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06/12/2012 - 15h00

Agricultura no deserto pode ser a solução para a crise alimentar mundial

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JONATHAN MARGOLIS
DO "OBSERVER"

O deserto coberto de pequenos arbustos nos arredores de Port Augusta, a três horas de Adelaide, não é o tipo de zona campestre que você vê em brochuras turísticas da Austrália.

Servindo como pano de fundo para uma área de usinas termoelétricas a carvão, minas e fundições de chumbo, a paisagem litorânea está salpicada por touceiras de erva-sal, capazes de sobreviver com um filete de água marinha salobra que se infiltra pelo solo árido.

Venenosas serpentes-de-mulga, aranhas-de-costas-vermelhas, um ou outro canguru ou emu são vistos ocasionalmente; as moscas são uma constante. Quando proprietários rurais locais que mantêm algumas ovelhas pastando aqui têm alguma chance de vender parte dessas terras ruins, correm para aproveitá-la, mesmo por uma ninharia, porque o único recurso natural real nestas paragens é a luz do sol.

Tudo isso torna ainda mais notável o fato de um grupo de jovens cérebros da Europa, Ásia e América do Norte - sob a liderança de um alemão de 33 anos, ex-executivo do Goldman Sachs, mas inspirado por um engenheiro inglês de iluminação teatral de 62 anos - ter adquirido um pedaço considerável deste nada promissor território no "outback", o sertão australiano, onde foi construída uma estufa experimental que contém a promessa aparentemente irrealista de resolver os problemas alimentícios mundiais.

Na verdade, o trabalho que a Sundrop Farms ["fazendas pingo de sol"] está fazendo na Austrália do Sul e acaba de iniciar no Qatar está além do estágio experimental. Eles parecem ter conseguido uma façanha agrícola suprema em termos de arrancar alguma coisa de coisa alguma - usando o sol para dessalinizar a água do mar, usada na irrigação e para aquecer e resfriar as estufas conforme o necessário, e cultivando assim, de forma barata e o ano todo, verduras e legumes de alta qualidade e livres de pesticidas, em quantidades comerciais.

Até agora, a empresa já cultivou tomates, pimentões e pepinos às toneladas, e a mesma tecnologia já provada está agora quase pronta para ser estendida para gerar num passe de mágica, como que do ar rarefeito, quantidades ilimitadas de muitos outros cultivos - e até proteínas alimentares como peixe e frango -, sem usar água doce e com quase zero de combustíveis fósseis. A salgada água do mar, é quase desnecessário explicar, é grátis sob todos os aspectos, e abundante - aliás, abundante demais hoje em dia, quando nossas calotas glaciais estão degelando.

Divulgação/Programa Mundial de Alimentos
Sacos de feijão brasileiros doados à crise de fome na Somália em setembro de 2011
Sacos de feijão brasileiros doados à crise de fome na Somália em setembro de 2011

O projeto da Sundrop, lançado há 18 meses, funcionou tão bem que investidores e redes de supermercado têm ultimamente se abalado até Port Augusta, tornando difícil encontrar um quarto em algum dos poucos hotéis de beira de estrada, ou uma mesa no restaurante de comida ao curry anexo ao pub local. Pesquisadores de agronomia, políticos e ambientalistas se acotovelam para promover a Sundrop. E os cientistas, empreendedores e investidores da empresa estão prestes a iniciar as obras de uma estufa de US$ 12,8 milhões e 80 mil m2 - 40 vezes maior que a atual -, que produzirá 2,8 mil toneladas de tomates e 1,2 mil toneladas de pimentões por ano para supermercados que agora clamam por um contrato exclusivo.

É um projeto inspirador, mais importante, pode-se argumentar, do que qualquer outra coisa que está acontecendo no mundo. A agricultura usa 60% a 80% da escassa água doce do planeta, então a produção de alimentos que dispense isso é nada menos do que miraculosa.

Cultivar alimentos num deserto, especialmente num período de seca continuada, é uma ideia bastante contraintuitiva, e o feito hortícola da Sundrop também ignora o princípio de que as melhores ideias são as mais simples. O sistema informatizado de cultivo da Sundrop é fácil de descrever, mas foi complexo de conceber, e mais complicado ainda para se tornar economicamente viável.

