Selo de "cozinha responsável" estreia em fevereiro em SP

MARA GAMA
DE SÃO PAULO

Com uma oficina de compostagem de alimentos orgânicos, na tarde do dia 22, uma equipe do Clarion, da rede de restaurantes Badebec, cumpriu mais uma das etapas de treinamento para a obtenção do primeiro selo de Cozinha Saudável Responsável (CSR) de São Paulo. O certificado será dado no próximo dia 9 de fevereiro.

Para obter o selo, um estabelecimento tem de se submeter a um processo educativo para atender a 28 critérios, que vão do abastecimento ao descarte, passando pela elaboração do cardápio, pela comunicação eficaz com os clientes e pelo engajamento em campanhas pela diminuição do consumo de carne.

Ele pode ser adotado também em hotéis, refeitórios de escolas, hospitais e indústrias e é baseado em cinco "pilares": alimento, saúde, ética sócio-ambiental, bem estar da equipe e arte/cultura.

No cardápio, 100% dos ingredientes devem estar livres de químicos, devem ser privilegiados alimentos sustentáveis, como orgânicos, integrais e naturais e comprados de produtores locais.

A oferta de pratos associados a dietas especiais deve ser incrementada, para atender à crescente demanda por alimentos sem lactose, glúten ou carnes vermelhas, com a sinalização adequada de ingredientes para a clientela. A participação no programa segunda-feira sem carne é item obrigatório.

Na cozinha, a regra geral é aproveitar integralmente os ingredientes e evitar o desperdício dos alimentos frescos.

O CSR é uma iniciativa brasileira. Tem dois estabelecimentos certificados em Florianópolis, Lucila Bistrô e Ponto do Pão, segundo Ana Rita Cohen, sua criadora.

Ana Rita é formada em Arte e Educação e consultora em gestão de gastronomia, culinária saudável e desenvolvimento sustentável.

Ela começou a sistematizar a metodologia que deu base à certificação em 2008. O processo durou até 2012. Com a colaboração da empresa francesa de inspeção e certificação Ecocert, o sistema de avaliação foi transformado em certificação a partir de 2014.

Hoje, segundo ela, é o único selo de qualidade brasileiro que une cozinha de alimentos saudáveis e empresa responsável, com boas práticas que regulam desde os ingredientes até o tratamento com as equipes de colaboradores, que inclui a promoção de atividades físicas.

As principais referências fora do Brasil foram os selos Leaf , no Canadá, e Green, nos Estados Unidos. O Leaf também dá certificação aos fornecedores de restaurantes. O Green é dado pela Green Restaurant Association's (GRA). Seu objetivo é tornar transparentes os compromissos graduais dos restaurantes com o meio ambiente e a sustentabilidade. Fazem parte dos critérios a eficiência de água e energia, a redução de lixo e a reciclagem, o uso de materiais de construção duráveis nos estabelecimentos e a preferência aos utensílios reusáveis.

COMPROMISSO

"O selo é uma ferramenta visual e palpável. É um compromisso com a saúde do consumidor, uma responsabilidade assumida e pública. Serve como garantia de que você será bem atendido na sua alimentação em um determinado restaurante", diz Ana Rita.

Para isso, afirma, é preciso que o cliente possa saber quais são os ingredientes usados, como foram cultivados, como os pratos foram preparados, se a empresa tem responsabilidade social e ambiental, fazendo a destinação correta de resíduos e evitando o uso de embalagens nocivas ao meio ambiente. Horta, compostagem e coleta de óleo fazem parte dos processos adotados.

A transparência em relação a todos esses processos contribui para o aumento da confiança dos consumidores, acredita Ana Rita.

A criadora do selo considera que ainda são poucos os empresários que têm preocupação com um dos itens fundamentais da certificação: o bem estar de suas equipes. "Os colaboradores são o tesouro das empresas. É preciso cuidar da saúde deles e deixar claro o planejamento que os inclui", diz.

Além de serem os responsáveis pelo atingimento das metas, eles podem se tornar multiplicadores das boas práticas.

Por esse motivo, a certificação seria um processo "de sensibilização e de humanização da empresa". São três etapas: inicial, equivalente ao atingimento de 50% do 28 critérios; padrão, com 75% a 85% dos critérios; e excelência, de 85% a 100% dos quesitos. "São seis meses para o ciclo funcionar", diz Ana Rita.

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