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Beyoncé: De 'B'Day' a 'Lemonade', saiba qual o melhor disco da cantora

Às vésperas do lançamento de 'Renaissance', seu novo disco, oito críticos elegem o melhor álbum da diva do pop

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Nova York | The New York Times

Fala-se muito sobre as "eras" das estrelas pop hoje, mas o termo é empregado como um recurso de marketing, sem significado mais profundo. Raros são os artistas capazes de sustentar visões múltiplas e de se recriarem repetidamente.

Mas momentos culturais e sociais diferentes exigiram diferentes Beyoncés, e ela sempre respondeu à altura. Houve ocasiões em que se afirmou como uma verdadeira fábrica de sucessos, dominando as paradas e o rádio. Em outras, ela se postou como uma força cultural sísmica, cujo impacto se fez sentir em campos muito maiores do que a música.

Nesta sexta-feira (29), Beyoncé lança oficialmente seu sétimo álbum solo de estúdio, "Renaissance" —nas redes sociais, fãs têm compartilhado faixas vazadas que acreditam pertencer ao novo disco. Abaixo, oito críticos do New York Times escolhem aquele que veem como o álbum definitivo da cantora até o momento, aquele que revelaria mais verdades sobre o escopo e a forma da carreira de Beyoncé.


'B’Day' (2006)

O segundo álbum solo de Beyoncé começa pela faixa "Déjà Vu", e a primeira palavra que a ouvimos cantar é "bass", o instrumento baixo, acompanhada por um grave borbulhante e delicioso. Logo depois, ela canta "chimbau", e surge uma levada fervilhante na bateria. Mas não sei quem é o baterista, porque o som do instrumento não parece o de uma bateria normal. Na faixa, o som parece arrastado, como o ato de pular corda usando duas cordas ao mesmo tempo.

O ritmo da primeira metade do álbum funciona assim: duas faixas mais lentas e de batida complicada, e uma rápida. "B’Day" saiu em 2006, no final do verão americano. E a coisa toda –com exceção de duas das três baladas finais– vem umedecida pelo néctar de um hidrante aberto na rua em um dia de calor intenso.

Beyoncé em foto promocional do álbum "B'Day", de 2006
Beyoncé em foto promocional do álbum 'B'Day', de 2006 - Reprodução

"Déjà Vu" puxa "Get Me Bodied", que salta para "Suga Mama" e depois "Upgrade U" e "Ring the Alarm", que conduz a "Kitty Kat", "Freakum Dress" e "Green Light". Salas diferentes na noite das solteiras da maior casa noturna de Stankonia. O disco desliza, o disco faz panca. É um álbum que culmina na nona de suas 12 eficientes faixas. Estou falando de "Irreplaceable", a "Wanted Dead or Alive" das baladas ao estilo "Better Call Tyrone".

"B’Day" não tem a audácia da personalidade dividida que domina "Sasha Fierce" ou a idiossincrasia de "4", o primeiro álbum do trio de obras-primas da cantora e um trabalho que parece dizer "danem-se as paradas". É uma sucessão de faixas fortes sobre a luxúria e suas insatisfações, sobre como dominar uma boate entrando no recinto com o andar de Naomi Campbell.

O canto de Beyoncé ainda não tinha passado pela puberdade de se inspirar em Etta James. E, sim, as duas participações de Jay-Z parecem mais uma fórmula reproduzida do que uma parceria iniciada. E eu lá sei o motivo para ela ter sido fotografada para a capa de um jeito que evoca Brigitte Bardot se Bardot tivesse perdido o último trem para Stepford? Não, de fato não sei.

O que o disco tem de essencial, no entanto, é a determinação da cantora de torná-lo algo mais do que o disco novo de uma cantora pop. São os ângulos de Beyoncé para que os sintetizadores e as baterias eletrônicas se divirtam com os metais. A percussão latina e o uso de uma flauta nai (mencionada nos créditos). Ela chega perto de recorrer à violência e faz gracinhas ("pat-pat-pat your weave, ladies").

