Descrição de chapéu Virada Cultural

Virada Cultural explora trabalhadores, afirma o padre Julio Lancellotti

Moradores de rua ganham R$ 60 por 12 horas de jornada, sem equipamento de proteção, diz; prefeitura nega irregularidades

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São Paulo

O padre Julio Lancellotti acusa a Prefeitura de São Paulo de exploração e desprezo aos pobres na Virada Cultural, que começa neste sábado. Segundo uma série de postagens em sua conta no Instagram nos últimos dias, a organização da Virada Cultural recruta pessoas em situação de rua para a montagem de estruturas do evento, para as quais paga R$ 60 por 12 horas de trabalho.

Durante a jornada, os trabalhadores ganhariam apenas uma marmita e não teriam nenhum tipo de equipamento de proteção, o que seria necessário para evitar machucados, dado que a montagem é de estruturas duras, ou seja, ferros e metais. Lancellotti postou um vídeo com depoimentos de dois carregadores descrevendo a situação.

O padre Julio Lancellotti na Casa de Oração do Povo de Rua, na região da Luz, em São Paulo
O padre Julio Lancellotti na Casa de Oração do Povo de Rua, na região da Luz, em São Paulo - Jardiel Carvalho/Folhapress

"É bom que tenha trabalho para pessoas em situação de rua, desde que tenha EPI, desde que tenha um valor correto e que haja recolhimento de Previdência", afirma o padre, em conversa por telefone com a reportagem. Segundo ele, os carregadores são recrutados por empresas terceirizadas em centros de acolhida, antigamente chamados de albergue.

A SPTuris, responsável pela montagem e infraestrutura da Virada, afirma por meio de nota que "não interfere na remuneração oferecida na relação das empresas contratadas para realização dos serviços com seus funcionários".

"O contrato com as terceirizadas, firmado após licitação, estabelece que sejam cumpridas todas as normas trabalhistas e de segurança das pessoas envolvidas", completa.

Diz ainda que fiscaliza o cumprimento do contrato "para garantir que as empresas atuem dentro da legalidade e, até o momento, não identificou nenhum desvio durante o processo".

Uma dessas empresas, de acordo com Lancellotti, se chama RN Carregadores. A reportagem entrou em contato por telefone, mas o funcionário que atendeu a ligação afirmou que a RN nunca trabalhou para a Virada Cultural. A prefeitura não confirmou os nomes das terceirizadas nem se a RN seria uma delas.

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