talvez o momento mais pesado da banda.

​'Sympathy for the Devil'

O clássico “sambão” dos Stones foi influenciado pela turbulência política e comportamental de 1968. A percussão seria fundamental para dar o clima na canção que mistura possessão demoníaca, vudu e Revolução Russa. Watts alcança um pandemônio percussivo único. Uma obra-prima.

'Street Fighting Man'

Outra do álbum “Beggars Banquet”, a melhor trilha sonora para as revoltas estudantis de 1968. Nesta música, que fala explicitamente sobre a tomada das ruas pelos jovens, Watts imprime uma batida crua, repetitiva, quase tribal, para embalar os manifestantes em marcha.

'Gimme Shelter'

Lançada no álbum “Let It Bleed”, de 1969, tem uma levada viajandona, vocal de apoio de soul com alguma psicodelia e, amarrando tudo, a bateria quase como um pulso. O peso das batidas soa hipnótico. Um dos grandes momentos percussivos da história do rock.

'Bitch'

É quase impossível separar esse rock impecável de outro hit, “Brown Sugar”. Cada uma dessas canções abre um dos lados do vinil de “Sticky Fingers”, de 1971, que é o melhor disco da carreira dos Stones. Se “Brown Sugar” ficou mais famosa, “Bitch” é mais poderosa e acelerada. É um manual de como fazer rock and roll.

'Miss You'

Depois de anos sem lançar discos impactantes e chamados de superados pelos punks, os Stones renasceram com “Some Girls” em 1978. Por ironia, álbum puxado por uma música de discoteca. A banda, em especial Watts, subverte a batida disco em "Miss You", trançando guitarra e percussão num som irresistível.

'Start Me Up'

A música que abre o último álbum relevante dos Stones, “Tattoo You”, de 1981, é uma combinação irretocável de sua química roqueira, essa conversa entre riff de guitarra e batida de bateria. É uma canção “quebrada”, em que o som vem em jorros fortes. O canto de cisne da banda. E de Watts.

Em tempo, vale observar que Charlie Watts não toca nas gravações originais de dois hinos da banda. Em “You Can’t Always Get What You Want”, o pouco de bateria ali foi tocado pelo produtor Jimmy Miller. Já em “It’s Only Rock ’n’ Roll (But I Like It)”, o baterista é Kenney Jones, que na época tocava no Faces com Ronnie Wood. Ele participou de uma descompromissada sessão de estúdio com o amigo Mick Jagger, que já trabalhava a canção, e gravou a bateria incluída na edição final.

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