Descrição de chapéu Independência, 200

Museu do Ipiranga lança vídeos de música e dança a 100 dias do bicentenário

Produções são da orquestra Brasil Jazz Sinfônica e da São Paulo Companhia de Dança

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Belo Horizonte

​​No corredor de um Museu do Ipiranga em obras, um homem toca violoncelo sozinho.

As notas iniciais já denunciam os acordes do Hino da Independência, composto por dom Pedro 1º em 1822. Mas mesmo antes dos demais instrumentos da orquestra se unirem ao solo, são os passos de operários, as marteladas de marceneiros e a lixa de pintores que ajudam a ditar o ritmo da música.

A peça descrita acima, concebida em vídeo pela Brasil Jazz Sinfônica, foi lançada na noite desta segunda-feira, 30 de maio, a 100 dias do bicentenário da Independência do Brasil.

Fruto de uma parceria do Museu do Ipiranga com a Jazz Sinfônica e a Fundação Padre Anchieta, instituição que gere a orquestra, o vídeo é uma das ações que marcam a contagem regressiva pela reinauguração do museu.

Após dois anos e meio em processo de reforma, ampliação e restauração, o espaço tem reabertura prevista para o dia 7 de setembro deste ano.

"A gente acabou afinando serras elétricas e furadeiras", lembra o maestro da Jazz Sinfônica, Ruriá Duprat, responsável pelo arranjo da música. Segundo ele, o principal objetivo do vídeo —homenagear as centenas de pessoas que trabalharam na reforma do museu— veio após uma visita técnica à instituição.

"Me chamou a atenção uma equipe de marceneiros que estava trabalhando de maneira muito coordenada. O primeiro riscava um batente, o segundo cortava com uma serra, o terceiro marcava pontos, o quarto já ia com uma furadeira e o quinto já levava aquilo para ser instalado", ele descreve, destacando o universo sonoro de todo aquele trabalho.

"Isso é exatamente o que acontece numa orquestra sinfônica", conta Duprat. "Os naipes [famílias de instrumentos] têm que estar muito bem coordenados entre si para que eles possam se concatenar num segundo momento e interagir".

Em primeiro plano, está um homem branco que usa terno e um óculos de aro verde. Segura, abaixada, uma batuta, a varinha do maestro. Atrás dele, registrado de baixo para cima, está o monumento à independência, grande estátua que registra o grito do Ipiranga e a cavalaria de dom pedro 1º
O maestro Ruriá Duprat em frente ao Monumento à Independência, no dia da gravação - Nadja Kouchi / Divulgação

Era esse o estalo que a Jazz Sinfônica precisava. A partir da ideia, e com um aparato de filmagem, a equipe de produção dispôs uma "nova" orquestra, composta pelos músicos da Jazz Sinfônica e pelos próprios trabalhadores do museu.

Juntos, propuseram uma releitura do Hino da Independência, considerando os atributos de originalidade e modernidade. "Nós criamos quase que uma fantasia em cima desse material sonoro para, justamente, poder chegar um pouco mais na contemporaneidade", Duprat explica. "A gente precisava, com certeza, emocionar. Esse era o nosso objetivo maior".

Objetivo alcançado —ao menos no caso de Rosaria Ono, diretora do museu, que chorou ao fim do vídeo. "Essa parceria é importante para trazer outras faces da cultura para o museu", diz ela.

O vídeo foi concebido por Fabio Borba e tem direção de Jarbas Agnelli.

Ocupar dançando

Quem também se juntou à agenda comemorativa foi a São Paulo Companhia de Dança (SPCD), que também lançou nesta segunda (30) o primeiro vídeo da websérie SPCD no Museu.

O grupo vai lançar cinco videodanças de maio a setembro, com coreografias realizadas em diferentes espaços do Museu do Ipiranga.

"A ideia é dialogar com esses grandes marcos da nossa cidade e trazer um olhar diferente para o público", afirma Inês Bogéa, diretora artística da companhia e co-diretora da websérie.

"Podemos observar essa relação da arquitetura com a dança em vários ângulos, já que a câmera te permite isso, e notar como isso faz parte do nosso cotidiano, detalhes que nem sempre conseguimos perceber."

No primeiro vídeo, as bailarinas Ana Roberta Teixeira, Luiza Yuk e Pâmella Rocha dançam "Verso", uma coreografia do também bailarino André Grippi, numa das varandas do museu. "Você estará assistindo a um contato inicial, que te convida a entrar no museu", diz Bogéa.

Filmado ao entardecer, o vídeo é também o registro de uma dança entre a câmera, as bailarinas e o espaço. Uma experiência, segundo a diretora, de ressignificação do ambiente por meio da dimensão humana da dança.

Os episódios da websérie têm codireção e edição de vídeo de Alexandre Cruz e trilha sonora de André Mehmari. Os próximos serão divulgados nos canais da companhia e do museu nos dias 14 de junho, 12 de julho, 9 de agosto e 1º de setembro.

Reta final

Há uma semana, os acervos para a reinauguração começaram a chegar ao museu. Como conta a diretora Rosaria Ono, são 49 salas a serem montadas com exposições. "Estamos nessa fase final para preparar todas as exposições e poder receber o público", conta.

A instituição é a casa do quadro "Independência ou Morte" (1888), de Pedro Américo, e de uma maquete que reproduz a cidade de São Paulo em meados do século 19, entre outras peças históricas.

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