Produção de veículos no Brasil sobe 20,7% em junho

Na comparação com igual mês do ano passado, o resultado é um crescimento de 21,1%

Joana Cunha
São Paulo

Depois do soluço que a paralisação dos caminhoneiros provocou na indústria automotiva no mês de maio, o setor reagiu em junho, mas ainda lamenta os impactos. 

A produção de veículos leves, caminhões e ônibus foi de 256,3 mil unidades em junho, conforme os resultados divulgados nesta sexta-feira (6) pela Anfavea, a associação dos fabricantes.

O número representa um crescimento de 20,7% em relação ao fracasso de maio, quando todas as montadoras foram levadas a suspender temporariamente as suas atividades diante da paralisação nas estradas do país.

Na comparação com junho do ano passado, o resultado é um crescimento de 21,1%, retomando a sequência de altas que fora interrompida em maio.

Os outros números do relatório da Anfavea mostram alguma estabilidade nos emplacamentos no mês, com 202 mil unidades emplacadas em junho ante 201,9 mil em maio.

"Nós esperávamos um pouco mais neste mês , mas nós tivemos o problema da greve de caminhoneiros em maio. Isso atrapalhou um pouco os emplacamentos do mês passado e um pouco passou para este mês", disse Antonio Megale, presidente da Anfavea. 

Segundo ele, os carros demoraram mais para serem produzidos e para chegarem os seus destinos. A Copa do Mundo também influencia negativamente, além do impacto na confiança, de acordo com Megale. 

Especificamente no segmento de caminhões, o licenciamento também ficou estável com o crescimento de apenas 1,4% em relação a maio. 

O destaque, segundo Megale, foi o crescimento do licenciamento de caminhões de 35% em relação ao mesmo mês do ano passado.

"O  crescimento continua forte, no setor de caminhões estamos, no acumulado do ano, girando em torno de 50%,  o que mostra o início de uma recuperação. Ainda muito longe dos números que a gente viu nos anos de 2010 até 2014", afirmar Megale. 

Paralisação dos caminhoneiros, Copa do Mundo e uma redução nas encomendas de Argentina e México, principais mercados do setor automotivo brasileiro, levou os fabricantes a revisarem suas previsões de crescimento para este ano. 

No primeiro semestre, a indústria produziu 1,43 milhão de veículos leves, caminhões e ônibus, de acordo com os dados divulgados pela Anfavea.

Trata-se de aumento de 13,6% até o momento, mas que deve arrefecer no segundo semestre, de acordo com Antonio Megale, presidente da entidade. 

Conforme os novos cálculos, a produção deve crescer 11,9% em 2018, chegando a 3,021 milhões de unidades no final do ano, abaixo da alta de 13,2% estimada em janeiro.

"Começamos a ver alguns problemas em exportação, principalmente em relação aos nossos dois principais mercados, Argentina e México, que começam a refazer os seus pedidos", diz Megale. 

O Brasil exportou 64,9 mil veículos leves, caminhões e ônibus em junho, o que representa um crescimento de 6,8% na comparação com maio, mas uma redução de 4,4% ante junho de 2017. 

Em relação ao México, o presidente da Anfavea disse esperar que, após a eleição presidencial realizada no último domingo (1º), a instabilidade diminua. A Argentina preocupa mais porque ainda sofre os efeitos do câmbio. 

"É um início de revisão dos pedidos de importação pelo lado da Argentina, consequentemente das nossas exportações. Isso a gente está olhando com um pouco de cuidado. Vínhamos em um ritmo mais forte. Agora estamos com crescimento de 0,5% no acumulado de janeiro a junho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado", diz.

O presidente da Anfavea exaltou o lançamento feito pelo governo nesta quinta-feira (5) do programa de estímulo ao setor, o Rota 2030

"É um marco na indústria. Nenhum setor está tendo uma visão de longo prazo e uma política mais estruturada. O nosso setor está de parabéns por estar conseguindo estabelecer uma coisa que para nós é muito importante, que é a previsibilidade, que se traduz em aumento de investimento ", disse.

Ele avaliou o programa como "regras claras e bem definidas de médio e longo prazo", que irão "facilitar muito as decisões de investimento no país ". 

Megale estima que outros setores seguirão o mesmo caminho. 

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