Coleção Folha traz o trabalho de Munch sobre a angústia e o sofrimento

'A Expressão da Alma' mostra como expressionismo e impressionismo coincidem na trajetória do artista

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São Paulo

"Não serão mais pintados interiores com pessoas que leem e mulheres que tricotam. Serão pintadas pessoas que estão vivas, respirando e sentindo, sofrendo e amando", declara Munch em trecho do sexto volume da Coleção Folha Grandes Pintores, "A Expressão da Alma".

As obras apresentadas nesta edição ressaltam como o artista, que decidiu se dedicar à pintura aos 17 anos, trabalhou a angústia e o sofrimento. A morte de sua irmã mais velha, Sophie, de tuberculose, por exemplo, assombrou Munch por toda sua vida e aparece em peças como "A Criança Doente" (1896), considerada sua primeira tela com tendência expressionista.

Embora o expressionismo se afirme no decorrer de sua trajetória, a Coleção também mostra como o impressionismo coincide com os primeiros anos de sua produção, dando destaque a pinturas que revelam um resquício do impressionismo à norueguesa, com maior ênfase para o azul e em detalhes apenas esboçados.

É o caso de "Manhã" (1884), onde o interior está tão claro quanto o exterior ensolarado, e "Rua Lafayette" (1891), quase uma reprodução da cena de "Um Balcão" (1880), de Gustave Caillebotte.

capa de livro
Capa do sexto volume da Coleção Folha Grandes Pintores, 'Munch: A Expressão da Alma' - Divulgação

Já na análise de "A Videira Virgem Vermelha" (1898-1900), fica evidente como o artista trabalhou a antropomorfização dos prédios, transformando fachadas em aparições vivas. Nesta tela, a casa parece coberta de sangue, insinuando a angústia do poeta e dramaturgo Stanislaw Przybyszewski, modelo frequente do pintor, representando no quadro com o rosto pálido e esverdeado.

As influências de Munch estão em diversas pinturas. "Mesa de Roleta em Monte Carlo" (1892) é uma referência ao romance "O Jogador", de Dostoiévski. Já em "Autorretrato, o Sonâmbulo" (1923-1924), Munch se apresenta como John Gabriel Borkman, personagem da peça homônima do dramaturgo Henrik Ibsen, e na tela "Nietzsche" (1906) seu filósofo favorito é retratado um pouco como Zaratustra, espécie de eremita que vive nas montanhas.

A ideia de um eterno retorno, formulada pelo filósofo, também serve como base para entender a forma como Munch retrabalhava suas obras. De "Grito", uma das pinturas mundialmente mais conhecidas, o artista realizou pelo menos 50 versões. Na primeira delas, o personagem que grita teria sido inspirado em uma múmia chachapoya, do Peru, que faz parte do acervo do Museu de Etnografia do Trocadéro, em Paris.

A quantidade de autorretratos realizada pelo pintor também é volumosa. Calcula-se que existam pelo menos 70 óleos e 20 gravuras, além de 100 aquarelas, desenhos e estudos. Entre eles, há desde um autorretrato de 1882, único exemplo realista, até telas de inclinação expressionista, como "Autorretrato no Inferno" (1903), no qual Munch se levanta nu em meio às chamas, e "Autorretrato com Garrafa de Vinho" (1906), que traz o pintor trancado num recinto abafado, com mesas que lembram caixões e garçons vestidos como coveiros.

O artista, morto em 1944, deixou todo seu legado para o município de Oslo: cerca de 1.150 pinturas, 17.800 gravuras e 4.500 desenhos e aquarelas, além de 13 esculturas, notas, textos e poemas.

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