Bad Religion incendeia plateia no Primavera Sound com aula de punk

Marina Sena aproveitou ao máximo as câmeras e os dançarinos no festival, entretendo o público fervendo com os 35°C

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São Paulo

O sol por volta das 16h30 deste domingo (3) estava escaldante no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, onde acontece a segunda edição brasileira do Primavera Sound. O festival começou no sábado (2), com shows como The Killers e Pet Shop Boys, e continua no dia seguinte com The Cure como atração principal.

Mas o clima esquentou ainda mais depois que Marina Sena subiu ao palco Barcelona, um dos três principais do evento. Ela esbanjou sensualidade cantando sobre flertes e romances em show baseado no álbum "Vicio Inerente", lançado este ano.

Marina Sena se apresenta no Primavera Sound 2023 - Adriano Vizoni/Folhapress

Não foi só ela quem suou, já que a plateia estava quase fritando debaixo de chapéus, bonés e protetor solar. A temperatura no Autódromo chegou a bater 35°C na tarde de domingo.

Sena se apresentou depois da cantora pop Carly Rae Jepsen, que levou uma multidão ao palco Corona, o maior do Primavera. A brasileira também reuniu um público considerável, com bastante gente sentada na grama sintética ao fundo, atrás da massa aglomerada perto da cantora.

Acompanhada por dançarinos e fazendo jogo de câmeras, ela cantou e rebolou faixas como "Sonho Bom", "Tudo Pra Amar Você", "Me Ganhar" e "Olho no Gato", todas do segundo disco da mineira. Também resgatou sucessos de seu álbum de estreia, "De Primeira", de 2021, como "Por Supuesto" e "Me Toca".

Em certa altura, ela afirmou que se não estivesse no palco, estaria na plateia. "É a minha cara estar aqui, meu estilo mesmo", disse. "É o tipo de música que eu gosto."

O momento mais adequado do show foi em "Ombrim", canção de 2019 que praticamente introduziu Sena na cena da música, ainda com sua ex-banda, o Rosa Neon. Em versão com trechos de piseiro, ela celebrou o verão e os ombros de fora, bem no clima do fim se semana.

Depois de cantar a balada "Mande um Sinal", Sena ainda disse que vai voltar a tocar violão nos shows, e afirmou que ainda faz MPB, após um segundo disco mais eletrônico e com música de pista. "É pop, mas é MPB. Dá licença, respeita minha história."

Ainda cantou "Pelejei", do primeiro álbum, "Mais de Mil", "Que Tal" e "Tudo Seu" antes de deixar o palco. Na última performance, o público já se deslocava para os outros palcos.

O calorão de Marina Sena caiu bem com o show de Beck, que começou logo depois no palco principal do Primavera, o Corona, com sua colagem dançante de ritmos que foi do rock ao folk e refrescou o público à medida em que o sol baixava.

O artista tocou um dia depois de cancelar a apresentação que faria no Rio de Janeiro neste sábado, 2. Pouco antes do horário marcado para a abertura dos portões, a Live Nation e a Ticketmaster anunciaram que Beck não faria o show por "motivos de saúde".

Beck no Primavera Sound em São Paulo - Adriano Vizoni/Folhapress

Ele, que tocaria para um público pequeno ontem —foram poucos os ingressos vendidos e muitas as promoções feitas—, pôde se aproveitar hoje de um público bem maior, que celebrou e dançou com suas canções.

A última vez que o artista esteve por aqui foi há cerca de dez anos, quando comemorou as duas décadas de lançamento de seu disco de estreia, "Golden Feelings", no finado festival Planeta Terra.

Para o show de hoje, Beck apostou na parte mais dançante de suas faixas, nas quais mostra sua habilidade com a guitarra, como "Dreams" e "E-Pro".

Mas também criou momentos mais calmos, como quando tocou "Lost Cause" e pegou o violão para fazer um solo de country antes de "Loser", seu maior sucesso.

O artista tem uma vasta discografia de 14 álbuns que foi visitada parcialmente com atenção para trabalhos como "Odelay" (1996), "Midnite Vultures" (1999), "Guero" (2005) e "Modern Guilt" (2008).

Ficou de fora, no entanto, "Morning Phase", de 2014, único trabalho de Beck a ser reconhecido como álbum do ano pelos prêmios Grammy numa surpreendente noite que bateu o álbum homônimo de Beyoncé.

O artista, que foi visto no Samba de Pretinho da Serrinha com participação de Caetano Veloso na última quinta-feira, se declarou fã da música brasileira no palco.

"O primeiro show que eu fui quando era criança foi o de Tom Jobim. Estou muito feliz de estar aqui no lugar de onde a música que eu amo vem", disse.

A banda americana Bad Religion se apresenta no palco Barcelona durante o segundo dia do Primavera Sound - Adriano Vizoni/Folhapress

O Bad Religion chegou botando fogo no palco Barcelona. Não de maneira literal, mas incendiando uma plateia que se não era gigante, pelo menos estava muito disposta a mexer o corpo com a banda americana.

O grupo disparou um sucesso, "Los Angeles is Burning", no começo do show. Foi o suficiente para evocar as rodas de bate-cabeça que se mantiveram até o fim da apresentação.

A plateia, aliás, foi uma das mais participativas em todo o festival. O público gritou o nome da banda, acendeu sinalizadores, pulou e cantou junto com um show punk como o do Bad Religion pede.

Liderado pelo vocalista Greg Graffin, único integrante presente em todos os álbuns da banda, o Bad Religion é uma entidade do punk americano. O grupo surgiu nos anos 1980 e influenciou toda uma cena do gênero na Califórnia, de onde saíram nomes como o Green Day, entre muitos outros.

No palco, eles disparam as músicas tão rapidamente quanto o ritmo hardcore ditado pela bateria. Não há tempo para respiro, mas as letras politicamente engajadas ainda saem com cadência melódica da voz de Graffin -que é doutor em biologia evolutiva, e visualmente em nada remete ao estereótipo punk.

A reta final concentrou os maiores sucessos, como "21st Century (Digital Boy)", "Sorrow", "You", "Generator", "Punk Rock Song" e "American Jesus", antes do encerramento com uma versão instrumental de "The Boys Are Back in Town", do Thin Lizzy. Honrou o clichê, e foi uma aula de punk –no caso do Primavera, para alunos engajados.

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