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Cao Hamburger

Mamberti realizou sua utopia como Dr. Victor em 'Castelo Rá-Tim-Bum'

Talvez não seja por acaso que o ator tenha nos deixado quando vilões reais tentam todos os dias minar as instituições

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Cao Hamburger

Diretor e co-criador do Castelo Rá-Tim-Bum

Doutor Victor foi o primeiro personagem do programa "Castelo Rá-Tim-Bum" a ser criado. Todo o resto veio ao seu redor, para habitar o seu castelo. E Sérgio Mamberti foi o primeiro ator convidado para integrar o elenco do programa.

Lembro a primeira conversa que tivemos e da importância desse encontro. Mais do que o aval de um ator já consagrado, o entusiasmo com que ele abraçou o projeto foi fundamental para todos nós da equipe, muito jovens na época.

crianças conversam com homem idoso ao centro
(Da esq. para dir.) Os atores Luciano Amaral, Sérgio Mamberti, Cassio Scapin, Freddy Allan e Cinthya Rachel em gravação da série infantil 'Castelo Rá-Tim-Bum' da TV Cultura - Marisa Cauduro/Cedoc/FPA/Divulgação

Já no primeiro ensaio, Serginho me mostrou o que tinha pensado para interpretar a personagem. “Um pouco comédia dell’arte, um pouco chanchada.” Vi, ri e me rendi. Era totalmente diferente do que eu havia pensado, mas era surpreendente e original. O carinho com que o personagem é tratado até hoje prova a sensibilidade do Sérgio como ator.

Depois que o conheci melhor, entendi por que sua identificação com a personagem foi tão forte. Não é sempre que isso acontece, mas o Sérgio Mamberti artista, homem da cultura e cidadão político tem muito em comum com Victor Stradivarius, bruxo, cientista, amante da arte e do conhecimento. Talvez Doutor Victor seja, com seu castelo iluminista, a realização da utopia que Sérgio sempre sonhou e pela qual trabalhou durante toda a vida.

Não por acaso, o programa "Castelo Rá-Tim-Bum" nasceu no início dos anos 1990. Eram os primeiros anos de redemocratização depois da longa ditadura militar que sufocou o país por mais de 20 anos.

Talvez não seja por eventualidade que Serginho tenha nos deixado nesse momento terrível em que vilões reais, muito mais perversos do que o pateta doutor Abobrinha, tentam todos os dias minar as instituições, acabar com direitos conquistados, discriminar grupos étnicos, religiosos e de gênero, destruir a educação e a saúde publicas, queimar o meio ambiente, a arte e a cultura.

Querem a todo custo derrubar o castelo da nossa democracia. Não vamos deixar, Serginho. Raios e trovões!

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