Descrição de chapéu Donald Trump

Americanos querem reduzir em 30% exportação de aço acabado do Brasil

Negociação ainda não foi fechada; Brasil tenta ampliar a cota nos semiacabados

O presidente dos Estados Unidos, Donald trump, na Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Donald trump, na Casa Branca - Saul Loeb/AFP
Mariana Carneiro
Brasília

Os americanos propuseram ao Brasil reduzir a exportação de aço acabado aos Estados Unidos em 30%.

A proposta é aplicar a redução sobre a média vendida ao país dos últimos três anos. O aço acabado será dividido em quatro grupos, sobre os quais serão calculadas as cotas.

No caso dos aços semiacabados, as placas que ainda serão reindustrializadas nos EUA, a proposta do governo americano é manter a exportação na média dos últimos três anos, sem aplicar redutores.

Esse universo representa 80% das exportações de aço brasileiro aos EUA.

A questão é que os números de 2015 e 2016 foram baixos, segundo a indústria, o que deixaria o limite abaixo do desejado pelas siderúrgicas brasileiras.

A negociação ainda não foi fechada, e o Brasil tenta ampliar a cota nos semiacabados. Porém, este foi o último desenho apresentado pelos americanos ao decidir estender a isenção ao país da sobretaxa de 25%.

As exportações de aço representaram 10% das vendas aos EUA em 2017. O país é o nosso segundo principal mercado, atrás somente da China, daí a relevância que ganhou o tema.

A poucas horas do prazo final, o presidente dos Estados Unidos, Donald  Trump, decidiu prorrogar, na noite de segunda (30), a suspensão do aumento das tarifas de importação sobre o aço e o alumínio, que afetariam significativamente a indústria siderúrgica brasileira.

As siderúrgicas brasileiras já indicaram ao governo que aceitarão as cotas impostas pelo governo Trump.

Mas pessoas envolvidas na negociação afirmam que há sutilezas a serem acordadas, e este é o atual espaço de negociação.

Aceitar as cotas, diz a fonte, é a única saída, enfatizando que esta foi a oferta final do governo americano.

Em nota conjunta, o Itamaraty e o ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) afirmam que a indústria do alumínio indicou que a sobretaxa de 10% sobre o produto é menos prejudicial e a expectativa é que o desfecho, nestes produtos, caminhe para a sobretaxa.

Na nota, o governo brasileiro afirma ainda que foram apresentados os argumentos de que o aço brasileiro complementa a produção americana, uma vez que as exportações são principalmente de produtos semiacabados.

Outra fonte de preocupação dos americanos, o risco de triangulação de produtos chineses, também foi afastada, segundo a nota. 

"Dadas as características de integração vertical da produção brasileira, os custos logísticos e as medidas de defesa comercial adotadas pelo Brasil, não há risco de que o país sirva como plataforma de 'triangulação' de produtos de aço e de alumínio de outros países", diz a nota.

A negociação, porém, foi encerrada pelos americanos com a imposição das cotas.

"No dia 26 de abril, as autoridades norte-americanas informaram decisão de interromper o processo negociador e de aplicar imediatamente em relação ao Brasil, as sobretaxas que estavam temporariamente suspensas ou, de forma alternativa e sem possibilidade de negociação adicional, quotas restritivas unilaterais".

 

O AÇO É...

>  Uma liga de ferro e carbono, produzido, basicamente, a partir de minério de ferro, carvão e cal

>  Sua fabricação pode ser dividida em quatro etapas: preparação da carga, redução, refino e laminação

> Ele é aplicado em veículos, utensílios domésticos, embalagens, cabos elétricos, entre outros

> O aço representa:

56% do peso de um carro

55% do peso da geladeira

75% do peso do fogão

A produção de aço no mundo cresceu 5,3% em 2017 em relação ao ano anterior

Só a China produziu 831,7 milhões de toneladas de aço no ano passado

A China é líder em produção e exportação

A União Europeia e os Estados Unidos são os maiores mercados compradores

36,6% era a participação da China em 2007

A indústria de aço no Brasil...

...produziu 34,4 milhões de toneladas de aço em 2017, sendo 22,4 milhões delas de aços laminados. Os tipos mais usados dos aços laminados no país são o vergalhão (construção) e bobinas a quente (indústria).

O setor é formado por 14 empresas privadas, controladas por 11 grupos empresariais, operando 30 usinas distribuídas por 10 estados brasileiros.

> MG e RJ são responsáveis, cada um, por 30,8% da produção de aço do país;  ES ocupa a 2ª posição (21,7%)

Principais usinas:

RS

> Piratini (Gerdau)

> Riograndense (Gerdau)

PR

> Guaíra (Gerdau)

SP

> Pindamonhangaba (Gerdau)

> Mogi das Cruzes (Gerdau)

> São Paulo (Gerdau)

> Piracicaba (ArcelorMittal)

> Cubatão (Usiminas)

> Villares Metals 

RJ

> Barra Mansa (Votorantim)

> Resende (Votorantim)

> Cosigua (Gerdau)

> Volta Redonda (CSN)

> Ternium

MG

> Aperam South American

> Ouro Branco (Gerdau)

> Monlevade (ArcelorMittal)

> Juiz de Fora (ArcelorMittal)

> Barão de Cocais (Gerdau)

> Divinópolis (Gerdau)

> Ipatinga (Usiminas)

> Barreiro (Vallourec)

> Jeceaba (Vallourec)

BA

> Usiba (Gerdau)

PE

> Açonorte (Gerdau)

CE

> Cearense (Gerdau)

> Cia. Siderúrgica do Pecém

PA

> Sinobras

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