Acordo adicional da Argentina com FMI está 'perto de acontecer', diz Macri

Moeda argentina perdeu metade de seu valor em relação ao dólar neste ano

Buenos Aires | Reuters

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, disse nesta segunda-feira que o país está próximo de um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para aumentar a linha de crédito de US$ 50 bilhões (R$ 204,5 bilhões), ao mesmo tempo em que uma fonte do governo disse que uma linha adicional de US$ 3 a 5 bilhões poderia ser anunciada nesta semana.

Macri disse, numa entrevista com a Bloomberg TV em Nova York, que a Argentina poderia receber mais apoio do FMI, mas evitou dar detalhes adicionais porque as conversas ainda estavam em andamento.

A fonte do governo, que pediu para não ser identificada porque as negociações estão em curso, disse em uma notícia publicada pelo jornal local La Nación que um adicional de US$ 3 a 5 bilhões em financiamentos estava "perto de acontecer".

Além do acordo de standby de US$ 50 bilhões fechado em junho, os recursos extras cobririam a maior parte da necessidade de financiamento da Argentina em 2019, à exceção de US$ 2,5 bilhões que precisariam ser levantados nos mercados domésticos no ano que vem, de acordo com um comunicado do Ministério da Economia.

O comunicado também disse que a Argentina vai rolar 100 por cento de seus títulos do Tesouro de curto prazo para o ano que vem.

DESVALORIZAÇÃO

Um período de seca prejudicou as exportações de grãos da Argentina e uma corrida contra o peso aumentou os temores de que o país poderia ser incapaz de pagar suas dívidas internacionais em 2019.

O peso caiu cerca de 0,13% para fechar a 37,33 para o dólar, disseram operadores. O banco central disse ter vendido US$ 112 milhões de um total de US$ 250 milhões ofertados, a uma média de 37,3172 por dólar.

O peso perdeu cerca de 50% de seu valor contra o dólar neste ano. Alimentada pela desvalorização, a inflação deve encerrar o ano em cerca de 40%, aumentando a pobreza na terceira maior economia da América Latina.

"A parte mais importante do nosso acordo é que temos uma política monetária clara que vai nos mostrar onde estamos indo", disse Macri.

Ele acrescentou que há "chance zero" de a Argentina deixar de pagar sua dívida no ano que vem.

Macri, que disse estar "pronto para concorrer" a um segundo mandato nas eleições do próximo ano, previu que a Argentina enfrentaria mais cinco meses de recessão antes de ver uma recuperação puxada pelas exportações. Dadas as condições climáticas favoráveis, Macri disse que as exportações no próximo ano iriam "disparar para novos níveis de produção".

Milhares de pessoas tomaram as ruas de Buenos Aires nesta segunda-feira para protestar contra políticas de Macri, um dia antes de uma greve nacional convocada por sindicatos, que ameaça interromper todo o transporte público na cidade.

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