Descrição de chapéu Filmes LGBTQIA+

Prefeito de Rio do Sul, em Santa Catarina, censura mostra de cinema LGBTQIA+

OUTRO LADO: José Thomé fala de princípios cristãos e familiares e nega preconceito; evento considera decisão do político ilegal

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São Paulo

O prefeito José Thomé (PSD), da cidade de Rio do Sul, em Santa Cantarina, censurou uma mostra de cinema LGBTQIA+ que aconteceria nesta quarta e quinta-feira na fundação cultural municial.

O evento é organizado pelo festival Transforma de cinema LGBTQIA+, criado pela produtora Bapho Cultural em parceria com a Associação em Defesa dos Direitos Humanos com Enfoque na Sexualidade, a ADEH.

José Thomé, prefeito de Rio do Sul (SC)
José Thomé, prefeito de Rio do Sul (SC) - Instagram/Reprodução

Em seu Instagram, Thomé justificou a proibição a partir do que entende como os valores familiares defendidos pelo cristianismo.

"Não é uma questão de preconceito nem de ponto de vista político ou partidário. É uma questão de respeito aos princípios cristãos, àquilo que está escrito na Bíblia e aos princípios da família, como o pai de dois filhos menores de idade, que poderiam inclusive participar dessa apresentação, porque a classificação é livre", afirmou.

O prefeito comentou sua decisão em entrevista à rádio loccal Mirador. "Não vou aceitar utilizar espaço público municipal para esse tipo de evento. Enquanto eu for prefeito desta cidade, isso jamais vai acontecer. E quero deixar muito claro que não sou bolsonarista, direita radical, nada disso. Isso nem me interessa. Mas eu sou cristão. Sou pai de família."

Rodrigo Daniel Pedrozo, superintendente da fundação cultural de Rio do Sul, confirmou que a casa não receberá mais a mostra, mas não comentou a decisão do Executivo.

A organização do festival Transforma disse em nota que considera a decisão de Thomé ilegal. "Reiteramos que em nenhuma dessas produções as premissas de moralidade e integridade são desrespeitadas. Muito pelo contrário, elas retratam com grande respeito a pluralidade e as vivências da comunidade LGBTQIAPN+."

Thomas Dadam, produtor executivo e um dos idealizadores do festival, disse que, ao menos por enquanto, o festival planeja suspender as atividades na cidade.

"Vamos estudar junto à Fundação Catarinense de Cultura de que forma a gente pode proceder diante deste episódio de censura, até porque a passagem da mostra por Rio do Sul e a oficina de produção cultural LGBTQIAPN+, que seria a nossa contrapartida social do projeto, precisam acontecer."

Em nota, a Fundação Catarinense de Cultura afirmou que o apoio à mostra é resultado da vitória em um edital. "O projeto mencionado no vídeo foi contemplado por meio do Prêmio Catarinense de Cinema 2022, que é um edital previsto em lei. O resultado é publicado a partir das notas dadas por uma comissão avaliadora, formada por pareceristas residentes fora de Santa Catarina, contratados também por edital. Portanto, a FCC não influencia no resultado final da premiação."

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