Descrição de chapéu inflação juros

Inflação sobe para 0,32% em fevereiro, mas taxa é menor para o mês desde 2000

Queda no preço dos alimentos compensa parte da alta provocada pela educação

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São Paulo e Nova York

A inflação oficial do país teve leve alta em fevereiro, mas não o suficiente para o índice disparar. O IPCA ficou em 0,32% no período, a menor taxa para o mês desde ano 2000, quando ficou em 0,13%.

Em janeiro, o índice havia sido de 0,29%. A alta de um mês para o outro foi influenciada pelo reajuste médio de 5,23% das mensalidades de cursos regulares no período de volta às aulas, segundo o IBGE, que divulgou os dados nesta sexta-feira (9).

O grupo educação, que subiu 3,89% em fevereiro, foi responsável por mais da metade de toda a inflação do período.

"Tradicionalmente fevereiro tem IPCA mais alto, mas dessa vez a surpresa veio da deflação dos alimentos. Isso fez a diferença em fevereiro, que sempre tem o impacto da educação”, disse o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves.

Depois de uma alta de 0,74% em janeiro, os preços de alimentação e bebidas caíram 0,33% no mês passado, com destaque para carnes (queda de 1,09%) e frutas (deflação de 1,13%).

"Alimentação tem sido um grupo importante para sustentar a taxa de inflação em níveis mais baixos. Mas não podemos esquecer que o desemprego ainda continua elevado e a recuperação da renda ainda é tímida, o que afeta o consumo e os preços", completou Gonçalves.

12 MESES

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA teve leve avanço para 2,86%, contra 2,84% nos 12 meses encerrados em janeiro, o que manteve o índice abaixo do piso da meta definido pelo Banco Central.

A meta da inflação para o ano é de 4,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, intervalo de 3% a 6%.

As pressões inflacionárias contidas em meio ao desemprego ainda elevado e à capacidade ociosa entre as empresas somam-se a uma economia ainda em recuperação gradual, o que ajuda o Banco Central a continuar cortando a Selic, a taxa básica de juros, hoje em 6,75% ao ano.

O BC indicou em sua última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que considerava fortemente deixar os juros estáveis, mas o presidente Ilan Goldfajn reconheceu depois disso que a inflação lenta vem surpreendendo até a própria autoridade monetária.

O mercado já avalia um novo corte da Selic. Segundo o último Boletim Focus, do BC, os analistas esperam que a taxa caia para 6,5% na próxima reunião do Copom, no dia 21 de março.

REAÇÃO

“Isso mostra que a inflação no Brasil está seguindo e reagindo da maneira esperada”, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. “É uma economia que tem ainda um desemprego elevado, capacidade ociosa na indústria e apesar disso, com investimento reagindo bem, acredito que estamos na direção correta. A economia está voltando ao normal.” 

O ministro declarou ainda que há “menos pressão salarial” e que “as companhias estão apostando no futuro”.

No último dia de sua visita aos Estados Unidos, onde se reuniu com investidores ao longo desta semana, Meirelles também comentou indicadores da economia americana, que acaba de divulgar a criação de 313 mil novas vagas de trabalho em fevereiro.

“O número de pessoas entrando no mercado de trabalho é grande”, disse. “O risco é uma reação da inflação americana que força o Fed a ter um movimento mais rápido do que o que está sendo esperado e precificado. Mas o fato é que a inflação está sob controle, o desemprego está baixo, mas está estável.” 

Ele se refere à alta nas taxas de juros esperadas ao longo deste ano, dizendo que outro risco pode ser uma demora do banco central americano a agir e “ter de reagir mais forte do que caso tivesse reagido” na hora adequada.

Com Reuters

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