União Boeing-Embraer é saudável, diz presidente da Airbus na América Latina

Associação entre concorrentes estimula competição produtiva, afirma líder da fabricante na América Latina

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São Paulo

Para o novo presidente da Airbus na América Latina e Caribe, a aproximação entre duas grandes rivais —Boeing e Embraer— não assusta. “Acreditamos que uma competição forte e saudável é bom para nós”, disse à Folha Arturo Barreira, que assumiu em julho o braço regional da fabricante europeia de aviões.

O espanhol passou 21 de seus 47 anos na Airbus, onde já foi diretor de marketing para o Oriente Médio e vice-presidente de vendas para América Latina, posição que ocupou de 2012 até julho.

Homem vestido de terno posa para foto com quadros ao fundo
O novo presidente da Airbus para América Latina e Caribe, Arturo Barreira - Divulgação

Nesse período, ajudou a destronar a Boeing e consolidar a liderança da Airbus nas encomendas de aviões com mais de cem assentos na região, mercado em que a europeia responde por 70% dos pedidos.
Boeing e Embraer negociam desde dezembro uma parceria que pode resultar em uma nova empresa. O movimento é uma reação à compra pela Airbus da divisão de aviões comerciais da Bombardier, principal rival da Embraer.

 

Qual seu maior desafio à frente da Airbus na região?

Penso mais em oportunidades do que desafios. Temos uma boa presença, quase 700 aviões voando pela região, e uma carteira de pedidos de aviões a serem entregues de quase 600. Nos últimos dez anos, asseguramos quase 70% dos pedidos que foram feitos na região de aviões com mais de cem assentos. É um mercado no qual estamos bem confiantes, acreditamos que no longo prazo ele vai crescer acima da média mundial. 

Qual o espaço para crescimento na América Latina? 

Há alguns anos você poderia ver uma diminuição, mas o mercado se recuperou e retomou a trajetória de crescimento. No longo prazo estamos confiantes, veremos o lucro dobrando no período entre 15 a 20 anos.

Das quatro maiores companhias aéreas brasileiras, três têm Airbus na frota. Quais são os planos para os próximos anos no Brasil? 

Prefiro que as companhias falem pelos planos delas. O que eu posso dizer é que estamos muito contentes com esses clientes. 

Como o sr. vê a possível compra da Embraer pela Boeing? 

A Embraer e a Boeing seguiram a Airbus no que se refere a parcerias de mercado. Há alguns competidores da nossa família A220, mas, honestamente, acreditamos que uma competição forte e saudável é muito bom para nós e também bom para os clientes e passageiros.

Por que a Airbus preferiu à Bombardier em vez da Embraer? 

Temos linhas de produtos complementares. A organização da Airbus vai estar por trás do A220 [antigo CS Series da Bombardier] e isso permite que você não apenas desenvolva o modelo para atingir potencial de mercado, mas também será uma adição perfeita à nossa família.
 
Há uma preocupação de que os A220 canibalizem encomendas de A318 e A319?

Não, são complementares. Os A220-100 e A220-300, anteriormente chamados CS100 e CS300, são perfeitos para rotas menores sem comprometer custo e conforto. Eles têm um alcance menor que o A319neo, então podem ser complementares. Não vemos canibalização nas famílias A220 e A320.

O mercado de aviação regional vem crescendo no Brasil. A Airbus prepara uma oferta especial do A220 para esse mercado?

Tivemos um sucesso tremendo desde que começamos a cuidar do A220. Em menos de um mês temos mais de 120 pedidos. É um produto muito mais competitivo que seus concorrentes Na comparação com aviões de gerações anteriores, o consumo de combustível é 20% menor. É um avião fantástico.

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