Uma fileira de 75 metros de espelhos parabólicos motorizados, acompanhando o sol o dia todo, foca seu calor em um duto lacrado que contém óleo. O óleo quente, por sua vez, aquece tanques vizinhos de água do mar, bombeada de alguns metros abaixo do chão - a costa fica a apenas 100 metros de distância. O óleo leva a água do mar a 160ºC, e o vapor disso aciona turbinas elétricas. Parte da água quente resultante do processo aquece a estufa nas noites frias do deserto, e o restante abastece uma usina de dessalinização que produz os 10 mil litros diários de água doce necessários para manter as plantas felizes.

A água que o produtor obtém é pura e pronta para ser acrescida da mistura perfeita de nutrientes. O ar na estufa é mantido úmido e fresco pela água que goteja sobre uma parede de painéis evaporativos feitos com colmeias de papelão, por meio do qual o ar é difundido pelo vento e por ventiladores. O sistema é todo de alta tecnologia; a estufa pode estar num local remoto, mas o produtor, o hiperentusiasmado canadense Dave Pratt, 27, pode agradavelmente controlar todas as condições de cultivo para suas toneladas de produtos de um aplicativo do iPhone, caso tenha ido para a cidade - ou mesmo se estiver em Ontário, sua terra natal.

É o tipo de coisa que um futurologista esclarecido poderia ter imaginado para o século 21, e entrar na estufa da Sundrop vindo do deserto lá fora, depois de passar pela parafernália de espelhos parabólicos solares, algo semelhantes a um cenário de filme, é sentir que você chegou a um modelo para o mundo do amanhã. O ar morno e úmido, carregado com o aroma dos tomates amadurecendo, forma tal contraste com a áspera paisagem externa, onde as máximas chegam a ressecados 40ºC na maior parte do ano, que dá a sensação que os lados mais brutais da natureza e da economia estão sendo benignamente enganados. Dá para abastecer bilhões de pessoas com alimentos saudáveis e baratos, ajudar a salvar o planeta e ganhar uma fortuna? Tem de haver alguma pegadinha.

Parece, no entanto, só existir uma pessoa significativa no mundo que considera que de fato há uma pegadinha, e, um pouco bizarramente, trata-se do inventor da tecnologia, um certo Charlie Paton, o iluminador inglês mencionado anteriormente, que atualmente pode ser encontrado na sua própria estufa experimental, sobre uma antiga padaria de três andares no extremo de Hackney junto aos London Fields, no Leste de Londres, sentindo-se um tanto orgulhoso, mas consideravelmente amargurado, a respeito de como as coisas se desenrolaram a 16 mil km, no deserto entre os montes Flinders e o golfo de Spencer.

Se você tem alguma inclinação ecológica, talvez o nome de Paton lhe soe familiar. Ele é o tantas vezes homenageado fundador de um verdadeiro ícone do mundo "verde", uma empresa familiar de 21 anos chamada Seawater Greenhouse, que originou a ideia de cultivar alimentos usando apenas luz do sol e água do mar. Há algumas semanas, Paton recebeu da Real Sociedade de Artes o prestigioso título de Real Desenhista para a Indústria, e alguns meses atrás a Seawater Greenhouse conquistou o primeiro prêmio na categoria de melhor produto no maior evento competitivo sobre mudança climática no Reino Unido, a Climate Week. Se a Sundrop Farms decolar mundialmente, o charmoso e idealista Charlie Paton poderia muito bem estar na fila para uma condecoração real, ou mesmo um Prêmio Nobel; o potencial da sua criação - a capacidade de cultivar quantidades infinitas de comida boa e barata nos desertos - é assim de enorme.

