REP Festival teve cobras, ambulantes chutando sapos, lamaçal e cancelamento

Chuva cancelou maior evento de rap do país, que virou lamaçal, onde até uma cobra foi avistada pela multidão enfurecida

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Vailma dos Santos
Rio de Janeiro

As chuvas deste sábado, no Rio de Janeiro, transformaram o REP Festival, maior evento de rap do país, num imenso lamaçal. Os shows, que aconteceram numa fazenda em Guaratiba, zona oeste da cidade, atrasaram ou foram cancelados. Imundas, as pessoas xingavam a organização do evento, chegando a avistar cobras e pererecas em meio à lama.

Lamaçal transforma REP Festival em caos
Lamaçal transforma REP Festival em caos - Reprodução

Em suas apresentações, artistas como Djonga ou MC Maneirinho repetiam a todo momento que estavam lá por respeito ao público. Já Borges MC preferiu xingar diretamente os organizadores. Racionais MC's, Matuê, Teto e WIU cancelaram as apresentações, sem que o público fosse informado de suas ausências.

Na manhã deste domingo, o REP Festival informou, em nota nas redes sociais, o cancelamentos de todos os shows previstos para o dia. Entre as atrações programadas, estavam shows de Emicida, Gloria Groove e Ludmilla.

"Devido aos danos causados à estrutura do evento pelas fortes chuvas que acometeram o Rio de Janeiro nos últimos dois dias, o segundo dia do festival será cancelado. A decisão da organização se dá pensando na segurança e na mobilidade do público, dos artistas e da equipe técnica e operacional. O público que comprou o ingresso para o segundo dia de festival será devidamente ressarcido. O contato deverá ser feito pela plataforma Ingresse", diz a nota.

Com o sinal de internet fraco, as pessoas descobriram, durante a noite, os cancelamentos dos shows pela repercussão que tomava as redes sociais. Todos os shows atrasaram, com intervalos de quase uma hora. Impaciente, a plateia engrossava o coro de xingamentos à organização do festival.

Devido aos cancelamentos, o público não sabia qual atração sucederia a outra. Por consequência, os shows que começavam passaram a não corresponder aos horários anunciados. Mesmo com as dificuldades, os artistas conseguiram fazer boas apresentações.

Principalmente, MC Poze do Rodo, que entrou no palco às 5h30 deste domingo, desfilando os sucessos "Frio e Calculista", "Essência de Cria" e "Me Sinto Abençoado". Também nas primeiras horas da manhã, o rapper Orochi entrou em cena, entoando "Sereia", do seu último disco "Vida Cara", "Hino dos Mlks" e "Amor de Fim de Noite".

No meio da noite, a multidão avistou uma cobra no meio do lamaçal, o que ocasionou uma correria. Algumas pessoas quase foram pisoteadas. Muitas passaram mal, sem acesso a alimentação. Não era permitido entrar com comida no local dos shows, e os quiosques que vendiam lanches tinham filas imensas.

"Qual foi? Ah, o pessoal está reclamando que tem uma cobra ali no meio deles", disse MC Cabelinho durante sua apresentação. "Eu estou fazendo o que eu posso, tá? Depois vocês cobram do responsável do evento." A apresentação de MC Cabelinho foi um tanto prejudicada pela falta de estrutura do evento.

Com a chuva forte, o rapper preferiu não ir até a passarela, onde poderia ficar mais próximo do público, que acabou tendo uma visão pouco nítida do que ocorria no palco. Cabelinho dizia a todo momento estar fazendo o seu melhor. Durante a apresentação, ele cantou seus principais hits, como "Fogo e Gasolina" e "Né Segredo".

No escuro, se ouvia a indignação de algumas pessoas que pagaram mais de R$ 700 por um ingresso. Um certo pânico tomou conta do ambiente, com a desorganização e a falta de informações. Quem passava mal era levado para contêineres montados na propriedade.

Vendedores de bebida posicionados no meio do público chutavam pererecas, na tentativa de espantar os animais que pulavam nas pernas das pessoas. Sem estrutura adequada, a organização do evento cobria os aparelhos de som com capas de chuva. Os dois telões ao lado do palco pifaram, dificultando a visão do público. MC Maneirinho tomou choques do microfone e cantou sem o retorno durante a apresentação.

Na volta para a casa, mais confusão. Sem sinal de internet para pedir o serviço de carros por aplicativo, as pessoas, todas sujas de lama, marcharam a pé pela avenida que dava acesso ao local do evento.

Na tarde de domingo, a página Biodiversidade Brasileira, no Twitter, identificou as espécies de cobra que compareceram ao festival. Ao todo, eram duas, um filhote de jiboia e outra, uma cobra d'água.

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