Lembro de ouvir essas canções pela primeira vez e de me sentir tão sedutor e envolvente quanto a música. E também lembro de rir. Com respeito. Porque, afinal, ela deu ao disco o nome "B’Day" [uma contração da palavra inglesa para aniversário], como uma estrela que sabe que nasceu.

Wesley Morris


'I Am … Sasha Fierce' (2008)

Antes do terceiro disco solo de Beyoncé, ela era a cantora mais conhecida de um grupo feminino. Era mestra das cadências nas quais o R&B do começo do século 21 encontrava o hip-hop. Era uma praticante capacitada da arte da balada, da citação aos estilos do passado, do chamado às pistas de dança. Mas em "I Am … Sasha Fierce", Beyoncé se tornou algo mais: ela se tornou uma personagem.

Música: a cantora americana Beyoncé em foto da capa de seu álbum 'I Am... Sasha Fierce' - Divulgação

Sasha Fierce era o nome de um alter ego criado pela cantora ao longo dos anos, "sempre que tenho de me apresentar", como ela contou a Oprah Winfrey em 2008. Era um nome para sua personalidade de palco: a destemida e ousada rainha pop em suas roupas colantes, e não a pudica entrevistada sentada no sofá da entrevistadora para discutir sinceramente o seu trabalho –algo que Beyoncé deixaria de fazer quando a ferocidade deixou de ser só uma persona de palco e se transformou em sua imagem pública dominante.

Beyoncé tomando o controle de como sua música é lançada, comandando um exército de garotas em uma terra arrasada apocalíptica, liderando um esquadrão de dançarinas no show de intervalo do Super Bowl, transformando um festival de música em um evento solo, redefinindo sua relação com o marido em um álbum que eles gravaram juntos, controlando sua imagem no Instagram —tudo isso deriva de ela ter absorvido Sasha Fierce.

A música do álbum vinha dividida ao meio: oito baladas nas quais Beyoncé exibia vocais elegantes e virtuosismo e oito faixas dançantes interpretadas com um rugido raivoso. A chegada de Sasha Fierce foi cimentada em "Single Ladies (Put a Ring on It)", a canção que a tornou a porta-voz definitiva dos rejeitados.

A dinâmica de gênero dominava as faixas mais interessantes do disco, entre as quais "If I Were a Boy", na qual a cantora imaginava a liberdade de que desfrutaria se tivesse direito ao poder casual da masculinidade, e "Diva", na qual ela redefiniu um arquétipo feminino por meio de uma figura urbana e masculinizada.

Mas o ponto de inflexão real do disco talvez tenha sido "Video Phone", uma faixa de dança quase atonal que Beyoncé relançou em forma de um remix com participação de Lady Gaga, na época a estrela pop mais aventurosa. Beyoncé retribuiu o favor gravando uma participação em "Telephone", na qual ela pôde ser gloriosa e espantosamente esquisita. Nos últimos anos, aliás, as duas praticamente trocaram de lugar em suas carreiras: Gaga se tornou a tradicionalista, e Beyoncé, a exploradora.

Caryn Ganz


'4' (2011)

Até mesmo Beyoncé precisou recuar um pouco e recuperar o equilíbrio antes de voltar a explodir. Entre a empáfia complementar de "I Am … Sasha Fierce" e "Beyoncé", e depois de romper com seu pai e empresário e de passar por uma espécie de hiato em sua carreira, ela lançou o relativamente contido "4", o primeiro disco criado pela nova empresa de entretenimento da cantora, Parkwood.

Beyoncé escolheu, naquele momento de renovação e de escolha de um novo caminho, se envolver no calor do soul e R&B tradicional, o que diz muito a seu respeito, e o resultado se tornou visível na força de seu desempenho vocal, que está entre os melhores de sua carreira apesar do acervo inconsistente de baladas do disco.

Abrir a lista original de faixas com "1+1", talvez a mais franca exibição de suas emoções, na época parecia ser um esforço para demonstrar seriedade. Ao contrário do que costuma acontecer quando estrelas pop tentam provar que não são frívolas, no caso de Beyoncé, a tentativa deu certo.

