Colecionador gasta quase R$ 1 milhão em obras de arte em 2022, mostra levantamento

Estudo da Art Basel aponta ainda crescimento no número de feiras de arte na América do Sul e diminuição na Europa

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São Paulo

As transações de obras de arte seguem crescendo no pós-pandemia, a presença de artistas mulheres nas coleções aumentou um pouco, os colecionadores continuam investindo em NFTs —seguindo uma tendência que já havia se delineado no último ano— e a América do Sul tem mais feiras de arte.

Estes são os resultados da nova edição da pesquisa do mercado de arte global feita pelo banco suíço UBS em parceria com a economista cultural Clare McAndrew e com a feira Art Basel, divulgada nesta quinta-feira.

De modo geral, o estudo, publicado duas vezes por ano, mede quanto gastam e quão otimistas estão 2.700 colecionadores de alto poder aquisitivo em 11 países, dentre os quais Brasil, Itália, Estados Unidos e China. Também faz um raio-x das coleções.

Obra da artista Lenora de Barros; artistas mulheres crescem aos poucos nas coleções - Divulgaçao/Pinacoteca de São Paulo

Entre o início de janeiro e o final de junho deste ano, cada colecionador gastou em média US$ 180 mil, cerca de R$ 925 mil, cifra maior do que a de todo o ano passado —US$ 164 mil dólares, ou R$ 843 mil — e de 2019, antes da pandemia —US$ 100 mil, ou R$ 514 mil.

Isso se reflete no fato de que um em cada cinco colecionadores está comprando obras de arte com valor superior a US$ 1 milhão, ou R$ 5,1 milhões, porcentagem superior aos 12% de colecionadores que gastavam essa quantia no ano passado.

"Embora o mercado global de arte não seja imune às incertezas sociopolíticas e econômicas em curso, a pesquisa demonstra que os colecionadores mantêm uma visão positiva do mercado e pretendem gastar mais em arte", afirma Marc Spiegler, que acaba de deixar o cargo de diretor global da feira Art Basel.

Além disso, o comércio internacional vem se recuperando. As importações de arte e antiguidades aumentaram 41% de 2020 para 2021, e as exportações aumentaram 38%, de acordo com números do primeiro semestre deste ano.

A pesquisa também mostra que, em se tratando de gênero, a proporção de obras de artistas mulheres em coleções está aumentando nos últimos anos, embora ainda não seja igual à de homens. Neste ano, a proporção é de 58% de trabalhos de artistas do sexo masculino e 42% do sexo feminino —o estudo não considera artistas não binários ou quando não é possível determinar um gênero, como no caso de coletivos.

Não é surpresa que pintura, escultura e objetos em papel, os suportes clássicos, continuem dominando as coleções, compondo 49% dos acervos, mas chama a atenção que 15% é arte digital, 9% dos quais associados a NFTs, suporte que teve uma explosão desde que começou a se popularizar e atingir valores recordes em leilões, há cerca de dois anos.

Curiosamente, o Brasil é o país onde os colecionadores mais têm interesse em NFTs, aponta a pesquisa, com 65% deles planejando comprar algum trabalho no formato nos próximos meses; em seguida vem a Itália —61%— e Taiwan —57%.

Outro dado relativo ao Brasil é o crescimento no número de feiras de arte —só em São Paulo foram quatro, este ano. Juntos, o Brasil, o Paraguai e a Argentina puxaram para cima a quantidade de eventos do tipo na América Latina, enquanto mercados mais desenvolvidos perderam. Os Estados Unidos tiveram 12 feiras a menos em 2022 em relação a 2019, e a Europa, sete.

Os colecionadores hoje estão mais seletivos ao participar de eventos de arte, mas mesmo assim ver arte pessoalmente ainda é muito importante para a maioria deles, afirma Spiegler, ex-diretor da Art Basel. "No entanto, a compra online cresceu em certos segmentos e circunstâncias do mercado, estabilizando em vez de reduzir a onda digital catalisada pela pandemia."

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