Só há um problema nisso tudo. Embora ele e a sua família tenham construído a estufa da Austrália do Sul com as próprias mãos, a Sundrop agora abandonou praticamente cada pedaço da ultrassimples tecnologia de Paton, por considerá-la aparatosa demais e sem esperanças comerciais. Alguns painéis solares feitos em casa pela família Paton, com molduras de madeira, ainda estão ligados, alimentando ventiladores, mas estão se desmanchando. Quase todo o restante das instalações deles foi substituído por um kit "hi-tech" que o pai espiritual da empresa vê com desdém. Ele menospreza os reluzentes novos espelhos móveis de US$ 250 mil vindos da Alemanha, e a ruidosa usina suíça de dessalinização, com seus tanques de troca de calor, como meros "penduricalhos" para impressionar investidores. A Sundrop e a Seawater romperam a sociedade, e Paton os acusa de abandonar a sustentabilidade por causa dos interesses da cobiça comercial. Ele ficou particularmente incomodado com a instalação de uma caldeira a gás sobressalente, para manter a plantação segura se houver alguns dias consecutivos de céu nublado.

Mas voltaremos a Charlie Paton depois; infelizmente, talvez, os acontecimentos no deserto da Austrália do Sul estejam fazendo sombra às dúvidas e atribulações da inspiração original deles. E acontecimentos é que não faltam. "Esses caras foram ousados e aventureiros por terem a audácia de pensarem que conseguiriam fazer isso", diz Neil Palmer, diretor de um instituto australiano de pesquisas de dessalinização financiado pelo governo. "Eles estão fazendo alimentos sem risco, eliminando os problemas causados não só por inundações, geadas e granizo, mas também pela falta de água, o que agora se torna uma não-questão. Além do mais, se destaca comercialmente e é replicável infinitamente em escala - não há escassez de luz solar ou água do mar aqui. É tudo muito impressionante."

"O céu é realmente o limite agora", confirma o engenheiro hídrico holandês Reinier Wolterbeek, gerente de projeto da Sundrop. "Por um lado, somos todos jovens e muito ambiciosos. É assim que selecionamos novos membros da equipe. E, tendo demonstrado para horticultores, economistas e compradores de supermercados cabeças-duras que o que podemos fazer funciona, e faz sentido comercial, existe agora a possibilidade de criar proteínas também nesses ambientes fechados e controlados das estufas. E isso significa alimentar o mundo, nada menos."

Um bônus inesperado do sistema da Sundrop é que as verduras e os legumes produzidos, embora dando o ano todo e satisfazendo à exigência de imaculada perfeição estética dos supermercados, também podem ser efetivamente orgânicos. Eles não podem ser chamados de orgânicos (pelo menos não na Austrália) porque são cultivados de forma "hidropônica" - não no solo -, mas são totalmente livres de pesticidas, um ponto que os supermercados australianos estão aproveitando nas suas propagandas, e aparentemente alimentados apenas com nutrientes benignos. A Sundrop já está sendo vendida em mercearias de Port Augusta como uma marca refinada, com preocupações éticas e ambientais.

Como não há escassez de deserto no qual se instalar, uma estufa da Sundrop pode ser construída isolada das outras, sendo assim menos propensa ao alastramento de pestes. As que se infiltram podem ser eliminadas naturalmente. Nesse micromundo preservado, Dave Pratt, com seu confiável aplicativo do iPhone, está livre para brincar de Deus. Dave não só tem um enxame de abelhas particulares para fazer suas coisas dentro da estufa (e que também vivem uma vida encantada, pois desfrutam do clima perfeito controlado por Dave, e sem predadores), como ele também comanda um pelotão de "insetos benéficos", chamados Orius, ou percevejos piratas. Eles matam pestes que destroem cultivos, chamadas tripes, e fazem isso - o que é estranho na natureza - não para comê-las, mas por, digamos, diversão. Então, a não ser que você lamente pelas tripes, ou acredite que o alimento só deva ser cultivado no próprio solo de Deus, e sujeito às próprias pestilências de Deus, o produto da Sundrop parece ser puro e ético o suficiente para satisfazer até aos mais ecoexigentes.

