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Mais leitores e menos censura, defende Jeferson Tenório após polêmica no RS

Após diretora diz que 'O Avesso da Pele' é inadequado, escritor lembra que índices nacionais de leitura são precários

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São Paulo

Nesta segunda-feira, o autor Jeferson Tenório criticou a tentativa de censura do seu livro "O Avesso da Pele" no Rio Grande do Sul em entrevista ao GloboNews após, na sexta-feira (1º), Janaina Venzon, diretora da Escola Ernesto Alves, de Santa Cruz do Sul, ter publicado um vídeo em que diz que a obra é inadequada aos estudantes de ensino médio e pedindo ao Ministério da Educação que recolhesse os exemplares enviados à escola.

O escritor lembrou que não é a primeira vez que isso acontece com ele. Em 2022, o escritor recebeu ameaças de morte após uma palestra em uma escola em Salvador, na Bahia.

O escritor Jeferson Tenório - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Na última semana, a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul determinou que exemplares do livro "O Avesso da Pele", do autor Jeferson Tenório, sejam mantidos em escolas de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul.

"Me causa sempre espanto, porque nós já temos tão poucos leitores no Brasil. Deveríamos estar preocupados em formar leitores e não em censurar livros", disse Tenório.

O autor mencionou, em sintonia com a nota divulgada pelo Ministério da Educação, que os livros do catálogo do Programa Nacional do Livro Didático, o PNLD, são selecionados por especialistas da educação, mas que quem escolhe os livros que serão utilizados em aula são os professores.

"‘O Avesso da Pele" é um livro que trata de questões raciais, do racismo estrutural, da violência policial e faz também uma crítica à educação no Brasi", afirmou o escritor. "E é um livro que mostra como a consciência social e o letramento racial ajuda os jovens a ter uma consciência de cidadania, porque a literatura também tem esse papel de formar cidadãos."

"Mas a literatura também vai causar alguns incômodos, assim como a arte. O que me deixa, de certo modo, tranquilo é saber que a arte é anterior a todo tipo de escolarização do mundo. Por isso ela é bastante incômoda, porque ela não cabe, às vezes, dentro do que se espera"

O escritor comemorou a volta do livro às salas de aula e defendeu a importância do PNLD.

"Um programa como esse, que distribui livros para todo o Brasil e todas as escolas, é um programa que ajuda, de maneira muito significativa, a formar leitores. Os índices de leitura no Brasil ainda são muito precários."

Após a repercussão do caso, Jeferson Tenório de Ailton Krenak, Djamila Ribeiro, Drauzio Varella, Ziraldo e mais de 200 outros artistas através da carta "Contra a Censura à Literatura de Jeferson Tenório".

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