Ainda que "4" seja o disco menos bem-sucedido comercialmente entre os álbuns solo da cantora, ele parece ter servido como um ponto de inflexão, o momento em que ela começou a ser percebida como autora com "A" maiúsculo, eterna e quase sempre intocável. Um esforço bem conduzido de produzir um trabalho enxuto pode muito bem ter esse efeito.

Mas "4" também traz alguns dos singles mais populares da carreira de Beyoncé, como "Love on Top", "Countdown", "Party", e a melhor faixa bônus de sua carreira, "Schoolin’ Life", produzida e composta pela dupla The-Dream e Tricky Stewart, colaboradores constantes nas diversas eras da carreira da cantora que estão em sua melhor forma naquele trabalho.

(Até mesmo o principal single do disco, "Run the World (Girls)", que não se encaixa assim tão bem no repertório e originalmente foi enxertado no final da lista de faixas, serve para oferecer o melhor vislumbre do que viria no álbum seguinte da cantora.)

Um disco que é pura Beyoncé, de produção enxuta e com apenas 12 faixas oficiais, mas repleto das coisas que a cantora faz melhor, "4" é um "amuse-bouche" cuja função original talvez fosse só a de limpar o palato, mas que termina se provando mais saboroso do que a maioria das refeições.

Joe Coscarelli


'Beyoncé' (2013)

Quando o quinto disco de um músico leva seu nome como título, pode ser que isso sinalize um truque de marketing vazio, ou ainda só carência de boas ideias. Mas "Beyoncé" marcou a transformação completa da cantora na estrela que conhecemos desde então: uma artista cuja mídia real é a fama, que não pode ser limitada a nenhum formato e que dobra o mundo à sua vontade.

À meia-noite de 13 de dezembro de 2013, Beyoncé foi ao Instagram e escreveu uma mensagem em que dizia "surpresa". E no mesmo momento as 14 canções e 17 vídeos do álbum foram postas à venda na iTunes.

O lançamento clandestino –adotado na época, ao menos em parte, como estratégia contra vazamentos– foi o que mais capturou a imaginação do público. Mas, em retrospecto, o disco serve como um manifesto mais amplo sobre a posição de Beyoncé como artista e como ser humano.

Tudo gira em torno de abrigar multidões, e de estar linda enquanto o faz. Canções como "Flawless" e "Pretty Hurts", que traz o verso "iluminamos o que existe de pior", posicionavam Beyoncé como um paradoxo, tão perfeita quanto imperfeita, uma divindade que ainda assim tem algo de acessível.

Mas "Beyoncé" também marcou o momento em que a música por si só passou a parecer insuficiente para ela. O verdadeiro projeto de Beyoncé envolvia uma tela maior, centrada em sua imagem e em sua potência como celebridade de mídia do século 21. Os vídeos de música que eram parte do "álbum visual" original –e que hoje pode ser visto melhor como uma "playlist" do YouTube– eram essenciais para a história que ela estava tentando contar.

A narrativa envolve discussão sobre o significado do feminismo (mas com espaço para "lap dancing"), monogamia e identidade negra; o vídeo de "Superpower" chega a incluir uma cena de protesto ao estilo de Black Lives Matter, em que Beyoncé usa um uniforme camuflado e meias arrastão.

Acima de tudo, porém, a história reforça a majestade de Beyoncé, e a música passa a ser apenas uma das joias de sua coroa.

Ben Sisario


'Lemonade' (2016)

Em "Lemonade", Beyoncé une uma mensagem de solidariedade a um apelo angustiado. O segundo dos álbuns visuais da cantora, "Lemonade" recorreu a uma produção musical e cinematográfica suntuosa a fim de expandir uma história individual –a fúria de uma mulher traída pelo marido– e transformá-la em reconhecimento de muitas formas de injustiça, pessoal e histórica, que as mulheres, e especialmente as mulheres negras, sofrem.

As canções se sustentam facilmente sozinhas ao misturarem elementos experimentais e uma noção espacial misteriosa a estruturas sólidas do pop. Beyoncé tanto recorreu a um grande número de colaboradores quanto usou samples de muitos gêneros e épocas: Kendrick Lamar, The Weeknd, James Blake, os Yeah Yeah Yeahs, Led Zeppelin, Animal Collective.

