'Hallucinate' é escolhida como palavra do ano pelo dicionário Cambridge

Verbo ganhou novo significado e está relacionado a quando inteligência artificial 'alucina' e produz informações falsas

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São Paulo

O Dicionário Cambridge escolheu "hallucinate", ou alucinar, como a palavra do ano de 2023. O verbo ganhou um novo significado este ano.

A definição original é parecer ver, ouvir, sentir ou cheirar algo que não existe, seja por um problema de saúde ou por consumo de drogas.

Ilustração de Raphael Egel
Ilustração de Raphael Egel - Raphael Egel

Agora, um significado extra está associado à palavra. É quando sistemas de inteligência artificial, como o ChatGPT, que gera textos que imitam a escrita humana, "alucinam" e produzem informações falsas.

A palavra foi escolhida porque o novo significado "vai ao cerne do motivo pelo qual as pessoas estão falando sobre inteligência artificial", diz um texto no site do dicionário.

Ainda de acordo com o texto, a inteligência artificial generativa é uma ferramenta poderosa, mas longe de ser perfeita, com a qual todos ainda estamos aprendendo como interagir de forma segura e eficaz.

"As alucinações de inteligência artificial nos lembram que os humanos ainda precisam trazer suas habilidades de pensamento crítico para o uso dessas ferramentas", acrescenta o texto no site do dicionário.

Henry Shevlin, especialista em ética em inteligência artificial da Universidade de Cambridge, disse que o uso do termo alucinar para se referir a erros cometidos por sistemas como o ChatGPT é um retrato de como pensamos e antropomorfizamos a inteligência artificial.

"É claro que informações imprecisas ou enganosas já existem há muito tempo, seja na forma de rumores, propaganda ou notícias falsas. Embora estes sejam normalmente considerados produtos humanos, ‘alucinar’ é um verbo evocativo que implica um agente que experimenta uma desconexão da realidade. Esta escolha linguística reflete uma mudança sutil mas profunda na percepção: a IA, e não o utilizador, é quem 'alucina'", acrescentou.

"Embora isto não sugira uma crença generalizada na capacidade de sentir da IA, sublinha a nossa disponibilidade para atribuir atributos semelhantes aos humanos à inteligência artificial.

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