Do alto dos seus quase três metros, a escultura de uma figura feminina se impõe. "Musa Impassível", de Victor Brecheret, pode ser vista na Pinacoteca de São Paulo.
Esculpida em granito carrara, com cerca de três toneladas, é inspirada em um poema da escritora Francisca Júlia da Silva, morta em 1920. Originalmente, a obra ornava o túmulo da poeta.
"Ó Musa, cujo olhar de pedra, que não chora/ gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca!", diz o poema. Até o material usado pelo escultor foi mencionado em outra poesia, "Vênus". "Branca e hercúlea, de pé, num bloco de Carrara,/ que lhe serve de trono, a formosa escultura,/ vênus, túmido o colo, em severa postura,/ com seus olhos de pedra o mundo inteiro encara", escreveu.
Estes e outros versos compõem o livro "Mármores", de 1895. A obra integra a Coleção Folha Clássicos da Literatura Luso-Brasileira e chega às bancas neste domingo.
Elogiada por grandes escritores, como Olavo Bilac, ela demonstrou um talento precoce. "Mármores" foi publicado quando ela tinha 24 anos, em um meio literário predominantemente masculino.
"Francisca Júlia fez um sucesso tão estrondoso em sua época que, num mundo que não admitia associar talento e mulheres, acharam se tratar de um homem escrevendo sob pseudônimo", afirma Noemi Jaffe na contracapa da edição da Coleção Folha.
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A Coleção Clássicos da Literatura Luso-Brasileira reunirá um total de 30 livros, intercalando obras de grandes escritores portugueses e brasileiros, em edições em capa dura
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