Filha de Leila Diniz processa Regina Duarte, Michelle Bolsonaro e PL por imagem

OUTRO LADO: Atriz e esposa do ex-presidente não comentaram pedido de indenização por publicações com foto fora de contexto

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São Paulo

A diretora e roteirista Janaina Diniz Guerra, filha da atriz Leila Diniz, está processando a atriz Regina Duarte, o Partido Liberal, de Jair Bolsonaro, e a esposa do ex-presidente, Michelle Bolsonaro, por uso indevido e não autorizado de uma imagem de sua mãe.

A informação foi divulgada pela coluna Ancelmo Gois e confirmada pela Folha.

Em fevereiro de 1968, as atrizes Eva Todor, Tônia Carreiro, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara, Cacilda Becker e Norma Bengell marcharam contra a censura do governo em plena ditadura militar. Elas caminhavam à frente da multidão pelo Centro do Rio de Janeiro. O cordão de mulheres marcou a história quando artistas fizeram uma greve contra a censura
Em fevereiro de 1968, as atrizes Eva Todor, Tônia Carreiro, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara, Cacilda Becker e Norma Bengell marcharam contra a censura do governo em plena ditadura militar. Elas caminhavam à frente da multidão pelo Centro do Rio de Janeiro. O cordão de mulheres marcou a história quando artistas fizeram uma greve contra a censura - Gonçalves/Agência O Globo

Guerra está movendo duas ações indenizatórias pelo que considera ser uma violação ao direito de imagem e honra de sua mãe. Os processos se referem ao compartilhamento nas redes sociais de uma foto de Leila Diniz em um protesto contra a censura da ditadura militar, em 1968, que teria sido retirada de contexto.

Regina Duarte está sendo acusada por publicar no Instagram, em dezembro do ano passado, um vídeo em defesa do regime militar que inclui a foto com Diniz e outras cinco atrizes. Na peça, a foto é exibida em meio a frases como "1964 foi uma exigência da sociedade" e "as mulheres nas ruas pediam o restabelecimento da ordem", ditas por Bolsonaro.

Já na ação contra o PL e Michelle Bolsonaro, a acusação é de que a mesma foto foi usada de forma indevida, mas em outro contexto. Em postagem feita pelo PL Mulher, do qual Michelle é presidente, em fevereiro deste ano, a ex-primeira dama se coloca ao lado das atrizes em montagem que celebra a conquista do voto feminino.

Nem Regina Duarte nem o Partido Liberal responderam aos contatos da reportagem. Até a publicação deste texto, as postagens continuavam no ar.

A foto emblemática traz Leila Diniz, ícone do feminismo que morreu aos 27 anos em um acidente aéreo, ao lado de outras atrizes —Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Odete Lara e Norma Bengell. Elas faziam parte dos protestos, que incluíram uma greve de artistas no Rio de Janeiro, contra cortes e proibições de peças de teatro feitos pela ditadura instaurada no país a partir de 1964.

Janaina Diniz Guerra pede indenização de R$ 52.800, o limite do juizado especial cível, em cada uma das ações.

"A memória de minha mãe é justamente de ruptura com todo o conservadorismo defendido pelo PL e por Michelle Bolsonaro que, em sua época, foi imposto pela ditadura militar, regime ao qual ela se opôs. O uso político, não autorizado, da imagem de minha mãe respaldando a pré-campanha de Michelle Bolsonaro é uma imensurável ofensa a tudo que minha mãe representou e ainda representa", diz Guerra em comunicado.

"Quanto à Regina Duarte, respeito suas posições políticas embora discorde por completo, mas é inadmissível que ela inverta a realidade, utilizando a imagem de suas colegas como se elas tivessem ido às ruas pedir intervenção militar, quando estavam fazendo o contrário, o protesto era justamente contra a censura imposta pela ditadura. É uma mentira. E essa mentira foi claramente publicada em suas redes como forma de defesa da Ditadura Militar e incitação aos tenebrosos atos de 8 de janeiro. É de uma gravidade indescritível", afirma a filha de Leila Diniz.

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