Frejat e Ira! fazem shows saudosistas e de pegada moderna em São Paulo

Apresentações no Teatro Bradesco resgatam grandes sucessos produzidos na década de 1980 com uma nova roupagem

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pérola Mathias
São Paulo

Dois expoentes do rock brasileiro dos anos 1980 se apresentam em São Paulo nesta semana. O Ira! celebra os 35 anos do disco "Psicoacústica", um dos mais cultuados da banda. Já o carioca Frejat, ex-Barão Vermelho, mostra novos arranjos para seus principais sucessos ao longo dos 40 anos de carreira, com roupagem eletroacústica, se apresentando como trio ao lado do filho, Rafael Frejat, e de Maurício Almeida.

Mas se engana quem busca similaridades propriamente "acústicas" entre as duas apresentações nostálgicas, ambas no Teatro Bradesco —Frejat nesta quarta-feira, e o Ira! na sexta e sábado. Apesar de estar no título do álbum da banda paulistana, apenas a última música, "Mesmo Distante", traz o violão numa mistura que privilegia solos e efeitos de guitarra.

Rafael Frejat, Roberto Frejat e Maurício Almeida em show do Frejat Trio Eletroacústico'
Rafael Frejat, Roberto Frejat e Maurício Almeida em show da turnê 'Frejat Trio Eletroacústico' - Guilherme Leite/Divulgação

Segundo Edgard Scandurra, guitarrista do Ira!, o "Psicoacústica" foi um importante passo na carreira do grupo, além de ter sido listado entre os cem maiores discos da música nacional pela revista Rolling Stones. "Nós cuidamos, juntamente com o engenheiro de som Paulo Junqueiro, da produção e mixagem desse álbum, o que foi algo muito raro para os artistas de nossa geração", diz.

Com faixas célebres como "Manhãs de Domingo" e "Farto do Rock’n Roll", o álbum incorporou sonoridades e técnicas do hip hop, recém-chegado a São Paulo, como o uso de samples e sons de scratch —o gesto dos DJs ao manipular o toca-discos.

Na época das gravações, o vocalista Nasi e o baterista André Jung estavam mergulhados nesse estilo e participavam da produção do primeiro álbum de Thaíde e DJ Hum, gravado em 1989, depois da dupla emplacar as musicas "Corpo Fechado" e "Homens de Lei" na coletânea de hip hop do país, "Hip-Hop Cultura de Rua", de 1988.

Esse, que foi o terceiro disco de estúdio do Ira!, não vendeu tanto quanto o trabalho anterior, "Vivendo e Não Aprendendo", produzido por Liminha, com duas das maiores faixas de sucesso da banda, "Envelheço na Cidade" e "Flores em Você".

Com 50 mil cópias vendidas contra 150 mil da obra anterior, "Psicoacústica" foi um "grito de independência para a banda", afirma Scandurra, fugindo das canções românticas ainda presas esteticamente aos anos 1960. "O disco mostra os voos de criatividade que demos, baseados em nossas próprias pesquisas, sem produtores famosos, sem convidados especiais, apenas com nossos conceitos".

"Saber que ele foi referência para artistas como a Nação Zumbi e saber que ele é cultuado por fãs e amantes de música como um disco relevante dentro da música brasileira nos leva a comemorá-lo com todo o cuidado que ele merece ter", diz o músico sobre o show comemorativo.

Já Frejat chega a São Paulo para apresentar novos arranjos para seu repertório, desde seus sucessos da carreira solo, como "Amor pra Recomeçar" e "Segredos" , até clássicos do Barão Vermelho e de Cazuza.

O músico entrou no grupo Barão Vermelho em 1981 e assumiu o papel de "front man" após a saída de Cazuza, em 1985, para se dedicar à carreira solo.

Foi só em 2017 que Frejat deixou definitivamente o grupo, 16 anos após ter conciliado a banda e o seu próprio trabalho solo. Com quatro álbuns de estúdio e um ao vivo, gravado no Rock In Rio, Frejat segue celebrado pelas suas composições românticas, como "Por Você".

Após passar por cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Garanhuns, a turnê eletroacústica chega a São Paulo, com show nesta quarta-feira (9), e tenta manter o tom intimista já conhecido, abdicando da percussão, enquanto traz sons mais robustos —a sacada é revezar violão e guitarra, além do teclado, a cargo de Rafael.

Há versões para canções que entram de forma inédita no repertório de Frejat, como "Fadas", de Luiz Melodia, gravada originalmente em 1978, e "Boomerangue Blues", de Renato Russo, presente em seu disco póstumo de 2003.

A ideia de seguir uma turnê em trio surgiu logo após a pandemia, quando, ao realizar várias lives com participação de Rafael Frejat, pai e filho acabaram descobrindo muitas afinidades musicais, que iam além do talento compartilhado.

Frejat Trio Eletroacústico

Ira! Psicoacústica 35 anos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.