Excesso de oferta dificulta repasse do preço do diesel, diz caminhoneiro

Gustavo Fioratti
São Paulo

O caminhoneiro baiano Joatam dos Santos, 38, foi prejudicado pela alta do combustível no último ano. Autônomo e dono de um caminhão de três eixos, ele tem ao menos dois clientes fiéis: transporta mamão do sul da Bahia até São Paulo e volta para seu estado de origem com ração para gatos e cachorros.

Para demonstrar a perda que teve entre maio de 2017 e o auge da crise dos caminhoneiros, em maio, ele detalhou suas contas para a Folha.

Santos cobra R$ 3.000 por frete e faz seis fretes por mês. O valor não subiu no último ano por causa da oferta de mão de obra na região onde trabalha. "Se eu subo o valor, outro pega o serviço", diz.

A perda foi causada principalmente pela alta do diesel. Com o reajuste diário, ele saía da Bahia achando que ganharia um valor e chegava a São Paulo com outro no bolso.

 

Em cada frete, o caminhoneiro roda 1.600 km em cerca de quatro dias. São 500 litros por viagem. Santos diz que, há um ano, conseguia pagar R$ 2,90 no litro. No quinto dia de paralisação, um posto na via Dutra, ao lado dele, marcava o diesel a R$ 3,90. Hoje, esse valor recuou para R$ 3.

O faturamento de Joatam permaneceu igual, mesmo com a variação diária do diesel: R$ 18 mil. A renda mensal do caminhoneiro no início de 2017 era de cerca de R$ 5.300, e esse valor despencou para R$ 2.300 no auge da crise. Hoje, com a redução do preço do diesel após ação do governo, sua renda voltou a R$ 5.000.

Dos R$ 3 mil por frete, ele subtraía R$ 1.450 de combustível. O valor passou a R$ 1.950 no período da paralisação.

O motorista ainda é responsável por pagar pedágio (R$ 380, por um trecho, ou R$ 2.280, pelos seis) e dele são cobrados até os banhos (R$ 5 cada, ou R$ 20 por viagem, ou R$ 120 mensais). Santos não incluiu refeições na conta.

As despesas não acabam por aí. O caminhoneiro ainda paga mensalmente R$ 700 de seguro e R$ 700 nas trocas mensais de óleo. Entre as taxas, anualmente, diz que paga R$ 400 de inspeção veicular, R$ 1.350 de IPVA. São esses custos, entre outros, que explicam a diferença entre o faturamento e a renda mensal do caminhoneiro.

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