Silvia Machete transforma clima de cabaré de 'Rhonda' em novo disco de remixes

Cantora deixa de lado ares carnavalescos de trabalhos anteriores e agora aposta na introspecção

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São Paulo

No show registrado em DVD de seu disco "Extravaganza", álbum lançado em 2010, Silvia Machete saiu dos jardins do parque Ibirapuera e entrou no palco do auditório onde se apresentava vestida de moita, só com as pernas à mostra, numa espécie de extravagância tropical brasileira.

O álbum que projetou a cantora carioca, com o qual ela ganhou o prêmio de melhor show pela APCA, a Associação Paulista de Críticos de Arte, tinha influências do burlesco e do teatro de rua, escolas de sua formação artística —e uma sonoridade que pode ser associada ao movimento da nova MPB da década passada.

Corta para dez anos mais tarde. Recém-saída do Rio de Janeiro e instalada em São Paulo, em busca de um agito cultural que a capital fluminense não tinha mais, Machete passou por um momento mais introspectivo. Foi nesse estado de espírito que, em janeiro de 2019, começou a compor e gravar "Rhonda", seu quarto disco de inéditas, lançado durante a pandemia e que ganha agora uma versão com remixes, "Rhonda Revisite".

"É tão bom poder mudar. Se um ator está sempre fazendo o mesmo papel, deve ser muito difícil. E eu estava a fim de um novo personagem. Eu trabalho muito com ficção, mesmo", ela afirma, comentando o clima noturno, preto e branco, de bar de jazz de "Rhonda".

Todas cantadas em inglês, as 11 faixas do disco deixam de lado o clima festivo de seus álbuns anteriores para apostar em músicas que poderiam ser ouvidas à meia-luz, com um copo de uísque na mão, a exemplo de "Forget to Forget" e "With No One Else Around".

Machete atribui essa sonoridade minimalista ao fato de "Rhonda" ter sido gravado ao vivo no estúdio, inclusive seus vocais, muitos dos quais na primeira tentativa. Contribuíram também para o som à moda antiga uma playlist de músicas dos anos 1960 e 1970 que ela dividia com o amigo e produtor Alberto Continentino —que incluía, por exemplo, a cantora de jazz norueguesa Karin Krog e o compositor americano Eugene McDaniels, do mesmo estilo musical. A identidade das faixas, unidas por um clima próprio da primeira à última, é do produtor Dudinha, responsável pela mixagem.

Quem conhece a cantora apenas neste disco introspectivo se surpreende ao saber que, quando era mais jovem, ela tinha uma vida nômade e muito extrovertida. Machete viajou anos por países da Europa com um ex-namorado acrobata. A dupla fazia apresentações de teatro de rua, em turnês que duravam de maio a setembro.

O desafio dessa vida, que ela escolheu ao ver um artista de rua em Paris quando era pequena, era "agradar ao cara que está indo buscar o filho, ao cara que está indo para o trabalho, num momento em que a pessoa não está preparada para ver um show". É desse passado que veio o espírito carnavalesco de seus shows anteriores, nos quais fazia performances com bambolê e trapézio.

Já o novo disco de remixes de "Rhonda" tem as mesmas faixas do trabalho original, porém em ordem diferente e em climas variados. Há, por exemplo, uma versão trip hop de "Forget to Forget" feita pelo produtor Kassin, e "Great Mistake", pelas mãos de Rafael Montorfano e Marcelo Cabral, tem o som do piano proeminente na mixagem. O álbum "é um experimento", ela brinca.

Rhonda

  • Onde nas plataformas de streaming
  • Autor Silvia Machete
  • Gravadora Biscoito Fino

Rhonda Revisite

  • Quando a partir de sexta (10)
  • Onde nas plataformas de streaming
  • Autor Silvia Machete
  • Gravadora Biscoito Fino
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