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O Maluquinho de hoje quer a mesma coisa que o de ontem, ser feliz, diz Ziraldo, aos 88

Para o cartunista, as crianças não mudaram, o que mudou foi o ambiente em volta delas

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Conselheiro Lafaiete (MG)

Próximo de completar 89 anos, o cartunista Ziraldo é uma das maiores referências no país quando o assunto é literatura infantil. Nascido em Minas Gerais, na cidade de Caratinga, ele é o criador de histórias que estão marcadas na memória de muitos brasileiros, como “O Menino Maluquinho” e “A Turma do Pererê”.

Recentemente, Ziraldo foi convidado para criar o cartaz da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O evento acontecerá em formato híbrido, a partir do dia 21 de outubro.

Publicado em 1980, o livro “O Menino Maluquinho” rendeu a ele o Jabuti de literatura infantil e foi adaptado diversas vezes para o cinema, o teatro e a televisão.

Neste ano, após “O Menino Maluquinho” completar 40 anos, a editora Melhoramentos lançou os livros “Os Meninos Maluquinhos” e “As Meninas Maluquinhas”. Cada um deles traz oito contos, escritos por autores e autoras da nova geração da literatura infantojuvenil.

“Tivemos a ideia de convidar vários autores, de diferentes backgrounds, de diferentes históricos, para contar a sua versão do menino maluquinho. Se eles fossem criar um menino maluquinho hoje, como que ele seria?”, diz Fábio Yabu, organizador e ilustrador dos livros.

Segundo Ziraldo, trazer novos autores para interagir com o personagem é uma forma de trazer contemporaneidade para a história. Além disso, é uma oportunidade de apresentar a obra a uma nova geração de leitores.

O cartunista Ziraldo aparece com as mãos levantadas, a foto mostra um close de seu rosto
RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 27.10.2017: O escritor e cartunista Ziraldo Alves Pinto, 88, durante entrevista exclusiva à Folha, no Rio de Janeiro (RJ), em outubro de 2017 - Ricardo Borges/Folhapress

Estamos perto do Dia das Crianças. O senhor pode dar dicas de como ser uma criança offline, quando o WhatsApp e as redes sociais caem ou quando não é possível sair de casa, por causa da pandemia? Na pandemia, milhares de meninos maluquinhos estão presos em casa. Podem estar lendo ou não. Mas toda criança tem uma imaginação enorme, inventa coisas incríveis com uma rapidez fantástica para encher a cabeça. Em especial as crianças na faixa dos oito anos, idade do Menino Maluquinho – acho que elas são as veias do mundo.

Os tablets, os youtubers infantojuvenis e os jogos eletrônicos roubaram de vez a atenção das crianças? O que fazer para fazer com que voltem a ler livros? A tecnologia é só um elemento. Se o escritor criar uma história interessante, que deixe as crianças presas, curiosas, elas podem até entender ou não, mas vão amar. Apesar de as crianças de hoje serem muito tecnológicas, acredito que os livros sempre serão importantes, têm um valor único para cada momento e época da vida.

A editora Melhoramentos lançou 'Os Meninos Maluquinhos' e 'As Meninas Maluquinhas', com contos de novos autores. O que acha desse outro olhar para as histórias? Os maluquinhos de hoje são diferentes e diversos, mas querem a mesma coisa dos de antigamente –ser felizes. Convidar uma nova geração de autores para interagir com o Menino Maluquinho traz mais contemporaneidade para o personagem. Desse movimento, virão novas leituras do nosso icônico personagem.

Qual a importância de trazer a diversidade e as diferentes realidades para as histórias infantis? Há muitos anos eu disse em entrevista que queria fazer um livro do Menino Maluquinho interativo, em que a criança pudesse brincar, completar o desenho, pintar. Hoje isso é uma realidade que me deixa muito feliz. Não importa o meio, se a história for interessante, as crianças vão amar, ficar presas, conversar sobre ela. Se o escritor conseguir isso, ele acertou.

O senhor acompanhou a infância no Brasil ao longo de algumas décadas. Qual aspecto chamou mais a sua atenção e em qual período? O coração das crianças não mudou, elas sofrem e são felizes da mesma maneira. Só o que muda é o entorno. Antigamente elas queriam soltar papagaio e hoje querem voar de asa delta. Em vez de rodar pião, elas jogam no computador.

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