Ameaça de guerra comercial entre EUA e China impacta Bolsas pelo 2º dia

Nos EUA, índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq têm pior semana desde janeiro de 2016

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Operadores na Bolsa de Nova York: mercados caem com ameaça de guerra comercial entre EUA e China
Operadores na Bolsa de Nova York: mercados caem com ameaça de guerra comercial entre EUA e China - AFP
São Paulo

A probabilidade cada vez maior de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China afetou os mercados acionários globais pelo segundo dia e contaminou a Bolsa brasileira, que teve um dia de forte instabilidade. O dólar fechou em alta e encostou em R$ 3,32.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, recuou 0,46%, para 84.377 pontos. Na semana, a queda foi de 0,60% —a segunda desvalorização semanal seguida. O volume financeiro negociado foi de R$ 10,3 bilhões. A média diária de março está em R$ 11,3 bilhões.

O dólar comercial subiu 0,27%, para R$ 3,319. É o maior valor desde 22 de dezembro de 2017. Na semana, subiu 1,2%. O dólar à vista subiu 0,14%, para R$ 3,306.

As atenções se voltaram, pelo segundo dia, à cada vez mais concreta guerra comercial entre Estados Unidos e China. As preocupações tomaram corpo na quinta (23), quando o governo americano impôs tarifas sobre US$ 60 bilhões em produtos chineses, o que equivale a 10% das exportações do gigante asiático aos EUA.

Em resposta, a China indicou que pode retaliar US$ 3 bilhões em produtos importados dos Estados Unidos para equilibrar as tarifas impostas pelo governo americano.

As movimentações dos dois países aumentam a aversão de investidores a risco. Como resposta, os principais indicadores americanos tiveram a pior queda semanal desde janeiro de 2016. O Dow Jones recuou 5,67% nesta semana, o S&P 500 caiu 5,95% e o índice da Nasdaq perdeu 6,54%.

Na Europa, os mercados fecharam em baixa nesta sexta, refletindo o temor com o conflito entre EUA e China. A Bolsa de Londres caiu 0,44%. Paris se desvalorizou 1,39%, e Frankfrut teve baixa de 1,77%. Madri (-0,99%), Milão (-0,49%) e Lisboa (-0,57%) tiveram perdas também.

"Há esse temor de uma guerra comercial e algumas manobras já começam a aparecer para enfraquecer o governo Trump. Se ele sair, os mercados devem dar uma corrigida, porque as empresas e indústrias consideram bom o plano de reforma tributária dele", avalia Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S. "Se essa desoneração for revista, tudo pode recuar."

No mercado brasileiro, a instabilidade também contou com o fator incerteza política, um dia após o STF (Supremo Tribunal Federal) adiar até 4 de abril o julgamento do habeas corpus pedido pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até lá, uma liminar proíbe a prisão do petista.

"Há uma ressaca do julgamento de quinta. Não é novidade dizer que o mercado não deseja sequer uma possibilidade de candidatura do ex-presidente, e também não quer ter uma incerteza jurídica", ressalta Wolwacz

Para Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da casa de análises Levante, a reação do mercado é natural. "A gente saiu da discussão sobre as tarifas sobre aço e alumínio, que estava derretendo os mercados. Teve um dia positivo após o banco central americano subir juros, e depois vem essa medida. Retaliação para todos os lados, não está com cara de que vai melhorar muito", diz.

AÇÕES

Dos 64 papéis do Ibovespa, 46 caíram, 16 subiram e duas fecharam estáveis.

A BB Seguridade liderou as altas na sessão, ao avançar 3%. A Suzano subiu 2,12% e a Smiles se valorizou 1,42%.

Na ponta contrária, as ações da Kroton e da Estácio Participações encabeçaram as baixas, com quedas de 4,53% e 3,50%, respectivamente. A Cielo caiu 2,74%.

As ações da Petrobras subiram, em linha com o avanço do petróleo no exterior. A alta ocorreu após o ministro de Energia da Arábia Saudita afirmar que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e produtores aliados precisam continuar a coordenar cortes de produção em 2019, conforme crescem preocupações com o futuro das exportações de petróleo do Irã.

As ações preferenciais da estatal subiram 0,14%, para R$ 21,75. Os papéis ordinários tiveram alta de 0,20%, para R$ 23,71.

A mineradora Vale perdeu 0,79%, para R$ 41,60, em dia de desvalorização do minério de ferro.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco subiram 0,48%. Os papéis preferenciais do Bradesco tiveram alta de 0,68%, e os ordinários se valorizaram 1,21%. O Banco do Brasil recuou 0,70%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil recuaram 0,62%.

Nos Estados Unidos, o dia foi de estreia das ações da Dropbox, que subiram 35%, no melhor início de negociações de uma empresa do setor de tecnologia desde o Snap.

Bolsa de valores de Nova York
Bolsa de valores de Nova York - Stephen Chernin/Getty Images/AFP

CÂMBIO

O dólar ganhou força ante 23 das 31 principais moedas do mundo. 

O Banco Central vendeu os 14 mil contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) para rolar os contratos que vencem em abril. Até agora, já rolou US$ 7 bilhões dos US$ 9,029 bilhões. 

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve alta de 3,23%, para 171,5 pontos. 

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram resultados mistos. O DI para abril deste ano caiu de 6,394% para 6,393%. O DI para janeiro de 2019 subiu de 6,240% para 6,245%.

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