Como 'Viajando com os Gil' mostra vida da família de Gilberto Gil na estrada

Série documental do Amazon Prime Video acompanha turnê de 15 shows do cantor com filhos e netos por dez países da Europa

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Isabela Yu
São Paulo

Ao longo de 36 dias, Gilberto Gil rodou quase mil quilômetros com a estreia da turnê "Nós, A Gente" em junho do ano passado. Acompanhado da família, o artista fez 15 shows em dez países na Europa.

Tudo o que acontecia no palco, quanto fora dele, foi documentado na série "Viajando com os Gil", que estreia agora no Amazon Prime Video. A princípio, a ideia seria filmar apenas a convivência na estrada, mas a pandemia atrapalhou os planos, então o público ganhou a primeira temporada, "Em Casa com os Gil", no ano passado.

Estreia nacional da turnê "Nós, a Gente", no Rio de Janeiro, em que Gilberto Gil canta ao lado de filhos e netos
Gilberto Gil durante show da turnê "Nós, A Gente", em que canta ao lado de filhos e netos - Alessandra Lima/Divulgação

A imersão em Araras, no interior paulista, aproximou a família da equipe dirigida por Andrucha Waddington, ao lado do filho Pedro Waddington e de Rebeca Diniz. A preparação aconteceu ao longo de 2021, quando afinaram os detalhes para acomodar o grupo de 40 pessoas viajando de avião e divididas em três ônibus.

Desta vez, os cinco episódios acompanham a família durante o trajeto, e há um episódio bônus com imagens do show gravadas nos diferentes lugares por onde passaram.

Fora a presença de filhos, genros, enteadas, netos e bisnetos, se somam a eles participações de amigas como Marisa Monte, Fernanda Paes Leme e Thaynara OG. Há também convidados em algumas apresentações —Juliette canta "Eu Só Quero um Xodó", em Barcelona, na Espanha, e Xamã faz um "free style" em "Aquele Abraço", no show em Portoroz, na Eslovênia.

Ainda que estejam em movimento, assim como acontece na primeira temporada, as assembleias da família acontecem para discutir os detalhes do show, resolver atritos de convivência e planejar a programação. Em mais de uma dessas conversas, o avô se emociona ao falar sobre a felicidade de viajar com cada um deles e como a música faz parte da forma como a família se comunica.

"Eles são aprendizes, cresceram me vendo ensaiar, compor e estabelecendo diálogos com músicos. Carregam a cultura de casa para o trabalho. O palco é uma extensão dessa atmosfera musical doméstica, é um ambiente muito próprio deles", diz Gil.

O show foi construído de forma colaborativa, então a setlist traz músicas de Preta Gil, dos Gilsons e ainda introduz os netos —Flor Gil e Bento Gil.

"Escolhemos 'O Pato' por ter um significado interessante, é uma música com força de jovialidade e ele aprendeu certinho. Está dando conta do recado", divide o artista sobre a canção apresentada pelo neto durante os shows.

Mesmo quando não estão encantando milhares de pessoas, eles mantêm um violão por perto e podem começar a entoar alguma melodia do repertório de Gil. Na parada em Casablanca, no Marrocos, eles participam de uma cerimônia Gnawa, que para o músico, os sons se assemelham ao alujá e samba de roda.

Na cena seguinte, Gil toca o guembri, um alaúde de três cordas marroquino, ao som de "Filhos de Gandhi".

Já na Suíça, perto de Genebra, visitam o Cern, a Organização Europeia para Pesquisa Nuclear, para uma aula sobre antimatéria, acompanhada de música. Neste momento, Gil canta "Queremos Saber" e "Quanto", e discute a sua relação com a ciência e o conhecimento.

Mais do que ter um registro em cena, a série explora os interesses, e como certos assuntos aparecem na discografia do imortal da Academia Brasileira de Letras.

Gravando durante 18 horas por dia, a equipe de Andrucha Waddington se organizava de uma forma em que todos os núcleos estavam acompanhados por uma câmera. O objetivo era seguir a tour de dentro.

"O Gil é um cara muito pontual, traz essa firmeza, quer sempre passar o som no horário, acho comovente. Hoje em dia, com 80 anos, você poderia não querer fazer essas coisas, mas isso traz o rigor de que estamos viajando a trabalho, não é uma viagem à Disney", explica o diretor.

Quando Flora Gil pergunta o que precisa acontecer para um show ser bom, Gil fala que é importante se comunicar com o público e todos tocarem bem. Nesses 50 anos de estrada, ele aprendeu inglês, espanhol e francês justamente para continuar se expressando, mesmo que fora do país.

Não à toa, o encerramento da excursão aconteceu na Inglaterra, quando passaram por Liverpool e Londres, quase como um retorno ao lugar que marcou o início da internacionalização de sua carreira.

Há imagens e depoimentos da época do exílio, entre 1969 e 1971, quando morou em Londres com a ex-esposa Sandra Gadelha e o filho Pedro Gil, falecido em 1990. Ao passear pelos espaços que frequentava na época, conta que não sente nostalgia, mas sim uma curiosidade por todas as mudanças.

A segunda parte da turnê "Nós, A Gente" passa nas próximas semanas por Belo Horizonte, São Paulo e Salvador, depois Gil retorna à Europa acompanhado da família entre julho e agosto para 12 datas com o show "Aquele Abraço".

Para acompanhar o lançamento da série, a família lançou uma versão ao vivo de "Serafim", já disponível, e "Aquele Abraço", que entrará nas plataformas de streaming em 26 de junho, aniversário de 81 anos de Gilberto Gil.

Viajando com os Gil

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