Suspeito de matar galerista Brent Sikkema acha que foi drogado em bar, diz defesa

Advogados pedem isolamento de Alejandro Prevez em presídio; OUTRO LADO: Delegacia não respondeu às tentativas de contato

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Rio de Janeiro

Alejandro Triana Prevez, de 30 anos, suspeito de matar o galerista americano Brent Sikkema, que tinha 75 anos, acredita que pode ter sido drogado ao pedir uma bebida em um restaurante no Rio de Janeiro, momentos antes da morte do galerista.

A afirmação foi feita à defensora Edna de Castro, que o visitou no Complexo Penitenciário de Bangu, nesta terça-feira, no Rio de Janeiro.

Alejandro Triana Prevez, suspeito de matar o galerista Brent Sikkema
Alejandro Triana Prevez, suspeito de matar o galerista Brent Sikkema - Pilar Olivares - 19.jan.2024/Reuters

Castro é da equipe do advogado Greg Andrade, que assumiu a defesa do cubano preso na última quinta-feira após ser denunciado por latrocínio. Sikkema foi morto no dia 14 de janeiro com 18 facadas, a maioria no tórax e no rosto. Imagens mostram Prevez entrando na residência do galerista, na zona sul carioca.

"Alejandro diz que não tem nenhuma memória do que ocorreu e levantou a hipótese de ter sido drogado ao pedir uma bebida em um restaurante. Ele inclusive disse isso à polícia, deu o nome de um homem que poderia ter colocado a droga na bebida, mas não houve apuração. Vamos solicitar o exame toxicológico, que não foi feito", diz Castro.

Procurados, os delegados da Delegacia de Homicídios, que investigam o caso, não se manifestaram.

As imagens das câmeras de segurança mostram que, às 22h42 da noite do crime, o suspeito desce do carro e segue em direção a um restaurante na esquina da casa da vítima. Após dez minutos, retorna novamente ao veículo e permanece até a madrugada. Ao entrar na casa, segundo a polícia, usando uma chave micha, instrumento capaz de violar fechaduras, ele teria cometido o crime.

Os defensores não acreditam na tese da polícia de latrocínio. "A investigação já está muito fechada. Será que não havia outra pessoa dentro da casa? Por que fechar já como latrocínio, crime que não vai para o tribunal do júri?", afirmou Andrade, o advogado do suspeito.

A defesa também acredita que Prevez "seja um arquivo vivo" e solicitou seu isolamento na prisão. "Ele pode ser morto. Se houve um mandante para o crime ou outra pessoa cometeu o crime, é um arquivo vivo e corre risco", disse Andrade.

A defesa pretende protocolar um pedido de habeas corpus nesta quarta-feira.

Como foi o crime, segundo a polícia

Alejandro Triana Prevez, de 30 anos, é cubano e foi preso por suspeita do assassinato de Brent Sikkema, no Rio de Janeiro. A polícia afirma que ele saiu de São Paulo, no dia 13 de janeiro para cometer o crime e retornou ao estado logo depois.

Imagens do pedágio da rodovia Presidente Dutra auxiliaram a polícia a chegar ao paradeiro do suspeito.
O veículo utilizado no crime, um Fiat Palio, de cor prata, ficou estacionado em frente ao sobrado que o americano usava para passar férias no Rio de Janeiro, no Jardim Botânico, na zona sul da cidade.

As imagens da Dutra mostram o cubano passando pelo pedágio, na altura de Paracambi, às 13h20 de sábado, 13 de janeiro, vindo de São Paulo, com direção ao local do crime. Ele estaciona na rua da vítima às 16h53 do mesmo dia.

Alejandro Prevez, 30, passa em pedágido na rodovia presidente Dutra - Inquérito Polícia Civil

Às 22h42, o suspeito desce do carro e segue em direção a um restaurante, retornando logo em seguida. O americano chega a sair de casa à noite e fica cerca de uma hora e meia fora da residência, retornado sozinho. Nesse período, Prevez permaneceu no carro.

O suspeito sai do carro novamente às 3h42 da madrugada de domingo, ficando, então, dentro do veículo estacionado por cerca de 11 horas até entrar na casa da vítima.

Ele utiliza, segundo os investigadores, uma chave micha, instrumento capaz de abrir fechaduras, e entra no sobrado onde estava o americano. Após ficar cerca de dez minutos, ele sai da residência, entra no carro, e retorna para São Paulo.

Com o rastreamento da placa, a polícia localizou o endereço da proprietária do veículo e solicitou cooperação da Polícia Civil de São Paulo.

Brent Sikkema era sócio proprietário de uma famosa galeria de arte em Nova York - ArtBO/Divulgação

Os policiais civis de São Paulo foram até a residência da proprietária, na Chácara Monte Alegre, na capital paulista. Lá, encontraram o filho da dona do veículo que informou aos agentes que o carro estava sendo utilizado por Prevez, de nacionalidade cubana.

O filho da proprietária afirmou que a mãe de Prevez era amiga da sua mãe e, por isso, ela emprestou o carro após ele dizer que precisava fazer entregas. O suspeito foi preso em Minas Gerais e pretendia, segundo a polícia, fugir para a Bolívia.

Sikkema era coproprietário da galeria Sikkema Jenkins & Co, no Chelsea, dono de uma fortuna, e um dos nomes mais celebrados da cena artística mundial. Ele era marchand do artista Jeffrey Gibson, que representa os Estados Unidos na próxima Bienal de Veneza, em abril.

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