O fundador e executivo-chefe da Sundrop, por outro lado, não se parece à primeira vista com um garoto propaganda do guerreiro ecológico. Claro, há uma rapaziada bem sofisticada mexendo com a agricultura ética e orgânica, mas, no papel, Philipp Saumweber poderia ser uma daquelas figuras que estão nas comédias para serem odiadas por tudo. Ele é um alemão rico, formado em Gordonstoun, com MBA em Harvard, modos impecáveis, sotaque americano, eficiência teutônica e uma carreira que o levou do cargo de gerente de fundos de hedge no Goldman Sachs para a empresa de investimentos agrícolas da sua família, com sede em Munique. Mas, naquela típica maneira pela qual os estereótipos podem enganar você, Saumweber, além de ser um homem agradável, de fala suave e claramente visionário, também foi capaz de fazer funcionar uma ideia brilhante, mas capenga, transformando uma charmosa tecnologia britânica, uma espécie de Amstrad, no equivalente à Apple em termos hortícolas.

Logo depois de mergulhar na agricultura como negócio, diz o executivo, ele percebeu que essa atividade envolvia essencialmente "transformar diesel em comida e acrescentar água". Seja você um abraçador de árvores ou um triturador em números, raciocinou Saumweber, isso não é bom. "Então comecei a me interessar pela ideia da agricultura salina. A água doce é tão escassa, mas estamos quase nos afogando em água do mar. Passei um tempão em bibliotecas pesquisando isso, o nome de Charlie Paton não parava de aparecer, e foi isso que iniciou as coisas. Ele estava trabalhando nessa tecnologia desde 1991, era inteligente e, embora sua abordagem fosse obviamente caseira e nenhum dos seus projetos tivesse realmente funcionado - na verdade, todos tinham sido cancelados -, ele tinha algo promissor demais para ignorar."

Apesar de ter pagado a Paton uma grande e não-revelada gratificação financeira quando a Sundrop e a Seawater se divorciaram, em fevereiro - uma soma com a qual Paton ainda diz estar muito feliz -, Saumweber continua a falar de forma elegante sobre seu ex-sócio, e diz que gostaria que ele ainda estivesse a bordo, já que ele é um melhor propagandista e vendedor dessa suprema tecnologia sustentável do que qualquer outra pessoa que ele já tenha conhecido.

"O que nós gostamos na ideia do Charlie, assim como os engenheiros que trouxemos para avaliar a Seawater Greenhouse, é que ela tratava duplamente da questão da água, ao propor uma estufa que produzisse água de forma elegante, e ligasse isso a um sistema que usa a água do mar para resfriar a estufa", lembra Saumweber.

"O que não percebemos no começo, e não acho que Charlie tenha jamais se ajustado totalmente a isso, era que até nas regiões áridas você pode ter dias frios, e uma estufa precisa de aquecimento - daí a caldeira a gás, que entra para produzir calor e eletricidade quando fica frio ou nublado, mas o que chateou tanto o Charlie foi que isso significou que não éramos mais 100% energia-zero. O que o Charlie ignorou é que você pode cultivar qualquer coisa sem calor e refrigeração, mas ficará defeituoso e malformado, e será rejeitado pelos supermercados. Se você não se adequar aos padrões deles, você não é pago. Seria ideal se esse não fosse o caso, mas não podemos encarar o desafio de mudar o comportamento humano."

"Então, no final, tínhamos visões muito diferentes sobre para onde o negócio deveria ir. Ele havia encontrado a plataforma perfeita para continuar fuçando e experimentando, enquanto nós só queríamos entrar em produção. Ele é um ótimo homem e partilho de muitas das suas visões ecológicas, mas não era possível permanecermos juntos."

Quando você visita a agradável família Paton em Hackney, fica claro que o incidente da caldeira a gás no deserto esteve longe de ser a razão integral para o rompimento com a Sundrop. Havia também um sério choque de estilos. Saumweber é um executivo bancário de formação, e vive na próspera zona oeste de Londres, enquanto a família Paton é artística e passa parte do tempo numa clareira florestal em Sussex, numa casa de madeira sem eletricidade. Charlie, um amador de espírito xereta, um polímata altamente ilustrado, e não um cientista, é também um homem orgulhoso, cujos intensos olhos azuis ardem quando ele discute como sua invenção foi, na sua opinião, degradada pelos ambiciosos rapazes e moças que a levaram para o patamar seguinte.

