Bienal de São Paulo é a que mais tem mulheres artistas e curadoras, aponta estudo

Relatório da Unesco aponta sub-representação feminina no setor de games e entre DJs

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São Paulo

Há uma falta de dados sobre a presença de mulheres no setor cultural globalmente, mas, do que se sabe, as mulheres são sub-representadas em cargos de liderança, têm menos acesso a financiamento público e seu trabalho é menos visto e reconhecido do que o dos homens. Isso apesar de elas formarem 48,1% da força de trabalho no setor criativo e de entretenimento.

A constatação está na terceira edição do relatório "Re|Shaping Policies for Creativity", ou reformando políticas para a criatividade, produzido por pesquisadores da Unesco e divulgado nesta terça-feira. A Unesco é o braço da Organização das Nações Unidas para educação, ciência e cultura, e o estudo, publicado a cada quatro anos, registra os avanços e dificuldades do setor criativo em 150 países mais a União Europeia.

Em 2017, só 30% das posições de liderança em conselhos de cultura ou em instituições federais de arte eram lideradas por mulheres, cifra que aumentou para 40% em 2020. "Alcançar a igualdade de gênero nos setores culturais e criativos significa aceitar que há uma necessidade inquestionável de reconhecer e remediar a diferença de oportunidades associada ao gênero. Em outras palavras, é preciso exercer justiça", diz no relatório Yalitza Aparicio Martínez, atriz e embaixadora da Unesco para os povos indígenas.

O estudo destaca o setor de artes visuais como um dos responsáveis pelo avanço na integração das mulheres nos últimos anos. Nas 20 maiores bienais que ocorreram entre 2018 e 2020, a Bienal de São Paulo foi a que teve a maior proporção de artistas e curadoras mulheres —61% do total—, seguida da de Istambul —55%. A de Veneza, a mais antiga do mundo, aparece em quinto lugar, com 49%, e a Documenta de Kassel está na 13ª posição.

Outra área que tem desempenhado importante papel na busca pela equidade de gênero é a indústria do cinema e do audiovisual, que lidera a implementação de iniciativas públicas ou da sociedade civil para a representatividade das mulheres, segundo o relatório. Apesar disso, apenas cerca de um terço —33%— dos prêmios para as principais categorias de filmes de 60 grandes festivais de cinema em todo o mundo foram concedidos a artistas e produtoras em 2019.

A representação feminina também é baixa em prêmios nacionais de arte —32%—, como DJs —25%— e no setor de games, com cerca de 30% globalmente. De modo geral, o relatório sugere que sejam adotadas políticas públicas para incentivar a participação de mulheres no setor cultural, assim como metas para aumentar a proporção de mulheres em cargos de chefia. Também reconhece a influência positiva do movimento MeToo no avanço da equidade de gênero nos setores criativos.

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