Descrição de chapéu Livros Bienal do Livro

Bienal do Livro de SP tem um dos maiores públicos em primeira feira pós-pandemia

Evento literário recebeu 660 mil pessoas em nove dias, próximo dos 663 mil visitantes registrados em dez dias em 2018

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São Paulo

Depois de uma pausa de quatro anos, em parte por causa da pandemia de Covid-19, a Bienal do Livro voltou a São Paulo com um saldo positivo. A 26ª edição do evento, encerrado neste domingo superou as expectativas de vendas e de público.

Ao todo, 660 mil pessoas passaram pelo Expo Center Norte, na zona norte da capital paulista, ao longo de nove dias. A última edição, em 2018, teve um dia a mais e recebeu 663 mil visitantes no Pavilhão do Anhembi.

Desta vez, os visitantes gastaram 40% a mais com livros do que no ano passado —em média, sete livros foram adquiridos por pessoa. As editoras apontam um aumento nas vendas e no faturamento desta edição, em comparação com a última. Muitas delas tiveram seu melhor desempenho da história nas bienais do livro.

Movimento no último dia da Bienal do Livro no Expo Center Norte, em São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

A Rocco, casa de Thalita Rebouças e J.K. Rowling, fechou as vendas com o seu melhor resultado na Bienal do Livro, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro —a editora deve encerrar com 185% de faturamento acima da última edição.

Nos cinco primeiros dias, a Rocco já tinha superado os números de 2018. Lideraram as compras "Rádio Silêncio", de Alice Oseman, uma das autoras que virou sensação no evento depois que seus livros deram origem a "Heartstopper", sensação da Netflix, "Mulheres que Correm com os Lobos", de Clarissa Pinkola Estés, e o box da saga "Harry Potter".

A Intrínseca também teve seu melhor desempenho desde que começou a participar das bienais do livro. Segundo a editora, houve um aumento de 150% no faturamento e 45% na quantidade de livros vendidos —foram 58 mil títulos comercializados— em comparação com a última edição.

Entre eles, a procura foi maior por livros de "true crime", como "Morus Operandi", e de suspense. Obras que fizeram sucesso no TikTok também ajudaram a impulsionar a venda no estande, casos de "Os Dois Morrem no Final", de Adam Silvera, e "Amor e Gelato", de Jenna Evans Welch, que ganhou uma adaptação recente da Netflix.

A HarperCollins Brasil vendeu 253% mais livros nesta edição. Os resultados da Todavia, em sua segunda participação no evento, também foram acima do esperado. No balanço final, 5.000 livros foram vendidos —à frente da lista estava "Torto Arado", de Itamar Vieira Junior, seguido de outro título do escritor e colunista deste jornal, "Doramar ou a Odisseia".

Casa de autores nacionais, como Manuel Bandeira e Cecília Meireles, a Global teve o dobro de vendas em relação à última edição. Lideraram a procura títulos do poeta Sergio Vaz, que participou de debate no evento.

No estande das Edições Sesc, o aumento foi de 40% nas vendas em relação à última edição. As editoras Girassol e Callis, especializadas em livros infantis, também cresceram 40% em relação à edição anterior.

Os números surpreenderam o setor e indicam uma demanda represada por esse tipo de evento, por causa da pandemia. No saldo final, os altos números também representaram maiores filas dentro e fora do pavilhão —para comprar livros, participar de debates, comer e ir ao banheiro.

Os corredores permaneceram cheios de gente em todos os dias do evento, sendo inevitável esbarrar em alguém ou se ver apertado em meio a outras pessoas. Por todos os cantos do pavilhão, era possível ver pessoas sentadas no chão.

Com as medidas restritivas do coronavírus relaxadas, não havia distanciamento no local e boa parte dos visitantes estava sem máscara. As aglomerações se concentraram, principalmente, nos estandes de editoras populares, como Rocco, Intrínseca, Harper Collins e Record.

Pensando nas redes sociais, tanto os estandes maiores quanto os menores se renderam a espaços instagramáveis para atrair o público, que posavam em espaços decorados.

Movimento do penúltimo dia da Bienal do Livro no Expo Center Norte, em São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

Filas se formavam para tirar fotos num cenário com personagens de "Harry Potter", por exemplo, na proa de um barco montado em referência à trama "Morte no Nilo", ou até mesmo "dentro" da capa de "Torto Arado". Outros espaços pouco tinham a ver com as obras –havia um corredor cheio de luzes néon, um palco com microfone e globo espelhado e um bondinho de Portugal.

O retorno da Bienal do Livro também marca uma edição que investiu ainda mais na literatura pop e em nomes que bombaram em redes sociais como o TikTok, de olho no público mais jovem.

Atraíram legião de fãs autores como Jenna Evans Welch, Alice Oseman, Elena Armas e Colleen Hoover, por exemplo. Outros nomes que estavam entre as grandes estrelas eram Xuxa, Mauricio de Sousa, Pedro Bandeira , Thalita Rebouças e Lázaro Ramos.

Em meio às celebrações do bicentenário da independência do Brasil, que se comemora neste ano, Portugal foi o país escolhido como o homenageado desta 26ª edição.

Participaram do evento 21 escritores do país europeu, como Valter Hugo Mãe, Matilde Campilho, Gonçalo M. Tavares ​e Ricardo Araújo Pereira, colunista deste jornal. Eles se juntaram a brasileiros como Conceição Evaristo, Ailton Krenak, Laurentino Gomes e Jeferson Tenório.

A edição também foi marcada por manifestações políticas por alguns convidados e pelos visitantes, que usavam adesivos distribuídos fora do pavilhão com mensagens de "fora, Bolsonaro" e "mais livros, menos armas".

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto afirmou, erroneamente, que a Bienal do Livro de São Paulo bateu recorde de público ao reunir 660 mil visitantes ao longo dos últimos nove dias. O recorde, desconsiderando a duração do evento, que varia ano a ano, foi batido em 2016, quando o evento atraiu 684 mil fãs, segundo os organizadores. O texto foi corrigido.

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