Bradesco acerta compra de participação em empresa de recuperação de créditos

Banco anuncia aquisição de 65% da RCB Investimentos; transação é avaliada em R$ 224 mi

Anaïs Fernandes
São Paulo

O Bradesco anunciou nesta terça-feira (2) a aquisição de 65% da RCB Investimentos, empresa especializada na recuperação de créditos vencidos e inadimplentes com uma carteira de R$ 20 bilhões sob gestão.

O valor da operação não foi divulgado, mas, segundo fontes do mercado, é de R$ 224 milhões. A operação ainda está sujeita à aprovação das autoridades.

Com a aquisição do controle da empresa, da PRA Group Brazil Investimentos, o Bradesco entra no mercado de compra de carteiras ativas de empréstimos.

O Bradesco anunciou ainda a constituição de dois FIDICs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios) para aquisição de carteiras de créditos não-performados (inadimplentes).

Os FIDCs serão detidos majoritariamente pela PRA Group e pelos fundadores, com participação minoritária do Bradesco, de 40%.

Com a medida, o Bradesco diz esperar agregar eficiência a seu processo de recuperação de créditos dentro do banco, bem como participar ativamente do setor. 

"A motivação da aquisição é a busca por sinergias na operação de venda de carteiras e a alavancagem na eficiência de cobrança da organização", disse Eurico Ramos Fabri, vice-presidente de crédito do Bradesco.

Segundo o executivo, nos últimos quatros anos, a performance de recuperação de crédito do banco melhorou 44,8%. Com a parceria, a expectativa é que avance de 20% a 25% nos próximos dois anos.

A RCB vai funcionar como um prestador de serviço responsável pela venda de carteira de crédito do banco em write-off —operações que o banco já retirou de seu balanço por considerar prejuízo. Pelo acordo, no entanto, não há cláusula de exclusividade da RCB para comprar carteiras do Bradesco.

Além disso, a RCB poderá atuar na cobrança da carteira de crédito ativa do Bradesco, ou seja, de operações com atrasos menores (antes do write-off).

Segundo Fabri, a ideia é que a RCB e o departamento de recuperação de crédito do banco compitam na cobrança na carteira ativa "numa troca saudável de melhores práticas", disse. "Conforme for melhor para um lado ou outro, ele pode ir drenando parte da carteira."

"Estamos subdividindo a transação em dois negócios. Um é a participação ativa no mercado de compra de carteiras em write-off assim como outras empresas já fazem. Outro é a possibilidade de a RCB atuar na carteira ativa, antes da perda", explicou o executivo. 

As pessoas físicas fundadoras da RCB permanecerão como sócias e se manterão à frente da administração da empresa, juntamente com o Bradesco.

Pelo acordo, o Bradesco terá maioria no conselho, podendo indicar dois dos três diretores da empresa. Um deles, segundo o banco, será um dos próprios sócios da RCB. O outro nome virá de dentro do Bradesco, mas ainda não foi definido.

O Bradesco era o único grande banco que não tinha o seu próprio braço especializado em recuperação de crédito vencido.

"Um negócio simplesmente para a aquisição de carteira no mercado não fazia sentido pra gente. O que vimos de possibilidade nessa parceira é a porção que podemos atuar na nossa carteira ativa, a oportunidade de abrir um segundo negócio que competisse com a nossa operação. Foram os dois negócios juntos que passaram a fazer sentido", diz Fabri.

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