Francis Ford Coppola é acusado de tentar beijar figurantes no set de 'Megalopolis'

De acordo com fontes anônimas, o diretor assediou parte do elenco durante filmagens numa boate

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Nova York | The New York Times

À medida que a expectativa para a estreia de "Megalopolis", o primeiro filme de Francis Ford Coppola em mais de uma década, aumentava para um frenesi em Cannes, o diretor enfrentou acusações na terça-feira de que tentou beijar figurantes durante uma sequência em uma boate.

Um relatório do The Guardian detalhando a produção caótica do filme disse que, de acordo com fontes anônimas, Coppola puxou mulheres para sentar em seu colo e tentou beijar figurantes escassamente vestidas.

Francis Ford Coppola no Oscar em 2022
Francis Ford Coppola no Oscar em 2022 - AFP

Em resposta, um representante de Coppola referiu-se a uma declaração do produtor executivo Darren Demetre, publicada pelo The Hollywood Reporter, na qual ele disse: "Eu nunca tive conhecimento de qualquer reclamação de assédio ou comportamento inadequado durante o curso do projeto." Demetre também observou na declaração que durante dois dias de filmagem de uma cena de boate "celebratória estilo Studio 54", o diretor "caminhou pelo set para estabelecer o espírito da cena dando abraços gentis e beijos na bochecha ao elenco e figurantes. Era a maneira dele de ajudar a inspirar e estabelecer a atmosfera da boate, que era tão importante para o filme."

O artigo focou principalmente nas condições incomuns de produção do filme e, citando um membro da equipe não identificado, disse que Coppola ficava em seu trailer por horas a fio, atrasando as filmagens.

Mariela Comitini, primeira assistente de direção em "Megalopolis", disse ao Times por meio de um representante: "Posso dizer que trabalhar ao lado de Francis Ford Coppola foi uma honra. Eu vi Francis criar um ambiente vibrante, profissional e positivo no set, e gostaria de poder fazer parte da celebração em Cannes. Como um dos cineastas mais respeitados da indústria, Francis não se intimidou com a enormidade deste empreendimento, e ele terminou o filme no prazo e dentro do orçamento."

O relatório foi publicado antes da estreia do filme na quinta-feira na competição de Cannes, onde as apostas são altas, já que o filme ainda não encontrou distribuição nos EUA. (Após uma exibição antecipada para compradores, uma fonte disse a Puck que não tinha perspectivas comerciais, mas que isso não era necessariamente ruim.) Na terça-feira, Coppola, mais conhecido como diretor da trilogia "O Poderoso Chefão", postou um teaser para o distópico "Megalopolis" que refletia influências da Roma antiga e apresentava efeitos especiais alucinatórios.

Coppola vem brincando com a ideia de fazer "Megalopolis" desde os anos 1980 e eventualmente vendeu uma parte de sua propriedade vinícola para investir U$ 120 milhões (ou R$ 614 milhões) de seu próprio dinheiro para realizá-lo. O filme tem Adam Driver como protagonista, interpretando um arquiteto que deseja reconstruir uma Nova York futurista. O arquiteto tem a habilidade de parar o tempo e, ao longo do filme, entra em conflito com o prefeito do futuro de Nova York, interpretado por Giancarlo Esposito, enquanto também se envolve romanticamente com a filha do prefeito (Nathalie Emmanuel). O filme também conta com Aubrey Plaza como uma jornalista chamada Wow Platinum, além de Jon Voight e Shia LaBeouf.

Coppola disse à Vanity Fair que começou a escrever o roteiro a sério nos últimos 12 anos, e imaginou "uma epopeia romana ambientada na América moderna", tendo interesse específico em um incidente de 63 a.C. conhecido como a Conspiração de Catilina envolvendo Cícero.

É claro que relatos de produções tempestuosas não são novidade para Coppola, que fez "Apocalypse Now", uma produção problemática que foi documentada no documentário "Hearts of Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse", com imagens capturadas por sua esposa, Eleanor Coppola. Ela faleceu no mês passado aos 87 anos.

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