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China acelera plano de expansão no Brasil e na América Latina

Para país asiático, protecionismo de Trump abre espaços para maior presença

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Máscaras de Donald Trump em fábrica de Jinhua, na China
Máscaras de Donald Trump em fábrica de Jinhua, na China - Aly Song/Reuters
Brasília

O protecionismo comercial do presidente Donald Trump acelerou um plano da China que já estava em andamento: ocupar o espaço dos Estados Unidos como principal parceiro dos países da América Latina e do Brasil.

Uma ação mais agressiva na região é uma tática já assumida por porta-vozes do país asiático."Enquanto há alguém fechando a porta neste momento, nós estamos abrindo", disse o encarregado interino de negócios da embaixada chinesa no Brasil, Yang Song, referindo-se a Trump.

Desde 2013, quando lançou a política "One  belt, one  road" ("Um cinturão, uma rota" em português) de expansão global baseada na maior conexão com países em desenvolvimento, a China dobrou os desembolsos na América Latina.

O estoque de investimentos chineses na região é de US$ 207 bilhões, segundo Song, dos quais US$ 50 bilhões só no Brasil. "A América Latina respondeu por 15% de todo o investimento da China, perdendo somente para os países da Ásia."

Infraestrutura, telecomunicações, energia, tecnologia e alimentos são os alvos de interesse dos chineses na região. As transações comerciais da China com a América Latina já superam US$ 200 bilhões, segundo os representantes chineses.

"Com o Brasil, nossa relação sempre foi de deficit [em favor do Brasil nas relações comerciais] e nunca nos queixamos", disse Yang para explicar a posição. "Não queremos comprar o Brasil, queremos comprar do Brasil".

EVENTO

Para reforçar sua política de ocupação do espaço americano, a China promove um evento para atrair interessados em exportar para o país.

A China InternationalImport Expo ocorre no início de novembro, em Shangai. Empresas poderão expor seus produtos e serviços mirando um mercado de 1,3 bilhão de consumidores, cujo poder aquisitivo aumenta rapidamente. Segundo Yang, o mercado consumidor chinês deve movimentar cerca de US$ 10 trilhões em cinco anos.

No ano passado, o consumo doméstico respondeu por 65% do PIB chinês. "Sempre exportamos mais. Mas, neste ano vamos inverter, importando mais. A China vai ficar deficitária [na balança comercial]." Para isso, Song diz que o país pretende adquirir produtos com mais valor agregado. "Aguardamos a presença de empresas brasileiras de alta tecnologia", disse. "Claro que compramos soja, carne, produtos agrícolas, mas também compramos 110 aviões da Embraer."

Para isso, a China vem firmando parcerias com várias empresas brasileiras. Um dos projetos é o de ônibus elétricos, que serão produzidos pela Marcopolo no Brasil e vendidos para a China.

Carros produzidos pela Volkswagen e pela Fiat também conquistaram o mercado chinês no passado.

Esse movimento de abertura da China ao mercado internacional ocorre no momento em que o país tenta se firmar como "economia de mercado", status questionado pelos EUA no exterior.

Com a Impor Expo, a China quer mostrar ao mundo compromisso com a globalização e o multilateralismo e promete atrair 100 países a Shangai, além de empresários interessados em intensificar o comércio com a segunda maior economia do mundo.

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