Temor sobre juros nos EUA derruba Bolsas

Dólar também reagiu e se valorizou em todo o mundo. No Brasil, 1,45%, para R$ 3,215.

NY recua 2,54%, maior tombo desde junho de 2016 - AP
Danielle Brant
São Paulo

O fortalecimento do mercado de trabalho americano, se boa notícia por confirmar a recuperação econômica da maior potência mundial, teve o efeito colateral de mergulhar as principais Bolsas em terreno negativo, diante da perspectiva de mais aumentos de juros nos EUA.

Foi uma sucessão de perdas. A Bolsa brasileira recuou 1,7% e teve a primeira queda semanal desde a encerrada em 15 de dezembro.

O dólar também reagiu e se valorizou em todo o mundo. No Brasil, a moeda subiu 1,45%, para R$ 3,215.

O Dow Jones, índice das ações mais negociadas de Nova York, perdeu 2,54%, na maior queda diária desde 24 de junho de 2016. Foi ainda a pior semana em mais de dois anos, desde a encerrada em 8 de janeiro de 2016.

O S&P 500 recuou 2,12%, na maior desvalorização diária desde 9 de setembro de 2016. Na semana, a queda foi de 3,85%, a pior também desde a encerrada em 8 de janeiro de 2016.

A Nasdaq caiu 1,96%. Na semana, a retração foi de 3,53% --a maior desvalorização desde a semana encerrada em 5 de fevereiro de 2016.

Tudo vermelho na Europa também. A Bolsa de Londres recuou 0,63%. Paris teve queda de 1,64%. Em Frankfurt, a desvalorização foi de 1,64%.

As perdas generalizadas ocorreram após a notícia de que os Estados Unidos criaram 200 mil vagas de trabalho em janeiro --20 mil acima do esperado por analistas.

O dado forte já faz especialistas revisarem o cenário para o ano e projetarem mais altas de juros no país --o Fed, banco central americano, sinaliza três aumentos. Se confirmado, tende a atrair dinheiro de investidores para a segurança dos títulos públicos americanos, tirando recursos das Bolsas.

"O noticiário lá fora pesou, com preocupação sobre o aperto monetário nos principais bancos centrais. Há sinalização de mudança no Japão e dúvidas sobre o Fed", afirma Mário Roberto Mariante, analista-chefe da Planner Corretora.

Analistas veem ainda realização de lucros.

"Tem espaço para realização, e a justificativa começa a vir lá de fora. Do lado doméstico, temos só a reforma da Previdência pela frente. É uma queda natural, é saudável realizar [embolsar lucro] um pouco. A gente capturou um mau humor lá fora que, se persistir, pode continuar pesando na semana que vem."

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