Coleção Folha Grandes Pintores estreia com análise da obra de Van Gogh

'A Cor em Seu Auge' esmiúça telas que representam intimidade dos interiores rurais, além das cenas da vida ao ar livre

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Em 1889, Vincent Van Gogh escreve em uma carta a seu irmão Theo: "Dizem –e eu acredito– que é difícil conhecer a si mesmo. Mas também não é fácil pintar a si mesmo".

Agora, "A Cor em Seu Auge", primeiro volume da Coleção Folha Grandes Pintores –que estará nas bancas a partir de 15 de maio–, apresenta a trajetória do pintor holandês por meio da análise de suas criações, entre elas, autorretratos nos quais Van Gogh se observa sem complacência e em busca de uma semelhança que possa ser mais profunda do que a própria fotografia.

Capa do 1º volume da Coleção Folha Grandes Pintores, 'Van Gogh: A Cor em seu Auge'
Capa do 1º volume da Coleção Folha Grandes Pintores, 'Van Gogh: A Cor em seu Auge' - Divulgação

Nos mais de 40 autorretratos pintados ou desenhados por ele, vê-se também a mudança de uma paleta escura, inscrita na tradição dos mestres holandeses do século 17, como Rembrandt, para representações nas quais o claro-escuro deixa de existir, dando lugar a pinceladas que transmitem emoções e sentimentos por meio da cor.

Postas em paralelo, as obras "Autorretrato com Cachimbo" (1886) e "Autorretrato com Chapéu de Palha" (1887) mostram o contraste entre o período em que Van Gogh se inscreve na Academia da Antuérpia, de 1885 a 1886, onde se revolta com o sistema rígido de ensino, e o momento em que se muda para Paris e entra para a vanguarda artística, frequentando os círculos dos impressionistas e neoimpressionistas, e a loja do velho Tanguy, comerciante de tintas que abastecia os pintores sem recursos financeiros.

O filantropo, que posou para Van Gogh diversas vezes, foi uma entre tantas figuras anônimas que supriram a falta de modelos disponíveis ao pintor. Foram camponeses e camponesas, senhorios e proprietários de cafés, homens e mulheres que surgiam ao acaso, além de colegas de profissão, como Eugène Boch e Paul Gauguin.

Com Gauguin, inclusive, o pintor criou o "Ateliê do Sul", em Arles, onde os dois se juntaram para pintar durante dois meses. O encontro termina em uma violenta discussão e no episódio em que Van Gogh corta sua orelha, mas marca um período de experimentação, no qual Gauguin o incentiva a retratar cenas a partir da memória.

Neste volume da coleção, a alegoria entre esses dois artistas de temperamentos tão distintos é demonstrada a partir das pinturas "A Cadeira de Van Gogh" e "A Poltrona de Gauguin", ambas de 1888 —enquanto a primeira representa o dia (uma cadeira amarela em cima de ladrilhos vermelhos), a segunda recorre a uma atmosfera noturna (a poltrona vermelha e verde com parede e assoalho das mesmas cores).

"A Cor em seu Auge" também esmiúça as telas que representam a intimidade dos interiores rurais e oficinas de artesãos, além das cenas da vida ao ar livre, no registro das ruas de Paris e seus arredores. A análise de cada uma das obras é complementada por observações do próprio artista em cartas endereçadas a Theo –mais de seiscentas telas foram citadas nesses documentos.

"Se eu chegar a viver bastante, ficarei parecido com o velho Tanguy", diz Van Gogh em uma delas. Ele, que decidiu se tornar pintor apenas aos 27 anos, teve sua vida interrompida dez anos mais tarde durante uma caminhada na qual foi atingido por um tiro –o episódio permanece ainda hoje controverso, com teorias que vão do suicídio ao disparo acidental feito por dois jovens que o artista conhecia.

Além de Van Gogh, a Coleção Folha Grandes Pintores reúne outros 29 nomes essenciais da história da pintura –cada publicação conta 80 páginas e cerca de 50 obras.

COLEÇÃO GRANDES PINTORES
Coleção Folha Grandes Pintores - Divulgação

Assim, a apresentação do pintor holandês à da mineira Maria Auxiliadora da Silva, passando por Caravaggio, Leonardo da Vinci, Berthe Morisot e Tarsila do Amaral, acontece por meio de uma leitura essencialmente estética, na qual a biografia de cada é contada a partir de sua produção artística.

Em "Uma Sensação de Luz", segundo volume da coleção, por exemplo, a relação de Monet com Camille Doncieux, com quem se casou em 1870, é narrada para elucidar as telas "Senhora de Vestido Verde" (1866), na qual a modelo é retratada arrastando um longo vestido, e "A Japonesa", onde posa com um quimono vermelho e peruca loura –aqui, uma indicação da paixão do pintor pelas estampas ukiyo-e, desenvolvidas no Japão entre os séculos 17 e 20.

Capa do 2º volume da Coleção Folha Grandes Pintores, 'Monet: Uma Sensação de Luz'
Capa do 2º volume da Coleção Folha Grandes Pintores, 'Monet: Uma Sensação de Luz' - Divulgação

Já às idas de Degas ao Louvre, antes de se tornar copista, são abordadas por meio da apresentação das versões que realizou das telas "O Calvário" e "A Crucificação", ambas de Andrea Mantegna. O artista, que chegou a declarar que "é preciso copiar e recopiar os mestres" antes de "pintar um rabanete a partir da natureza", trabalhou nas salas dos museus tendo como referência Michelangelo, Carpaccio e Fra Angelico. Sua obra é tema do oitavo volume da coleção, intitulado "A Arte do Movimento".

Com um novo lançamento a cada domingo, as 30 edições buscam cobrir os principais períodos da história da arte, passando tanto pela perspectiva dos renascentistas e maneiristas, como dos barrocos, realistas, impressionistas e pós-impressionistas.

Os movimentos de vanguarda, como o expressionismo, o simbolismo, o surrealismo e o abstracionismo, também marcam presença. A coleção completa sai no valor de R$ 687 e os lotes avulsos (com seis volumes) podem ser adquiridos por R$ 134,70.

COMO COMPRAR

Site da coleção

Telefone: (11) 3224-3090 (Grande São Paulo) e 0800 775 8080 (outras localidades)

Frete grátis SP, RJ, MG e PR (na compra da coleção completa)

Nas bancas por R$ 22,90 o volume

Coleção completa: R$ 687; lote avulso (com seis volumes): R$ 134,70

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