Descrição de chapéu Obituário Paolo Taviani (1931 - 2024)

Morre Paolo Taviani, diretor de 'Pai Patrão' e 'César Deve Morrer', aos 92 anos

Junto do irmão, Vittorio, cineasta marcou a história do cinema italiano e venceu a Palma de Ouro e o Urso de Ouro

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São Paulo

O diretor italiano Paolo Taviani morreu nesta quinta-feira, aos 92 anos. De acordo com a Ansa, agência de notícias do país, ele estava internado em uma clínica de Roma por uma doença que não foi divulgada ao público. Ele deixa a esposa e dois filhos.

O cineasta ficou conhecido pelos filmes dirigidos desde os anos 1960 ao lado irmão Vittorio Taviani, que morreu em 2018 aos 88 anos. Influenciados pelo neorrealismo italiano, célebre pela filmografia de Roberto Rosselini e Vittorio De Sica, eles dirigiram mais de 20 filmes juntos, incluindo "Pai Patrão", que venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1977.

O diretor Paolo Taviani com o Urso de Ouro que ganhou por 'César Deve Morrer', em 2012 - Markus Schreiber/AFP

"Nós somos que nem o café com leite. Impossível definir onde termina o café e onde começa o leite", dizia um dos irmãos sobre o trabalho conjunto.

Nascido em San Miniato, Taviani começou a carreira como jornalista, mas em 1960 adentrou o mundo do cinema com o irmão pelo documentário "L'Italia Non È un Paese Povero", ou a Itália não é um país pobre, feito ao lado do documentarista Joris Ivens.

A dupla faria dois filmes com o diretor Valentino Orsini antes de se aventurar sozinhos com com "Un Uomo da Brucciare", um homem para queimar, de 1962, e "Os Fora-da-Lei do Casamento", de 1963.

Parceiros de geração de Marco Bellocchio, Bernardo Bertolucci e Ettore Scola, os irmãos renovaram o olhar crítico do cinema italiano, discutindo os rumos do comunismo e antecipando o clima do Maio de 1968 em "Os Subversivos", de 1967.

Mas a projeção da dupla se deu de forma mais sólida com "Pai Patrão". A trajetória de Gavino, menino do sul da Itália que deve abandonar os estudos para ajudar o pai no trabalho diário é recebida como uma renovação na perspectiva do olhar de esquerda. Mais do que se fixar em ideias abstratas, os Taviani observam o que há de concreto.

A dupla era também bastante conhecida pelos filmes "A Noite de São Lourenço", de 1982 —uma reconstituição de um massacre praticado pelos nazistas na Toscana, já no final da Segunda Guerra—, e "Bom Dia, Babilônia", de 1987 —homenagem ao próprio cinema na pessoa de D. W. Griffith, aqui apanhado no momento em que filma sua obra-prima "Intolerância", e aos toscanos responsáveis pela construção de parte dos cenários.

Os irmãos Taviani ainda ganharam o Urso de Ouro do Festival de Berlim em 2012, pelo documentário "César Deve Morrer", documentário no qual um grupo de detentos monta o "Júlio César" de Shakespeare, e um Leão de Ouro honorário pela carreira no Festival de Veneza, ainda em 1986.

Após a morte de Vittorio, Paolo Taviani ainda lançou o filme "Leonora, Adeus" em 2022. Lançado no Festival de Berlim, a produção refletia a morte do irmão a partir das histórias de três enterros e do assassinato de um jovem siciliano.

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