O Big Brother Brasil 23 terminou na noite desta terça-feira exibindo uma final apática. Amanda Meirelles venceu a maior bolada já dada pela Globo para um vencedor de BBB sem ter sido relevante para o jogo. Aliás, não só ela como também as outras finalistas estão entre as participantes mais entediantes do programa –plantas, para usar o jargão do reality.
O BBB vem perdendo a graça por causa da histeria de fãs que elegem uma pessoa como favorita não importa o que ela faça ou deixe de fazer. Foi o que aconteceu com Arthur Aguiar no ano passado e agora se repete com Amanda.
Mesmo tendo uma presença medíocre no reality, muito aquém das jogadas espertas de Fred Nicácio ou de Ricardo Alface, por exemplo, Amanda chegou ao pódio sem nunca ter passado aperto num paredão.
Dizem os fãs da médica que ela merece ser defendida com unhas e dentes porque é fácil se identificar com seu jeito inseguro e atrapalhado. Agem como se isso fosse motivo bom o suficiente para premiá-la com R$ 2,88 milhões e o prestígio de um vencedor.
A chegada de Aline Wirley e Bruna Griphao à final do programa também acende um alerta. É difícil lembrar de um momento memorável da ex-Rouge, que passou boa parte do tempo perdida zanzando entre os dois grupos da casa. Griphao, por sua vez, vai sair do reality com fama de barraqueira depois de tanta baixaria que protagonizou.
Não é de hoje que o amor cego dos fãs tem estragado o BBB. Uma das poucas tramas instigantes no BBB 22, outra edição fracassada, era a briga sem pé nem cabeça entre Jade Picon e Arthur Aguiar. O problema é que influenciadora foi eliminada cedo demais porque irritou os admiradores do ator, que veio a se tornar campeão numa final quase tão esquecível quanto a da nova edição.
Antes disso, em 2021, os aficionados por Juliette Freire se mobilizaram para eliminar Gil do Vigor, um dos melhores jogadores de toda a história do programa, só porque os dois haviam tido um conflito pontual semanas antes.
Aliás, os fãs de Juliette acumularam tanto poder de fogo que até hoje conseguem decidir o resultado de um paredão. Eles se reuniram para eliminar Paula Freitas na edição deste ano depois que ela insinuou que a paraibana se fez de coitadinha para vencer o programa. É prova que não dá para competir com esse tipo de torcida organizada. Mas problemas do BBB 23 vão além.
A edição sofreu com um elenco chato, repleto de plantas. Gabriel Tavares e MC Guimê, que pareciam estar dispostos a jogar de verdade, saíram de lá cedo, com razão. Tavares saiu em um paredão, muito pela forma agressiva como ele se relacionava com mulheres da casa, e Guimê foi expulso, acusado de importunação sexual. Mesmo Fred Nicácio, o médico que conquistou o público, voltou ao jogo apagado quando venceu uma repescagem.
Uma boa forma de impedir que plantas como Amanda e Aline alcancem o pódio é aderir ao voto para ficar, em vez do voto que elimina, como A Fazenda já faz. Assim, só permanece no jogo quem é querido pelo público em geral, não quem é escolhido pelas facções de fãs mais poderosas.
É o caso da carismática Domitila Barros, que tinha tudo para vencer esta edição. Ela sobreviveu a seis paredões e parecia prestes a agarrar o prêmio, mas perdeu na reta final porque os admiradores de Amanda e de sua colega Larissa se uniram para eliminá-la.
Os recordes negativos de audiência do BBB 23 devem ser o suficiente para a Globo reformular o programa no ano que vem. Não adianta criar dinâmicas absurdas para formar paredões imprevisíveis se o resto do formato continua engessado.
Convidar celebridades já não parece novidade como era nas últimas três edições. Aliás, este é outro grave problema do BBB 23. Quase ninguém ali era famoso de verdade. Até A Fazenda, da Record, tem conseguido nomes mais quentes.
É sinal vermelho para o BBB 24.
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