A proposta de um leilão para contratar usinas térmicas a gás natural no Nordeste foi discutida, nesta quarta-feira (1º), pela Comissão Especial de Leilões do Ministério de Minas e Energia, mas não houve uma conclusão.
A ideia inicial do governo era realizar um leilão de reserva —modelo que geraria um impacto de R$ 2 bilhões na conta de luz de todos os consumidores (famílias e empresas), por 20 anos, segundo a Abrace, associação que representa grandes consumidores de energia.
O governo teria desistido da modelagem após reportagem da Folha, que mostrou que havia uma queda de braço dentro dentro do setor justamente por causa do impacto na conta de luz.
A contratação das térmicas a gás é defendida pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), órgão público responsável pelos estudos que embasam a construção de usinas, que diz ser necessário substituir as térmicas a óleo cujas concessões vencem até 2024.
O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, afirmou, na última semana, que a pasta estava em busca de uma modelagem diferente, que não onerasse o consumidor.
O ministério disse, em nota, que serão feitos estudos técnicos para "avaliar a pertinência e definir a modelagem adequada para contratação".
O prazo para a realização do leilão ainda neste ano é curto: segundo o setor de geração térmica, os trâmites teriam de ser concluídos até meados de agosto.
O leilão é um pleito de políticos do Nordeste e de empresas de óleo e gás.
A contratação é também defendida por analistas que dizem que há risco de desabastecimento, por causa da prolongada seca no Nordeste, e que as usinas a gás seriam uma alternativa mais barata e menos poluente do que as usinas a óleo.
Há, porém, críticos do projeto, que afirmam que não há necessidade de novas usinas —em razão da retração econômica, o consumo caiu e haveria sobra de energia.
Critica-se, sobretudo, a proposta do leilão de reserva, que seria mais um custo para o consumidor em meio à crise.
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