Presidente do BC americano vê guerra comercial como risco à economia

Segundo Powell, graças às medidas adotadas pelo Fed, a economia parece muito bem

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Nova York

Os efeitos das disputas comerciais são um dos riscos à economia americana, por ameaçar a dinâmica entre emprego e inflação conhecida como curva de Phillips, afirmou nesta terça-feira (2) o presidente do banco dos Estados Unidos, Jerome Powell.

A curva de Phillips relaciona desemprego baixo a aumento de pressões inflacionárias. As declarações de Powell foram dadas durante encontro anual de uma associação de economistas em Boston, Massachusetts.

Ele identificou três riscos associados à dinâmica entre emprego e inflação. “Para citar alguns, devemos considerar o fortalecimento de economias no exterior, os efeitos das disputas comerciais em andamento, e questões de estabilidade financeira”, disse.

Powell, porém, não detalhou o impacto que cada um desses fatores teria sobre a economia americana.

No discurso, ele citou os esforços do Federal Reserve (Fed, banco central americano) para promover o máximo emprego com estabilidade de preços. O desemprego nos EUA está em 3,9%, e a inflação se mantém próxima da meta de 2% ao ano estabelecida pela autoridade monetária.

Segundo Powell, graças às medidas adotadas pelo Fed, que incluem três altas de juros somente em 2018, “a economia parece muito bem.”

“Nossa política em andamento de normalização gradual de taxas de juros reflete nossos esforços para equilibrar os riscos inevitáveis que decorrem de tempos extraordinários, assim como estender a atual expansão, enquanto mantendo o máximo emprego e inflação baixa e estável”, disse.

A última elevação na taxa americana ocorreu na última quarta-feira (26), colocando os juros na faixa entre 2% e 2,25% ao ano. A decisão de política monetária foi criticada no mesmo dia pelo presidente americano, Donald Trump, que disse que “o dinheiro poderia ser usado para outras coisas”.

No encontro, Powell se propôs a discutir se a curva de Phillips tinha “morrido”, no sentido de não relacionar propriamente desemprego baixo e pressão inflacionária.

“O que é mais provável, na minha visão, é que muitos fatores, incluindo melhor condução da política monetária nas últimas décadas, diminuíram, mas não eliminaram, enormemente os esforços que o mercado de trabalho forte tem sobre a inflação”, defendeu Powell aos presentes.

No discurso, ele ressaltou as condições econômicas encontradas atualmente nos EUA, “um panorama marcadamente positivo”. “Desde 1950, a economia americana experimentou período de inflação baixa e estável e períodos de desemprego muito baixo, mas nunca ambos por um tempo tão extenso como visto nessas projeções”, afirma.

A explicação para isso é que, se o desemprego permanecesse baixo por tanto tempo, os empregadores estariam oferecendo salários maiores enquanto competem por trabalhadores escassos. 

O aumento dos custos trabalhistas levaria a uma aceleração dos preços cobrados dos consumidores.

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