Movimento #MeToo gera 417 acusações de assédio em empresas, diz consultoria

Caso Harvey Weinstein é apontado como principal fator para o aumento de acusações contra executivos

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Participantes do movimento #MeToo durante manifestação em Los Angeles
Participantes do movimento #MeToo durante manifestação em Los Angeles - Damian Dovarganes/Associated Press
Nova York

O movimento #MeToo (#EuTambem, no Brasil) gerou 417 acusações de assédio sexual ou conduta indevida contra executivos e funcionários de empresas dos Estados Unidos, mostra levantamento realizado pela consultoria Temin and Company, de Nova York.

Os dados foram coletados a partir de notícias publicadas desde dezembro de 2015, quando teve início o julgamento do comediante Bill Cosby por acusações de assédio sexual.

Para ser incluído na base de dados, o caso tinha que aparecer pelo menos sete vezes na mídia.
“Queríamos saber se o gatilho para as acusações tinha sido Bill Cosby ou, mais recentemente, Harvey Weinstein”, diz Davia Temin, presidente da Temin and Company.

Weinstein é um produtor de filmes que, em outubro de 2017, foi acusado de assédio e abuso sexual por celebridades como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Cara Delevigne.

Temin identificou o caso de Weinstein como o principal fator que levou ao aumento de acusações contra executivos e funcionários. Segundo ela, entre dezembro de 2015 e outubro de 2017, foram identificadas 38 queixas do tipo, dentro do normal, na comparação com o passado.

Desde então, o número saltou para as atuais 417. “Foi muito significativo, tivemos uma força de trabalho focada nesse levantamento como nunca antes. Os casos foram aparecendo de maneira crescente”, afirma.

Do total de 417, pelo menos 190 executivos e funcionários foram demitidos ou forçados a pedir demissão por causa das acusações.

Temin diz que esse dado mostra que as empresas estão menos dispostas a desculpar comportamentos abusivos. Por isso, mais executivos e funcionários estão sendo demitidos, apesar de o número de acusações agora ter entrado em uma espécie de estabilidade.

“As empresas não querem mais empurrar esses casos para baixo do tapete, não querem mais deixar os abusadores dentro de seus quadros”, diz.

Existem ainda 153 pessoas que estão em uma espécie de limbo, aguardando o resultado das investigações internas. “É um número elevado. Algumas empresas não sabem exatamente o que fazer. Alguns casos são claramente para demissão, outros não”, diz.

Na falta de ação, muitos retornam aos quadros de funcionários. Em alguns casos, a empresa espera isso acontecer para, depois, demitir discretamente essas pessoas, segundo Temin.

Outros 68 casos foram desqualificados porque não foi possível provar as acusações, diz a executiva.
Em alguns episódios, a relação foi descrita como consensual. Mas Temin questiona essa definição.

“Alguns alegam que, mesmo que seja consensual, se há uma relação de poder entre chefe e funcionário, talvez não seja plenamente consensual”, afirma a executiva.

Na semana passada, o ex-presidente da Intel Brian Krzanich renunciou ao cargo após revelar que teve um relacionamento consensual com uma funcionária, o que contraria as regras da empresa.

Para ela, o resultado obtido até agora é apenas a ponta do iceberg. “Isso acontece desde a época das cavernas e só agora as pessoas estão reagindo”, afirma. 

“As histórias são maravilhosas, mas são só parte disso. A melhor maneira de continuar com essas mudanças é combinar dados com histórias, o que ajuda a colocá-las em contexto”.

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