Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Paulo Guedes confirma Roberto Castello Branco como futuro presidente da Petrobras

O economista da FGV substituirá Ivan Monteiro; em artigo, já defendeu privatização da estatal

São Paulo , Brasília e Rio de Janeiro

Consultor para a área energética da equipe de transição do governo Jair Bolsonaro, o economista Roberto Castello Branco será o novo presidente da Petrobras, confirmou nesta segunda (19) a assessoria do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. 

Defensor da privatização de estatais, o futuro presidente da Petrobras fez parte do conselho de administração da empresa em 2015. Ele deixou o colegiado antes do fim de seu mandato por divergências com a gestão Aldemir Bendine - que em 2017 foi preso pela Operação Lava Jato.

Roberto Castello Branco durante seminário organizado pela Folha sobre o futuro da Amazônia - Reinaldo Canato - 27.nov.2017/Folhapress

O presidente atual, Ivan Monteiro, deixará a Petrobras no dia 1º de janeiro, disse a companhia em nota divulgada nesta segunda. Monteiro foi nomeado em julho, após renúncia de Pedro Parente, e seu mandato terminaria em março de 2019.

Roberto Castello Branco é professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde também ocupa o cargo de diretor do Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da Fundação Getúlio Vargas. Tem pós-doutorado pela Universidade de Chicago e ex-diretor do Banco Central e da Vale. 

Chegou ao conselho da Petrobras em 2015 por indicação do ex-presidente da mineradora, Murilo Ferreira, que havia sido nomeado por Dilma Rousseff para presidir o conselho da petroleira estatal. 

Deixou a empresa com críticas ao ritmo das mudanças na gestão da estatal, que vivia momento agudo da crise pós-Lava Jato. Considerava na época que as propostas de reestruturação interna e de venda de ativos eram tímidas. ​

Em artigo publicado na Folha em julho, após a criação do programa de subvenção ao diesel, em meio à críticas à concessão de subsídios ao preço dos combustíveis, defendeu a privatização da Petrobras.  

"É inaceitável manter centenas de bilhões de dólares alocados a empresas estatais em atividades que podem ser desempenhadas pela iniciativa privada, enquanto o Estado não tem dinheiro para cumprir obrigações básicas, como saúde, educação e segurança pública", escreveu.

No fim de outubro, a Folha informou que Castello Branco era o mais cotado para assumir a presidência da Petrobras.

A definição do nome chegou a gerar disputa entre autoridades do futuro governo. Enquanto Guedes defendia a indicação de Castello Branco, o vice-presidente eleito, General Hamilton Mourão, demonstrava preferência por um nome da área militar no comando da estatal.

Castello Branco é amigo de Paulo Guedes desde a década de 1980, quando Guedes presidiu o Ibmec, rede ensino que ele fundou.

 A estatal Petrobras disse que não recebeu comunicação oficial do governo de transição sobre a indicação de Castello Branco, segundo comunicado da companhia à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

A Petrobras afirmou que "irá aguardar a devida oficialização pelo seu acionista controlador para adotar os trâmites internos pertinentes".

Esses procedimentos, segundo a empresa, incluirão a submissão da indicação aos procedimentos de governança corporativa da Petrobras, "incluindo as respectivas análises de conformidade e integridade necessárias", com apreciação pelo Comitê de Indicação, Remuneração e Sucessão da estatal e "posteriormente, deliberação pelo Conselho de Administração".

Mais cedo, a Petrobras havia publicado comunicado em que informava apenas que seu atual presidente, Ivan Monteiro, deixará a companhia a partir de 1° de janeiro.

Débora Sögur Hous, Bernardo Caram e Nicola Pamplona
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