Em "Hurt Yourself", ela protesta com gritos roucos e permite que sua voz revele lágrimas de desespero, mas em seguida encontra uma solução pessoal, em "Sandcastles". Beyoncé se refere às suas origens no Texas e à música country em "Daddy Lessons", recorre à música eletrônica em "Sorry", e recria o espírito de união de uma fanfarra colegial em "Freedom".

As letras do disco são uma continuidade do percurso de autodeterminação que Beyoncé demonstrou por toda a carreira, mas também acolhem dor e incompreensão. Ouvido como um todo, "Lemonade" criava uma narrativa sobre a fratura, a separação e a surpreendente e maravilhosa reconciliação de um casal, com um posfácio, "Formation", que posicionava a cantora para o sucesso, como líder de um movimento.

O álbum visual multiplicou o potencial das canções. Beyoncé recitou poemas de Warshan Shire que retratavam as dores das mulheres não só como individuais, mas como arquetípicas. Mostrou imagens de mulheres de todas as idades e de várias eras –em trajes de escravas, usando pinturas faciais africanas, em roupas de alta-costura e em trajes de rua– e de mães verdadeiras lamentando seus filhos que foram mortos pela polícia. Na tela, Beyoncé estava cantando não só por si, mas por todas elas.

Jon Pareles


'Lemonade' (2016)

Sei exatamente onde estava quando "Lemonade" saiu: em casa, lamentando a morte de Prince e ouvindo tanto as partes mais obscuras quanto as mais conhecidas de sua obra. E aí surgiu o disco mais pessoal de Beyoncé, como uma oferenda aos seus ouvintes e aos seus ancestrais, um presente sobrenatural que combinava histórias, geografias e gêneros para ajudar todos nós a encontrar a cura.

Ela aparece primeiro em um palco, e depois em campo aberto, usando um moletom com capuz. Recorrendo à atormentada balada "Pray You Catch Me" como trilha, ela assume na tela o lugar de Trayvon Martin, assassinado tragicamente na Flórida.

E, à medida que a história do álbum se desenrola, a insistência em não permitir a vitória do esquecimento é reforçada por participações de Sybrina Fulton, a mãe de Martin; Gwen Carr, a mãe de Eric Carr; e Lezley McSpadden-Head, a mãe de Michael Brown, todas segurando fotos de seus filhos mortos muito antes da hora.

Era isso que estava em jogo no disco —"Lemonade" não era só sobre uma mulher traída, ainda que isso certamente estivesse presente, mas uma obra de combate, feita para pessoas cujas vidas pareciam não importar. Portanto, sim, é justo dizer que esse é o álbum mais engajado, mas também o mais importante, de Beyoncé.

Ela já vinha experimentando há algum tempo com o vídeo. "Beyoncé", seu disco de 2013, era uma mistura de estilos, personas e declarações. Mas em "Lemonade", ela mostrou seu lado mais livre —distante dos olhos de seu pai, do olhar de seu marido— e surgiu em companhia de outras meninas e mulheres negras, nas quais encontrou conforto e salvação. Como se isso não bastasse, Beyoncé ainda estava acertando contas e quebrando coisas com um bastão.

Assistir ao seu trabalho por uma hora era embarcar em uma jornada épica; ouvi-la era testemunhar a visão dela sobre o cancioneiro americano. Seu avanço rápido do reggae ("Hold Up") ao rock ("Don’t Hurt Yourself"), do country ("Daddy Lessons") ao hip-hop ("Formation"), entremeado por muito soul e R&B ("Freedom"), era testemunho não só de sua habilidade mas de seu depoimento sobre o poder de inovação da música negra americana e como ela responde pelo "popular" da música pop. Naquele final de semana de abril de 2016, Beyoncé não só nos ofertou seu gênio: ela também comoveu um país.

