'O que faço é político', diz Supla sobre álbum com cover punk de Harry Styles

Em 'Os Punks de Boutique', cantor ressignifica ofensa e traz canções sobre a gangue da bike no centro paulistano

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Sorocaba (SP)

"Eu sou político. Vamos deixar claro isso. Sem cargo eletivo, mas o que faço é político", diz o cantor Supla, 57, ao explicar se a função pública é um caminho possível ou um suicídio, como ele diz em "Eles Querem Que Eu Seja Um Político". A música está em "Supla e os Punks de Boutique", novo álbum do artista, lançado nesta sexta-feira (30).

Filho do deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) e da secretária de Relações Internacionais de São Paulo, Marta Suplicy (Solidariedade), o punk afirma não descartar a carreira dos pais.

O cantor Supla em gravação de clipe do seu novo disco, 'Supla e os Punks de Boutique' - Karime Xavier/Folhapress

"Não sou a pessoa que fala ‘nunca vou beber dessa água’. O que importa é tentar colocar as pessoas juntas. O que as pessoas querem mesmo que você seja de esquerda ou de direita? É poder andar com as próprias pernas, dar uma boa educação para os filhos, ter uma vida digna, que é o que todo mundo quer", diz. A comparação, na música, de ser político com o suicídio, no final das contas, teve função estética. "Acho que rimou legal".

"Supla e os Punks de Boutique", trabalho que reúne a crítica social e o romance já característico do cantor, é uma obra conjunta, pensada e executada em grupo. "Você percebe que nitidamente é um trabalho bem de banda. Eu sempre gostei de ter uma gangue própria e eu sou muito grato por realizar esse trabalho", afirma.

Além de seu vocalista, a banda conta com Ale Iafelice na bateria, Eduardo Hollywood no baixo e vocais e Henrique Cabreira nos teclados. O disco também tem a participação de Teodoro Suplicy, sobrinho de Supla, na composição de "Não Sou Poeta", e de Nathalia Mastrobiso, namorada do cantor, em "Eu Sou um Capacho".

Com mais de 30 anos de carreira como vocalista das bandas Tokyo (entre 1984 e 1989), Psycho 69 (1995-1997) e Brothers of Brazil (de 2009 até agora, essa em parceria com seu irmão João Suplicy), fora vários trabalhos solos, Supla conta que o nome da nova banda ressignificou uma ofensa.

"As pessoas sempre gostavam de me criticar: ‘Olha o punk de boutique aí’ e eu sempre levei como um elogio, porque tem que ter estilo para se vestir de punk de boutique."

Supla agora bate cabeça destacando seu entorno, com "Ratazana de iPhone", que critica a gangue da bike do Centro de São Paulo. "Fiquei muito preocupado em falar de coisas assim, que a repercussão voltasse contra mim", explica.

Primeiro trabalho após "Suplaego", de 2020, o cantor vem testando a receptividade das canções. Não à toa, ele já toca a maioria delas em shows antes mesmo do lançamento do álbum. "É uma coisa meio natural e que muitas bandas não fazem. Poder testar essas músicas ao vivo, pra ver se elas são boas de verdade", afirma.

Supla se mostra ambicioso com o novo projeto. Apesar de não fazer versões em inglês de todas as composições, como de costume, ele pretende fazer clipes de todas as faixas.

Já ganharam versões audiovisuais as músicas "Supla Zombie", "Its Valentines Day", "As It Was Punk", "Ratazana de iPhone" e "Não Sou Poeta" —a favorita do público até o momento, com mais de um milhão de visualizações no YouTube.

A versão punk de "As It Was", aliás, é um cover da música do britânico Harry Styles. "Eu gostei da letra e dei uma roupagem minha, mais punk rock. E agradou muito, no show, virou música minha", relata.

Perguntado se ouve as composições do ex-One Direction, Supla diz: "Não ouço, mas nada contra. As pessoas falam que preferem a minha versão do que a dele próprio. Eu particularmente prefiro, pode mandar eu me foder. I don’t give a fuck [eu não dou a mínima]."

O álbum também se mostra um trabalho ágil, com algumas músicas de menos de dois minutos de duração. Mas Supla nega influência dos algoritmos das redes sociais, que preferem conteúdos curtos. "Sempre gostei de música curta, direto e reto. Passou a informação e tá bom. Eu não sigo a regra de nada em relação à arte, é o que eu gosto", diz.

Composto por 12 faixas, "Supla e os Punks de Boutique" chega às plataformas digitais e em mídia física, em um vinil edição especial com apenas 300 unidades que serão comercializadas nos shows e em lojas selecionadas como London Calling e Nada Nada Discos, ambas no centro da capital paulista.

Supla e os Punks de Boutique

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