Consultoria enviou 10 mil anúncios de Trump por redes sociais, diz jornal

Cambridge Analytica mandou publicidades diferentes dependendo do perfil do usuário

Placa na entrada do escritório da Cambridge Analytica em Londres - Daniel Leal-Olivas / AFP
São Paulo

A Cambridge Analytica, consultoria em análise de dados que está no centro do escândalo envolvendo o uso de informações pessoais de 50 milhões de usuários do Facebook, enviou 10 mil anúncios diferentes da campanha do republicano Donald Trump durante os meses que precederam as eleições americanas de 2016.

Segundo reportagem do jornal The Guardian, as propagandas foram distribuídas a partir de algoritmos que direcionavam mensagens diferentes para cada usuário, dependendo de seu perfil, local de residência e preferências.

A publicação britânica teve acesso a documento interno de 27 páginas da Cambridge Analytica, que apontam que os anúncios foram vistos bilhões de vezes a partir de plataformas como Google, Snapchat, Twitter, Facebook e YouTube.

O uso de informações pessoais para influenciar as eleições que levaram Trump à Casa Branca colocaram a rede social e a Cambridge Analytica no centro de uma crise que levou Marc Zuckerberg, presidente do Facebook, a pedir desculpas publicamente na última quarta (21).

Brittany Kaiser, que foi diretora de negócios da Cambridge Analytica, confirmou ao The Guardian a veracidade do documento e disse que essas eram realmente as práticas da companhia. 

Ela também confirmou o uso dessas estratégias no referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia, o "brexit".

Segundo Kaiser, o documento era usado para apresentar o trabalho da consultoria a potenciais clientes.  Interessados em ver a apresentação tinham de assinar documento se comprometendo a não revelar o conteúdo.

SEM ESTRUTURA

O documento afirma que, antes de contratar a Cambridge Analytica e logo após Trump se tornar o candidato, a campanha do republicano não tinha uma estratégia digital nem uma infraestrutura adequada para trabalhar com dados de diferentes fontes.

Por outro lado, um membro destacado da campanha de Trump disse ao jornal que a consultoria exagerava ao tentar mostrar sua importância. Segundo ele, muito do que ela dizia ter feito foi, na verdade, realizado pelo Comitê Nacional Republicano e por Brad Parscale, responsável pela estratégia digital de Trump.

O documento dá poucas informações sobre como a Cambridge Analytica usou os dados obtidos a partir do Facebook. Menciona que a consultoria podia entender o efeito da propaganda personalizada sobre os eleitores a partir do monitoramento de suas redes sociais.

Ainda segundo o jornal The Guardian, as técnicas de marketing descritas pelo documento não são ilegais.

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