Salamishah Tillet


'Homecoming: The Live Album' (2019)

Não é lá muito controverso definir a brilhante apresentação de Beyoncé no Coachella —ou melhor, Beychella— de 2018 como um dos pontos altos indisputáveis de sua carreira. Por que, então, o álbum ao vivo "Homecoming", de 2019, continua a ser tão subestimado?

Mesmo desconsiderado o visual deslumbrante, se avaliado exclusivamente como um documento sonoro, o disco imaculadamente gravado merece ser mencionado em companhias de clássicos das gravações ao vivo, como "Live at Leeds", do The Who, "Live at the Harlem Square Club", de Sam Cooke, e "Stop Making Sense", do Talking Heads.

Durante quase duas horas, "Homecoming" se torna algo mais do que um suvenir da experiência impressionante atlética de um show de Beyoncé. O disco também funciona muito bem musicalmente, um medley de 40 canções integradas por arranjos inteligentes que encontram climas e "grooves" aparentados dentro do extenso catálogo da cantora —graças em parte à presença unificadora de uma fanfarra e de uma bateria que lembram as das escolas e universidades negras tradicionais— , e serve como argumento para definir a discografia de Beyoncé não como uma coleção díspar de eras e estéticas, mas como um vasto contínuo que contém momentos de música pop que estão entre os mais avançados do século.

Uma interpretação militante e dominadora de "Sorry" desliza com facilidade para a sinuosa "Me, Myself and I"; "Don’t Hurt Yourself" é emendada a uma versão transcendente de sua predecessora espiritual, "I Care" (caso Beyoncé ainda precisasse lembrar a alguém que ela já criava canções de fossa devastadoras muito antes de "Lemonade"); até mesmo sua participação no remix de "Mi Gente", de J. Balvin, em 2017, faz referência a um dos hits passados da cantora, "Baby Boy", no qual ela dividia microfone com Sean Paul, sutilmente unindo os pontos de décadas diferentes do pop sobre as quais ela reinou.

Quando Beyoncé —acompanhada por 100 mil espectadores frenéticos— chega ao pináculo do disco, uma combinação extasiada de "Get Me Bodied" e "Single Ladies", é difícil sentir qualquer outra coisa que não admiração pelo escopo daquilo que ela realizou.

Lindsay Zoladz


Destiny’s Child, 'The Writing’s on the Wall' (1999)

Estou trapaceando um pouco nesse caso, mas por favor ouçam meu argumento. Antes do lançamento de "The Writing’s on the Wall", em 1999, o Destiny’s Child era um grupo feminino promissor de R&B, com raízes fortes no gospel. O álbum de estreia do grupo, de 1998, era bom, em alguns momentos muito bom, mas não tinha surpresas.

A mudança em "The Writing’s on the Wall" é palpável. O disco é altamente lúdico, e a produção e os arranjos correm riscos —"beats" aquáticos, detalhes excêntricos, harmonias vocais fortes. Para avançar o som do grupo, Beyoncé e suas companheiras optaram por trabalhar com autores progressistas do soul e da música pop, entre os quais Missy Elliott, Kevin (She’kspere) Briggs, Kandi Burruss e Rodney (Darkchild) Jerkins, todos eles no auge da forma naquele momento.

"Bills, Bills, Bills" é estonteantemente complexa, "Jumpin’, Jumpin’" é futurista e forte, e o desempenho vocal de Beyoncé no final de "Bug a Boo" é uma injeção da glória tradicional da música negra na moda do presente.

Os colaboradores escolhidos para o álbum usaram o Destiny’s Child como molde para desenvolver um pop avançado, embasado no soul experimental, e Beyoncé parece ter prestado muita atenção. Ao longo de sua carreira solo, ela sempre se saiu muito bem ao incorporar compositores e produtores vanguardistas à sua visão, demonstrando uma compreensão sobrenatural do modo como gestos inesperados podem aprofundar, e não desviar, a visão de um artista. A influência dessa lição se estende por toda a discografia solo da cantora: "Upgrade U", "Run the World (Girls)", "Partition", "Get Me Bodied" e muito, muito mais.

Jon Caramanica

Tradução de Paulo Migliacci

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