Lançamentos e vendas de imóveis em SP saltam mais de 45% em 2017

Mercado reagiu após três anos de queda impulsionado pelo segmento econômico

Prédios no Jardim Paulistano, zona Oeste de SP - Marcelo Justo - 03.out.2017 / Folhapress
Anaïs Fernandes
São Paulo

Após três anos em queda, o número de lançamentos e vendas de imóveis residenciais novos na cidade de São Paulo voltou a crescer em 2017, informou o Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário) nesta terça-feira (20).

Foram 28,7 mil unidades lançadas na capital no ano passado, alta de 48% em relação a 2016, quando houve retração de 15,7%. 

As vendas líquidas subiram 46,1%, com 23,6 mil unidades comercializadas. Em 2016, a queda foi de 19,7%.

A zona oeste concentrou um quarto dos lançamentos, enquanto a região leste registrou 25% das vendas.

O segmento de imóveis econômicos impulsionou a reação do setor: a maioria das unidades lançadas e vendidas tinham dois quartos, mediam menos de 45 metros quadrados e custavam até R$ 240 mil. Além disso, a participação do Minha Casa Minha Vida passou de 23% dos lançamentos em 2016 para 36% no ano passado.

O VGV (Valor Global de Vendas) —que soma o valor potencial de venda de todas as unidades de um empreendimento que será lançado— passou de R$ 8,9 bilhões para R$ 11,4 bilhões.

O preço dos imóveis lançados ficou estável na comparação anual, com o metro quadrado custando cerca de R$ 8.700.

"Os lançamentos têm sido feitos em terrenos já adquiridos. No segundo semestre, as construtoras devem voltar a buscar novos terrenos", diz Flávio Prando, vice-presidente de intermediação imobiliária e marketing do Secovi.

A cidade fechou o ano com 22 mil unidades residenciais novas em oferta, um estoque 8,7% menor que o registrado em 2016.

"Não é um número que nos preocupa, porque grande parte das unidades em oferta final é de lançamentos feitos no segundo semestre, não de unidades de anos anteriores. Essa fase [de investimento pesado das construtoras para desovar estoques] já passou", diz Celso Petrucci, economista chefe do sindicato.

Apesar dos bons indicadores, o mercado ainda não conseguiu atingir níveis pré-crise, quando lançamentos e vendas chegaram à faixa de 30 mil unidades.

Para 2018, a perspectiva do Secovi é que os lançamentos se mantenham estáveis ao longo do ano em número de unidades, "porque não sabemos se conseguiremos aprovar mais tantos projetos do Minha Casa Minha Vida", explicou Petrucci.

"As vendas devem crescer entre 5% e 10%", completou.

O Secovi avaliava em boletins anteriores que uma reação contundente do mercado dependeria de alterações na Lei de Zoneamento de São Paulo, que foi para consulta pública nesta terça, e da aprovação da reforma da Previdência, oficialmente adiada pelo governo na segunda (19).

"Era importante ter votado a Previdência, e a postergação traz impactos, mas acreditamos que a reforma vai acontecer. Por outro lado, são positivos os itens apresentados na agenda econômica do governo, principalmente para nós o que trata dos distratos [cancelamento da compra do imóvel]", diz Flavio Amary, presidente do Secovi.

Os distratos na capital fecharam o ano em 11,9%, já abaixo do pico de 23,5% em agosto de 2016.

Segundo Amary, há um projeto de lei do senador Romero Jucá (MDB-RR) e um relatório final apresentado pelo deputado José Stédile (PSB-RS) na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara.

"O governo precisa escolher onde vai trabalhar, mas resolver essa questão do distrato pode ter um impacto mais positivo para o setor do que votar a Previdência agora", diz Amary.

Ele ressalta ainda que as taxas para o financiamento imobiliário deveriam cair. "Quando a Selic [taxa básica de juros] subia, as taxas subiam. Agora, a Selic cai e não vemos essa mesma movimentação."

"Existe espaço para as taxas caírem a números de 2010, entre 8% e 9%", diz Petrucci. 

GRANDE SP

Na região metropolitana de São Paulo (exceto a capital) houve queda de 19% nos lançamentos em 2017 sobre o ano anterior.

Em relação às vendas, foram comercializadas 7,8 mil unidades, uma variação negativa de 13%.

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