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Autores processam Record e dizem que foram demitidos por não serem evangélicos

OUTRO LADO: Emissora diz ser contra intolerância religiosa e que vai à Justiça para se defender das acusações

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São Paulo

A Record está sendo processada sob a acusação de ter demitido ao menos dois roteiristas por eles não serem evangélicos, religião do bispo Edir Macedo, proprietário da emissora e líder da igreja Universal do Reino de Deus.

Em nota enviada à Folha, a emissora diz que é contra qualquer forma de intolerância, inclusive a religiosa, e que tomará providências judiciais contra as acusações.

Juliano Laham no papel de José na novela 'Gênesis', cujo autor processa a Record por intolerância religiosa
Juliano Laham no papel de José na novela 'Gênesis', cujo autor processa a Record por intolerância religiosa - Blad Meneghel/Divulgação

Camilo Pellegrini, que escreveu a novela "Gênesis", é um dos autores que estão processando a emissora por intolerância religiosa. Consta no processo que ele foi demitido em 2021 após ter feito uma publicação nas redes sociais divulgando um curso sobre religiões com matriz africana ministrado por um amigo.

A ação diz que, um dia após a publicação, Pellegrini recebeu uma ligação de Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo e líder do núcleo de dramaturgia da emissora. No telefonema, ela teria dito que ele não escreveria mais a novela "Reis", para a qual ele já havia sido escalado.

"Em seu lugar entrou Raphaela Castro, amiga íntima de Cristiane Cardoso e evangélica alinhada aos preceitos da Igreja Universal", diz a ação. "É notório o interesse de a reclamada manter em seu quadro de funcionários apenas profissionais ligados à religião protestante e o reclamante foi dispensado porque não se converteu à religião evangélica."

A Folha tentou agendar uma entrevista com Cardoso, mas não recebeu uma resposta até a publicação desta reportagem.

A roteirista Paula Richard, de "Os Dez Mandamentos", também está processando a empresa com a alegação de ter sido demitida por intolerância religiosa. Ela também acusa a Record de desrespeitar leis trabalhistas, o que Pellegrino também faz.

Consta no processo que o roteirista era contratado como pessoa jurídica, mas matinha uma rotina semelhante à de profissionais que trabalham em regime de CLT, com a obrigação de cumprir um horário fixo de trabalho.

Pellegrini também alega que costumava trabalhar de manhã até de madrugada para entregar os roteiros, razão pela qual pede que a emissora pague agora suas horas extras.

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