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Escritoras reforçam importância da união entre mulheres no meio literário

Na mesa de encerramento da Feira do Livro, organizadoras de foto histórica refletiram sobre diversidade e validação

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São Paulo

Ao citar Lima Barreto, Maria Firmina dos Reis e Cruz e Sousa, a autora Esmeralda Ribeiro criticou a imagem popularmente difundida do escritor —uma pessoa rica, com uma biblioteca em casa. "Muitos escritores tem pais analfabetos ou tiveram que ir até bibliotecas para estudar", afirmou na última mesa da Feira do Livro.

O debate foi sobre "Um Grande Dia para as Escritoras", livro que reúne os retratos de escritoras tirados por todo país —e que compõem o movimento de mulheres que tenta driblar as dificuldades do mercado editorial no Brasil.

Mesa 'Um Grande Dia em SP' com Esmeralda Ribeiro, Giovana Madalosso, Paula Carvalho e Natalia Timerman, na Feira do Livro - Gabriel Cabral/Folhapress

"O negro não é tema. Os temas são a família, as afetividades, mas como o racismo atravessa nossas vidas, é difícil escrever e deixá-lo de lado", argumentou Ribeiro.

Na mesma linha, Paula Carvalho, editora da Tinta-da-China, lamentou a criação da ideia, por parte do mercado editorial, de que os escritos de mulheres não se enquadram como literatura universal —como se livros femininos representassem um subgênero.

Retornando para o tema econômico, que permeou toda a conversa, Ribeiro também comemorou o fato de Giovana Madalosso, colunista da Folha, e Paula Carvalho, organizadoras da primeira foto, não terem limitado a participação para o clique ou encontros.

"Se ter um livro publicado fosse requisito para participar do movimento, muitas escritoras negras ficariam de fora", declarou, referindo-se ao fato de que muitas não tem condições financeiras de se autopublicarem.

"Ser escritora é se deixar transformar pelo mundo e transformá-lo se alguma forma", afirmou Natália Timerman, autora de "Copo Vazio" (Todavia, 2021) e também organizadora. As mais de 50 fotos provam, segundo elas, que há muita produção literária fora do eixo Rio-São Paulo, fato a ser levado em conta pelas editoras.

À tarde, pouco antes do encerramento da Feira, já havia iniciado um burburinho em frente ao Estádio. Mulheres de todas as idades iniciaram a se agrupar para o autografaço de "Um Grande Dia para as Escritoras", algumas vindas de outras cidades do Estado de São Paulo —como Santos e Ribeirão Preto.

O passeio dos livros entre mãos foi para que todas assinassem o livro de todas —ação acompanhada de sorrisos, selfies, risadas e abraços. Algumas já se conheciam, outras se apresentaram e trocaram contatos.

Em seguida, todas se juntaram para outro clique —com menos rostos do que 2022, mas simbolizando a continuação do movimento.

Na mesa, Madalosso confessou que, apesar de seus livros publicados, sente que nunca fez algo tão relevante quanto a organização do movimento de escritoras.

"De um ano pra cá, não teve um mês que não tenha tido um flash", afirmou, referindo-se aos retratos que continuam pipocando pelo país desde a primeira foto. No último 3 de junho, nasceu a primeira imagem ligada ao movimento, mas composta por escritoras não-brasileiras, na Inglaterra.

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