Descrição de chapéu The Town grammy

Wet Leg ironiza millennials com rock inspirado no som de Harry Styles e Florence

Banda, que toca no The Town, já venceu o Grammy e acumula admiradores com som que faz referências à cultura pop

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Isabela Yu
São Paulo

O álbum "Wet Leg", que marcou a estreia da banda britânica de mesmo nome, é repleto de ironia contra os millennials. De aplicativos de encontros a mitos sobre bem-estar, os temas refletem o universo de Rhian Teasdale e Hester Chambers, as compositoras e líderes do grupo.

O disco, do ano passado, venceu dois prêmios Grammy e, no Brit Awards, a banda ganhou a estatueta de melhores artistas revelação e grupo do ano.

Wet Leg
Hester Chambers e Rhian Teasdale, do Wet Leg - Sarah Louise Bennett

Nascidas na Ilha de Wight, que fica a duas horas de barco de Londres, as líderes, que hoje beiram os 30 anos, se conheceram na faculdade de música. Depois da formatura, cada uma se arriscou em projetos que não decolaram.

Anos depois, ao se reencontrarem, elas dividiram frustrações como artistas independentes. Na nova banda, havia o desejo de assumir as guitarras, mas manter a leveza.

O próprio nome tem essa abordagem. "Wet Leg" é uma gíria para designar londrinos que desembarcam na ilhota. Por chegarem pelo mar, os turistas ficam com as pernas molhadas, o que serve de lembrete para não se levarem tão a sério. Em paralelo ao grupo, Chambers trabalhava na joalheria da família, e Teasdale era estilista. Pouco antes da pandemia, elas tocaram no Festival da Ilha de Wight, conhecido como o Woodstock britânico.

Durante a quarentena, em 2020 e 2021, elas cozinharam as músicas que entraram para o disco, lançado pela gravadora Domino —casa de Arctic Monkeys e Cat Power. Desta vez, acompanhadas do baterista Henry Holmes, do baixista Ellis Durand e do guitarrista Josh Mobaraki.

A sonoridade é calcada em gêneros como o pós-punk e o indie rock, mas se conecta a contemporâneos como o Viagra Boys e o Dry Cleaning.

Na playlist de influências do disco, há o electroclash dos brasileiros Cansei de Ser Sexy, o art punk dos canadenses Crack Cloud e o country de Dolly Parton. No entanto, ainda que não sejam uma banda de rock, ela refrescam os ares com histórias irreverentes, referências pop e som dançante.

O primeiro single, "Chaise Longue", lançado há cerca de dois anos, cativou Iggy Pop e fez a crítica rasgar elogios.

No clipe, dirigido pela dupla, a paisagem bucólica contrasta com o clima frenético construído ao longo da música, cujo refrão inclui uma frase de duplo sentido do filme "Meninas Malvadas", de 2003.

Se o estereótipo do roqueiro inclui calça skinny e jaqueta de couro, elas se divertem ao se montar. Optam por um mix de estilo "cottagecore", isto é, bucólico, com ares fantasiosos, ou seja, tudo feminino e campestre, com direito a vestidos amplos, paleta de tons claros e texturas naturais.

No ano passado, elas se sentaram na primeira fila do desfile de primavera-verão da Gucci, na coleção batizada "Twinsburg". Para a ocasião, combinaram o look e optaram por vestidos feitos com a Adidas. Elas não são irmãs, mas Chambers e Teasdale são parceiras criativas, conectadas pelas referências em comum.

Adoradas pelo público, pela indústria musical e pela elite fashionista, as artistas estão em ascensão. Igualmente ligados à moda, os britânicos Harry Styles e Florence Welch as convidaram para abrir suas turnês. O cantor fez um cover de "Wet Dream", o maior hit delas, no estúdio do programa Live Lounge, da BBC.

Agradando ao público jovem de ídolos teen até lendas que ajudaram a sedimentar o punk, o Wet Leg cava o seu lugar como uma das bandas mais notáveis da atualidade e, há três anos, viaja por todo o circuito de festivais do hemisfério norte, como o Coachella e o Glastonbury.

Wet Leg no The Town

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