A diferença era essencialmente política, um cisma entre idealistas e pragmáticos, não muito diferente do racha entre velho trabalhismo e novo trabalhismo [na política britânica]. A família Paton - Charlie, a mulher dele, Marlene McKibbin, que é joalheira e professora de uma escola de artes, o filho Adam, 25, engenheiro de design, e a filha Alice, 26, formada em belas-artes - é uma gente firme, cheia de princípios, que se reúne quase todos os dias para um almoço familiar, como se fosse uma versão com trigo integral e azeite de oliva palestino orgânico da família Ewing no Southfork Ranch.

O método da Seawater Greenhouse, que a família ainda promove ativamente, não envolve nenhuma usina dessalinizadora, nenhum espelho solar reluzente, e pouca coisa de eletrônica. Tudo na visão da Seawater Greenhouse é de baixa tecnologia, barato de iniciar e dependente da sutil e suave interação da evaporação e condensação da água marinha com o vento, tanto o natural quanto o artificial, soprado por ventiladores alimentados por painéis solares. Se as coisas derem erradas e a produção for atrapalhada por um defeito nesse modelo, é só convencer as pessoas a consumirem produtos perfeitamente bons, mas de aspecto esquisito - ou então colher menos e se manter firme com seus princípios sustentáveis.

Embora o conceito seja atraente e a filosofia esteja em sintonia com muitos consumidores "verdes", as instalações da Seawater Greenhouse são menos elegantes. Dave Pratt, recém-chegado à equipe depois de cultivar tomates no Canadá, quase deu meia-volta ao ver o kit que Adam e Alice Paton haviam montado a duras penas. "Era como uma construção da Família Buscapé", diz Pratt. "Eles pretendiam fazer aqueles 15 mil tubos plásticos feitos à mão funcionarem como trocadores de calor, mas eles só respingavam água do mar nas plantas, o que era desastroso."

A perspectiva de Paton sobre as coisas, naturalmente, é um pouco diferente. "Eu tive um desentendimento com Philipp", diz ele. "Era uma 'joint venture', mas discordamos sobre várias coisas. Sendo um investidor cauteloso, ele chamou consultores e horticultores, e um deles disse: 'Se você não colocar uma caldeira a gás, você vai perder dinheiro e obter um produto ruim'. Fui convencido da necessidade de alguma calefação, mas ela poderia ser fornecida por painéis solares. Não era para tanto, talvez, mas era uma síndrome que percorria tudo o que nós fazíamos. Philipp é o rei da planilha, e tentar fazer os números retornarem o levava a apressar tudo. Sou totalmente a favor de a coisa ser lucrativa, mas há níveis de cobiça que eu acho um pouco, bom, não muito corretos. Eu desejo bem a ele, no entanto, e se for fabulosamente bem sucedido, então tudo bem."

O que será então da família Paton agora? "Bom, a indenização que recebemos foi suficiente para continuarmos por aí durante algum tempo. Estamos animados em colocar um novo projeto em andamento em Cabo Verde, onde eles não produzem alimento nenhum, e eles pareceram interessados. E temos conversado sobre um projeto em Somalilândia [uma região extraoficialmente autônoma da Somália], mas isso seria difícil, porque lá não tem nem um hotel onde a gente se hospedar."

Charlie Paton, embora seja o criador reconhecido da ideia de cultivar alimentos ilimitados em condições impossíveis, parece quase fadado a seguir a tradição britânica dos gênios que mudam o mundo trabalhando por hobby nas suas oficinas e nos seus galpões de jardim, mas que, por não serem comerciais, e talvez por evitarem em grande medida o profissionalismo, perdem o quilômetro final e a grande recompensa.

"Vamos absolutamente continuar nisso do nosso próprio jeito", diz ele, "mas não me sinto realmente tão proprietário. O coração da tecnologia é na verdade um pedaço de papelão encharcado. Não se pode patentear nem proteger a ideia do resfriamento evaporativo. A ideia de usar a água do mar para fazer isso foi absolutamente um grande avanço, mas, novamente, não se pode patentear isso. A principal coisa é que somos nós que ainda estamos colhendo os louros, e acho que isso deixa o Philipp realmente irritado".

Tradução RODRIGO LEITE

 

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