Artistas seguem na penúria e com mais informais, mas setor criativo se recupera

Entre trabalhadores especializados no segmento cultural, houve queda de 21% de postos de trabalho em comparação com 2019

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Belo Horizonte

Mesmo após o avanço da vacinação e de políticas de auxílio emergencial, o setor cultural brasileiro segue em crise e observou uma queda de 21% no número de postos de trabalho em comparação com 2019. Compõem esse grupo pessoas especializadas nas áreas de teatro, artes visuais, cinema, música, fotografia, rádio e TV, artesanato e museus e patrimônio.

Apesar disso, se analisados separadamente, dois segmentos —artes cênicas e artes visuais— tiveram um crescimento de 13% no número de postos de trabalho em comparação com 2020. ​

Já a economia criativa como um todo, que, além de artistas, também engloba profissionais como designers, publicitários e trabalhadores de apoio, se recuperou e está agora próximo do cenário pré-pandemia.

A economia criativa criou 590 mil postos de trabalho no segundo trimestre deste ano, segundo o Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, feito a a partir de dados da Pnad Contínua.

Ao final de junho deste ano, o Brasil contava com 6,8 milhões de trabalhadores em atividade no setor criativo. No ano passado, eram 6,2 milhões. Antes da pandemia, no segundo trimestre de 2019, eram 6,9 milhões de pessoas trabalhando na economia criativa no país.

As atividades que mais criaram novos postos de trabalho, em comparação com o segundo trimestre do ano passado, foram gastronomia (43%), moda (30%), tecnologia da informação (23%) e arquitetura (21%). Já os segmentos que mais perderam postos foram os de museus e patrimônio (-18%) e cinema, música, fotografia e rádio e TV (-14%).

Estão dentro desse grupo analisado desde porteiros de teatros a administradores de cinema a artistas e designers. A categoria economia criativa engloba trabalhadores de atividades artesanais, teatro, artes visuais, cinema, música, fotografia, rádio e TV e museus, especializados ou não, além de trabalhadores de publicidade, arquitetura, moda, design, tecnologia da informação e editorial.

O número de trabalhadores informais na economia —sem carteira assinada e sem CNPJ— identificados pelo painel cresceu 19% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2021, são 2,6 milhões trabalhando sem registo formal na economia criativa, contra 2,2 milhões no ano passado. Já os postos de trabalho formais cresceram 4% no mesmo período.

O setor criativo brasileiro terminou o ano passado perdendo 458 mil postos de trabalho, formais e informais, em comparação com o último trimestre de 2019. Mas o quadro poderia ter sido pior. Isso porque, só no primeiro semestre, 870 mil empregos haviam sido ceifados da cultura. Ou seja, houve uma recuperação de 412 mil empregos, ainda que o cenário continue desfavorável.

Paralelamente, a lentidão na Lei Rouanet, farol para produtores culturais e para o mercado, chegou ao seu pico. Entre janeiro e agosto, a secretaria analisou 45% menos propostas em comparação a período semelhante do ano passado. A queda mais acentuada ocorreu no último trimestre, quando 131 análises foram realizadas, uma baixa de 78,5% ante o trimestre anterior. Dessa forma, uma proposta leva em média cinco meses para ser aprovada, três meses a mais do que no ano passado —uma lentidão inédita dentro da própria gestão Bolsonaro.

Os projetos culturais que pleiteiam o fomento estão centralizados nas mãos do secretário de Fomento, André Porciuncula, um ex-policial militar que, mesmo sem experiência no setor cultural, segura sozinho a caneta que dá a aprovação final aos pedidos feitos à Rouanet. Ele está nesse papel desde que a Cnic, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, foi dissolvida durante a gestão Mario Frias.

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